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Bolsa
Mercado Financeiro

Bolsa sobe em abril? O que esperam os analistas?

Tramitação do pacote fiscal deve monopolizar as atenções por aqui, e lá fora estão no radar juros americanos e desdobramentos da crise dos bancos

Data de publicação:04/04/2023 às 08:00 -
Atualizado um ano atrás
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O pacote fiscal vai estar novamente no centro das atenções do mercado financeiro em abril. Especialistas acreditam que o governo ficou devendo explicações sobre como vai colocar em prática o que está prometido no arcabouço. Incertezas sobre o seu encaminhamento e sua tramitação no Congresso também geram expectativas e prometem mais volatilidade para este mês.

No cenário externo, as preocupações se voltam para desdobramentos da crise no sistema bancário, depois da falência do Silicon Valley e do Signature Bank nos Estados Unidos, os problemas no Credit Suisse, e as notícias do Deutsche Bank que levantam suspeitas se ele será, ou não, a bola da vez. 

Mais do que isso, a questão está em saber se o ritmo de alta dos juros, para conter a inflação mundial, será amenizado até que essa poeira esteja assentada.

Como as incertezas geopolíticas podem impactar os ativos? Confira
Durou pouco a lua-de-mel do mercado com o plano fiscal - Foto: Reprodução

Lua-de-mel curta

Durou muito pouco a lua-de-mel da Bolsa com o plano fiscal que foi apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quinta-feira, 30. 

A reação foi positiva num primeiro momento, especialmente, por acabar com a total escuridão sobre o tema, o que levou o Ibovespa a subir 1,89%. Mas o mercado passou a fazer contas e considerar fora de propósito os dados e as projeções do pacote. As dúvidas e o cetismo dos investidores ocuparam o lugar do otimismo e vieram estampados na queda de 1,77% do dia seguinte e de mais 0,37% nesta segunda-feira, 3.

Evandro Caciano, head de câmbio da Trade Finance acredita que o mercado já ultrapassou o momento de só achar a proposta interessante, uma vez que o governo sinalizou que tem algum ponto de responsabilidade fiscal, austeridade, e que levará a sério o discurdo de pauta fiscal.

O que preocupa os analistas

“Há uma grande preocupação do governo para mostrar que o plano é factível, porque ele foi apresentado com base em dados extremamente otimistas”, afirma Caciano. E pelo cenário atual, dificilmente os números do pacote vão se confirmar. “Uma explicação técnica precisa acontecer”.

O mercado vai entrar abril digerindo melhor as novidades fiscais e com expectativas sobre o projeto de lei a ser apresentado sobre o tema, acredita Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos. 

É hora de “realmente fazer os cálculos pra saber se isso vai trazer previsibilidade para o endividamento público convergindo para baixo e, consquentemente, abrindo espaço para uma queda das expectativas de juros”, prevê o especialista da Valor. “Isso acontecendo tem espaço para o mercado começar a andar, uma queda dos juros futuros abre o caminho para a bolsa voltar a andar”.

Mercado dividido

As opiniões estão divididas sobre o plano fiscal: “Há quem diga que foi razoável e há quem diga em tom bem pessimista que foi muito fora das expectativas do mercado” relata Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos. 

“Não em relação às ações que serão tomadas ou como está desenhado o plano, mas principalmente em relação às projeções e às análises feitas pela equipe que desenvolveu o arcabouço, às expectativas irreais de melhoria de arrecadação, zeragem da nossa dívida e de responsabilidade fiscal", explica Cohen.

“Em abril, vamos ter o início da tramitação da proposta do arcabouço fiscal dentro da Câmara dos Deputados. Devemos estar preparados para uma eventual mudança nas configurações da proposta por parte do Legislativo” lembra Marcelo Citadin, especialista em investimentos e sócio da GT Capital. 

