Bolsa sobe 0,58% com empresas ligadas às commodities, mas Ômicron permanece no radar
Alta foi generalizada nas bolsas de valores ao redor do mundo
Depois de um último pregão de queda forte e generalizada nas bolsas de valores ao redor do mundo, reflexo da descoberta de uma nova variante de coronavírus, a Ômicron, os mercados financeiros viveram um dia de recuperação nesta segunda-feira, 29. No Brasil, a Bolsa subiu 0,58%, aos 102.814 pontos, puxado pela valorização das ações ligadas às commodities, sobretudo Vale e Petrobras, que juntas correspondem a cerca de 23% da composição do Ibovespa.
Embora a nova cepa seja potencialmente mais transmissível que a Delta, hoje o conselheiro do governo sul-africano, Barry Schoub, afirmou que os casos de covid-19 causados pela Ômicron, até aqui, tem apresentado de sintomas leves a moderados. Simultaneamente, algumas fabricantes da vacina contra a doença já se pronunciaram dizendo que estudam o desenvolvimento de um imunizante resistente a essa variante.
Ainda na sexta-feira, 26, a Pfizer anunciou que uma nova vacina deve estar disponível em cerca de 100 dias. Já a Moderna, em discurso feito por Paul Burton, presidente da companhia, afirmou que um imunizante reformulado para combater a Ômicron pode estar pronto no começo de 2022.
De acordo com Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico, os próximos dias e semanas serão essenciais para entender o tamanho do impacto dessa nova cepa na situação sanitária mundial e nas economias.
"No Brasil, voltamos nossas atenções para os impactos na situação fiscal, que já era uma preocupação sem a garantia da aprovação da PEC dos Precatórios e com a possibilidade de novos descumprimentos do teto de gastos - e torna-se ainda mais central diante de preocupações de um recrudescimento da pandemia, e potencial necessidade de maiores gastos", destaca a analista.
Mesmo com as preocupações ainda no radar, as bolsas de Nova York fecharam em alta neste pregão. Os índices S&P 500, Dow Jones e Nasdaq 100 reportaram valorizações expressivas, com avanços de 1,32%, 0,68% e 2,33%, respectivamente.
"Ajudou a melhorar os ânimos a fala de Anthony Fauci, conselheiro médico chefe do governo Biden, de que “não pensa em novas restrições de jeito nenhum” e que a vacina continua sendo a principal forma de atenuar o impacto da Covid-19. O próprio presidente também afirmou não ver necessidade de lockdowns no momento", comenta Paula.
O dólar viveu um dia de volatilidade nesta segunda-feira, oscilando entre altas e baixas durante a tarde, mas fechou com leve baixa de 0,16%, cotado a R$ 5,60. A taxa de juros também oscilou, acompanhando o movimento da moeda americana e as incertezas quanto aos rumos da economia global, e fechou o pregão sem direção única.
Cenário interno
O dia também foi de atenção a divulgação de novos dados econômicos no País. Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), considerado a inflação do aluguel.
Em novembro, o indicador subiu 0,02%, uma alta de 0,64% em relação ao mês anterior. O resultado ficou abaixo da mediana das expectativas dos analistas, que indicava alta de 0,30%. Com isso, o índice acumula alta de 16,77% no ano e de 17,89% em 12 meses. Se comparado ao mesmo mês de 2020, o índice havia subido 3,28% e acumulava alta de 24,52% em 12 meses.
Também durante a manhã, o Banco Central (BC) divulgou mais uma edição do Boletim Focus, que reúne as projeções dos economistas do mercado financeiro sobre os indicadores econômicos brasileiro. Nesta edição, as expectativas para a inflação subiram pela 34° vez consecutiva, passando de 10,12% para 10,15% em 2021 e de 4,96% para 5,00% em 2022.
Já em relação ao PIB, o tom pessimista impera no mercado. De 4,80%, as expectativas para o crescimento do País caíram para 4,78% em 2021, e de 0,70%, foi ajustado 0,58% para o ano seguinte. A Selic, taxa básica de juros se manteve estável, em 9,25% para 2021 e em 11,25% para 2022.
No cenário fiscal doméstico, as atenções permanecem com a PEC dos Precatórios, proposta que adia o pagamento de dívidas judiciais do governo federal e muda a regra do teto de gastos, a fim de abrir espaço no Orçamento do próximo ano para financiar o pagamento do Auxílio Brasil, além de levantar recursos também para financiar projetos de políticos em ano eleitoral.
A PEC já foi aprovada na Câmara dos Deputados e, para entrar em vigor, precisa ser aprovada em dois turnos de votação pelo Senado. As expectativas são de que a primeira votação aconteça ainda nesta semana.
O dia na Bolsa
Com a recuperação no preço das commodities no mercado internacional, após uma forte queda registrada na última sexta com os receios trazidos pela Ômicron, o pregão foi de alta para as principais empresas brasileiras do setor. A Petrobras registrou uma alta expressiva de 3,51% em suas ações, enquanto a Vale avançou 1,25%.
As siderúrgicas também fecharam no azul e os papéis da CSN e Gerdau subiram 1,17% e 0,98%, na sequência. Já as ações da Usiminas saltaram 6,12%, estando entre as maiores altas da Bolsa nesta segunda-feira.
Em contrapartida, diversas ações que registraram queda na sexta-feira passada mantiveram o movimento de baixa, repercutindo o cenário de mais aversão ao risco e incertezas econômicas. Empresas que dependem do consumo doméstico, como varejistas, construtoras e companhias de turismo foram as que tiveram o pior desempenho neste pregão da Bolsa.
Os papéis da Cyrela, do ramo de construção civil, e da CVC, do turismo, caíram 3,70% e 2,68%, respectivamente. Já a varejista Magazine Luiza e a rede de shoppings Multiplan recuaram 0,25% e 0,15%, nesta ordem.