Ações do Deutsche Bank despencam e seguro contra inadimplência é o mais alto desde 2018
Maior banco da Alemanha perdeu US$ 3 bilhões em de valor de mercado em apenas uma semana
As ações do Deutsche Bank têm forte nesta sexta-feira, depois que o custo do seguro da dívida do banco contra o risco de inadimplência disparou para máximas de mais de quatro anos, informa a agência de notícias Reuters. A queda reflete as preocupações dos investidores sobre a estabilidade dos bancos europeus.
Bancos da vêm enfrentando dificuldades na última semana, com o resgate do Credit Suisse apoiado pelo Estado e a turbulência entre os bancos regionais dos EUA alimentando preocupações sobre a saúde do setor bancário global.
As ações da Deutsche, que perderam mais de um quinto de seu valor até agora neste mês, caíram 14,9% na sexta-feira, segundo a agência para o nível mais baixo em cinco meses. As ações caíram 13% a 8,13 euros (US$ 9,16).
O maior banco da Alemanha perdeu US$ 3 bilhões em seu valor de mercado no espaço de apenas uma semana.
Os swaps de inadimplência de crédito (CDS) do Deutsche Bank - uma forma de seguro para detentores de títulos - dispararam acima de 220 pontos-base, o maior desde o final de 2018, de 142 bps há apenas dois dias, se acordo com os dados da S&P Market Intelligence.
O Deutsche CDS teve seu maior ganho em um dia já registrado, com base nos dados da Refinitiv. Mas eles permanecem bem abaixo das máximas de quase 300 bps registradas durante a crise da dívida da zona do euro em 2011.
O CDS para os principais bancos europeus subiu em geral na sexta-feira, refletindo a relutância dos investidores em assumir qualquer risco em suas carteiras no fim de semana.
"O Deutsche Bank está no centro das atenções há algum tempo, de maneira semelhante ao Credit Suisse", disse Stuart Cole, macroeconomista-chefe da Equiti Capital à Reuters. "Ele passou por várias reestruturações e mudanças de liderança na tentativa de recuperá-lo em uma base sólida, mas até agora nenhum desses esforços parece ter realmente funcionado."
O Deutsche Bank se recusou a comentar quando contatado pela Reuters. O regulador do setor financeiro alemão, BaFin, também não quis comentar o assunto.
Venda de títulos
Alguns títulos do Deutsche Bank também foram vendidos. Seus títulos adicionais em dólar de nível 1 de 7,5% caíram quase 6 centavos, para 70,054 centavos de dólar, elevando o rendimento para 27%. Esse rendimento é quase o triplo do que era há apenas duas semanas, com base nos dados da Tradeweb.
Apesar da turbulência, especialistas do mercado destacam que os reguladores europeus e os bancos centrais reiteraram sua intenção de manter os mercados estáveis e que os próprios bancos estão mais fortemente capitalizados e regulamentados do que em 2007, pouco antes da crise financeira global.
"Não temos preocupações sobre a viabilidade ou marcas de ativos do Deutsche. Para ser claro - o Deutsche não é o próximo Credit Suisse", disse um relatório do Autonomous, um pesquisador independente, de acordo com a agência.
"A julgar pelos movimentos nos CDS, AT1s e no preço das ações do Deutsche, os investidores estão preocupados com a saúde do banco. Estamos relativamente relaxados em vista das posições robustas de capital e liquidez do Deutsche", afirmou.
Os AT1s emitidos pelos bancos estão sob pressão desde que o Credit Suisse foi forçado a amortizar US$ 17 bilhões de seus AT1s como parte de uma aquisição forçada pelo UBS (UBSG.S) no fim de semana.
“As consequências da eliminação dos títulos AT1 no resgate do CS levantaram questões sobre uma parte fundamental do financiamento bancário, o que torna os problemas que o DB tem enfrentado muito mais difíceis de superar”, disse Cole.
O índice STOXX 600 de bancos europeus - que não inclui ações do Credit Suisse ou UBS - teve uma de suas semanas de negociação mais voláteis em um ano. O índice caiu 5,1%, caminhando para uma queda mensal de quase 20%.
Separadamente, o Deutsche Bank disse que resgataria US$ 1,5 bilhão em um conjunto de notas de nível 2 com vencimento em 2028. O banco já havia emitido novas notas semelhantes em fevereiro, que foram projetadas para substituir as notas que o banco está resgatando agora.
