Bolsa sobe 0,83% com avanço nas negociações da PEC dos Precatórios, puxada por bancos e commodities
O dólar subiu 0,59%, a R$ 5,60, refletindo novos dados econômicos nos Estados Unidos
A Bolsa de Valores brasileira, a B3, fechou em alta de 0,83%, aos 104.514 pontos nesta quarta-feira, 24, puxada sobretudo pelas empresas ligadas às commodities e aos bancos. O mercado reagiu positivamente a sinalização de que a PEC dos Precatórios deve avançar no Senado, com o primeiro turno de votação previsto para a próxima semana.
Além disso, os investidores, aqui e lá fora, passaram o dia atentos à divulgação de novos dados econômicos nos Estados Unidos e, também, à ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Com a atenção voltada aos números do cenário externo e os impactos na política monetária, o dólar viveu um dia de alta frente ao real e avançou 0,59%, cotado a R$ 5,60.
Mais cedo, o líder do governo e relator da PEC dos Precatórios no Senado, Fernando Bezerra Coelho, protocolou o parecer da proposta com as sete alterações anunciadas no dia anterior, mantendo um limite para o pagamento de precatórios e a mudança na regra de cálculo do teto de gastos a partir do próximo ano.
Entre as alterações, Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, destaca que "uma delas torna o Auxílio Brasil um programa permanente e outra altera de julho para abril o prazo de apresentação dos precatórios a serem incluídos no orçamento do ano seguinte".
Bezerra espera ampla compreensão sobre a proposta que deve ser votada no próximo dia 30 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, após um acordo fechado pelos senadores para realizar um pedido de vista. O governo calcula ter 16 ou 17 votos favoráveis para aprovar a PEC na comissão, dos 14 necessários. No plenário, a aposta do Executivo é que haja de 51 a 53 votos a favor, mas há pressão para mudanças no texto.
Estado Unidos
Após operarem durante quase todo o dia praticamente de lado, as principais bolsas de Nova York reagiram e duas delas fecharam em alta, repercutindo a divulgação da ata da última reunião do Fed. Os índices S&P 500 e Nasdaq 100 subiram 0,25% e 0,37%, na sequência, enquanto o Dow Jones teve queda residual de 0,03%.
Vários dirigentes presentes na última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed) levantaram a possibilidade da entidade elevar sua taxa de juros mais cedo do que o previsto, caso a inflação continue acima dos níveis consistentes com os objetivos do banco central, revela a ata do encontro realizado em 2 e 3 de novembro.
Ao mesmo tempo, por causa da "contínua incerteza sobre desenvolvimentos em cadeias de abastecimento, logística de produção e o curso do vírus, vários participantes sublinharam que a atitude paciente em relação aos dados recebidos permaneceu apropriada para permitir uma avaliação cuidadosa da evolução do tema", diz o documento.
O texto ressalta, ainda, que os dirigentes não hesitariam em tomar medidas para enfrentar as pressões inflacionárias que apresentem riscos aos objetivos de estabilidade de preços e emprego no longo prazo.
Ao longo do pregão desta quarta-feira, 24, que antecede o feriado de Ação de Graças nos EUA, outros indicadores econômicos também mexeram com o mercado. Pelo lado positivo, o número de pedidos de auxílio-desemprego, divulgado pelo Departamento do Trabalho foi de 199 mil na semana encerrada em 20 de novembro, o menor patamar desde novembro de 1969.
Em contrapartida, o especialista em investimentos da Rico, Lucas Collazo, ressalta que o PCE, uma medida de inflação que é relevante para o Fed, avançou para 5,3% no terceiro trimestre, "o que coloca o medo da inflação novamente no painel".
Por fim, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA registrou crescimento de 2,1% no terceiro trimestre ante o anterior, em números anualizados e após ajustes, segundo o Departamento do Comércio. Trata-se da segunda leitura do dado, que ficou um pouco acima da alta de 2,0% antes calculada, mas abaixo da previsão de avanço de 2,2% dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal.
"Na semana, as ações de tecnologia se destacam de forma negativa, enquanto o setor financeiro e de energia são impulsionadas pela pressão para cima na curva futura de juros por lá. Pressão essa que começou com a nomeação de Jerome Powell, pelo presidente Joe Biden, para mais um mandato à frente do Fed. A leitura é que, passada a escolha da presidência, o Fed volte a focar no ritmo de alta da taxa de juros, o que prejudica empresas endividadas e em fase de crescimento acelerado", comenta Collazo.
Sobe e desce na Bolsa
A alta da Bolsa no pregão desta quarta foi influenciada principalmente por commodities e os bancos. Enquanto a Vale e a Petrobras, juntas, correspondem a cerca 23% da composição do Ibovespa, o setor bancário, principal porta de entrada para os estrangeiros na Bolsa pela liquidez de seus papéis, tem um peso de, mais ou menos, 17% na carteiro teórica da B3.
Ribeiro explica que o avanço das empresas ligadas ao minério de ferro está relacionado às expectativas de recuperação do setor imobiliário chinês, principal demandante da commodity.
"Em entrevista ao jornal estatal, o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, afirmou que uma boa parte das obras de infraestrutura serão antecipadas a fim de impulsionar a demanda doméstica, em linha com os relatos de retomada das obras das imobiliários chinesas e da produção de aço, que, até então, estava com restrições por conta dos efeitos climáticos", ressalta o especialista.
As ações da Vale subiram 2,23% no dia, enquanto CSN, Usiminas e Gerdau apontaram alta de 1,91%, 3,63% e 1,99%, respectivamente. Já os papéis da Petrobras avançaram 2,01%.
Os bancos, por sua vez, avançaram na esteira do desenrolar da PEC dos Precatórios, que clareia, pelo menos um pouco, o nebuloso cenário fiscal brasileiro. Bradesco, Itaú e Santander subiram 2,58%, 2,67% e 1,99%, nesta ordem. O Banco Pan e o Inter também fecharam no azul, com variação positiva de 5,28% e 4,02%, na sequência, estando entre as maiores altas do dia na Bolsa. / com Agência Estado