A manutenção do teto de gastos ou até um aumento moderado com amarras para conter eventual aumento de inflação “podem ser vistos com bons olhos por parte dos investidores e, com certeza, teremos um bom mês na Bolsa”, segundo Citadin.

Há que ser considerado outro fator que pode trazer algum estresse ao mercado, levantado por Caciano, as tramitações políticas: “A a gente está num momento em que o presidente da Câmara está em pé de guerra com o presidente do Senado, o que prejudica o andamento das pautas”.

Já Rodrigo Jelig, co-CEO e diretor de investimentos na Alphatree Capital, diz que é preciso saber como o governo pretende tocar o plano: “Porque o que eles fizeram foi só se comprometer com muitos gastos, e que vão bater a meta do superávit primário, falta explicar como eles vão fazer, provalmente vai ser via aumento de imposto”.

Por isso, Jelig espera pelas medidas que vão financiar todo o aumento de gastos que foi prometido. “É um cenário que vamos viver os mesmos anos dos governos anteriores do Lula, com expansão dos gastos públicos, crescimento de receitas via aumento de tributação, gerando um superávit primário e inflação mais alta, o que dificulta bastante a lucratividade das empresas”. Um cenário que também envolve juros altos, no entendimento do diretor da Alphatree.

Inflação x juros

Uma queda dos juros não depende apenas de regras fiscais consistentes, mas dos números da inflação

Por Isso, para Luives é preciso ter um olho no andamento do projeto e outro, nos dados da inflação que, se convergirem para baixo, segundo ele, há espaço para o BC começar a discutir queda dos juros em maio. Influenciam também as expectativas da inflação não apenas para este ano, mas também para 2024 para que não escapem das metas fixadas pela autoridade monetária.

Em relação à postura do BC, Cohen questiona: "Quando vai começar o ciclo de queda e redução de juros? Para ele, tudo ainda está muito incerto, não há consenso, alguns apostam que será a partir de agosto, outros só fim do ano.

Esse calendário se estica ainda mais para Jelig: “Está com cara de que os juros altos estão aí para ficar mesmo. O Banco Central tá falando que é difícil cair juros esse ano, um cenário bastante desafiador pra bolsa brasileira, que favorece muito mais a moeda, o real”. 

Vetores externos

No cenário externo, as atenções estarão centradas ainda nos desdobramentos da crise fianceira dos bancos americanos, mas também nos dados da economia e comportamento dos juros nos EUA.

“A gente teve o evento do SVB, do Signature, e do Credit Suisse, e isso demonstra que o sistema está passando por alguns problemas” afirma o especialista da Valor. Em sua opinião, o importante agora é ficar monitorando a resposta da autoridade monetária para balizar o sentimento do mercado. Em relação aos juros americanos, Luives acredita que haverá uma convergência para baixo na medida em que os dados de emprego apresentarem uma desaceleração.

“Os juros nos EUA subiram muito rápido, e isso gerou um efeito em cadeia como o SVB, por exemplo, que quebrou”, pontua o analista da Escola de Investimentos. “Com essas instituições quebrando e com a inflação lá diminuindo, há uma grande chance de os juros lá fora começarem a cair antes do esperado”. 

Sem novos episódios da crise financeria bancária nos Estados Unidos, o diretor da Aplphatree Capital aposta em uma recuperação da bolsa americana no curto prazo. “A economia americana continua forte, a gente voltar a discutir qual seria a taxa terminal dos EUA se haverá novos efeitos, se a economia volta a desacelerar”.

Caciano não espera por eventos extremos em abril como foram os de março, mas está contando com muita volatilidade pela frente. “Os mercados, tanto na Europa como nos Estados Unidos terão de provar que não há uma crise sistêmica no setor bancário, porque eles não estão acostumados a lidar com cenário de juros altos, que ainda subirá mais, por a inflação no mundo não foi superada”.

Sobre o autor
Regina Pitoscia
Editora do Portal Mais Retorno.

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