Bolsa recua mais de 2% e dólar sobe a R$ 5,74 com avanço da ômicron pelo mundo
Mercados internacionais também fecharam em queda
Em mais um dia marcado pela preocupação global com o avanço da ômicron, a nova variante do coronavírus, pelo mundo, a Bolsa de Valores fechou em queda expressiva de 2,03%, aos 105.020 pontos, nesta segunda-feira, 20, acompanhando o desempenho dos mercados internacionais. Pesquisas indicam que a cepa é mais contagiosa e infecta, também, os já vacinados e curados de covid-19, o que tem levado diversos países a adotarem novas medidas restritivas.
Também acompanhando a aversão ao risco dos investidores, o dólar avançou 0,82%, cotado a R$ 5,74, o maior patamar desde 30 de março, pior momento da pandemia no Brasil. Por ser considerado uma moeda segura, o dólar é uma das principais opções dos investidores que buscam proteger seu patrimônio em momentos de incerteza no mercado e na economia.
"A aversão ao risco por conta da variante ômicron começou a ser precificada nos mercados, que também começam a enfrentar um período de menor liquidez por conta dessa época de fim de ano".
Ariane Benedito, economista da CM Capital
O analista da Clear Corretora, Rafael Ribeiro, explica que a perda do patamar dos 106 mil pontos pelo Ibovespa neste pregão eleva a probabilidade de retorno do índice para as mínimas do ano, aos 100 mil pontos, "em linha com sua tendência de curtíssimo prazo e em vista da perda do suporte intermediário".
Evolução da ômicron: o terror dos mercados
Embora as pesquisas apresentadas até aqui demonstrem que a nova variante do coronavírus tem um potencial menor de provocar casos graves e morte, a cepa já foi encontrada em mais de 90 países e tem um nível de transmissão muito alto. A confirmação de que a ômicron pode infectar, também, pessoas já vacinadas e curadas de covid-19 ajudou a elevar a aversão ao risco no Brasil e no mundo.
Além das incertezas quanto aos danos que a nova cepa pode trazer à saúde dos infectados, também há cautela em relação aos impactos econômicos que novas medidas restritivas de circulação possam trazer à atividade global. Na Europa, a Holanda já decretou lockdown até a segunda semana de janeiro, Alemanha, Dinamarca e França adotaram medidas restritivas para viajantes e o Reino Unido sinalizou que também pode adotar medidas semelhantes.
Em entrevista, o economista-chefe do UBS Wealth Management, Paul Donovan, pontuou que "o vírus em si tem um impacto econômico relativamente limitado. É o medo do vírus que tem impacto econômico".
Fechamento das bolsas na Europa e nos EUA
Europa
- Stoxx 600 (Europa): -1,38%
- FTSE 100 (Londres): -0,99%
- DAX (Frankfurt): -1,88%
- CAC 40 (Paris): -0,82%
- PSI 20 (Lisboa): -1,00%
- Ibex 35 (Madrid): -0,83%
Estados Unidos
- S&P 500: -1,14%
- Dow Jones: -1,23%
- Nasdaq 100: -1,10%
Cenário doméstico: Orçamento de 2022
Internamente, temores fiscais reforçam a cautela, após relatos sobre debates, no centrão - grupo de sustentação do presidente Jair Bolsonaro - de aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600. Para completar, o relatório do Orçamento de 2022 abocanhou R$ 16,5 bilhões em emendas do 'orçamento secreto' para o próximo ano, período de eleições presidenciais.
O temor é que um "pacote de bondades" do presidente Jair Bolsonaro, em busca de recuperar popularidade, tenha efeitos além dos já estimados nas contas públicas.
A previsão é que o relatório da peça orçamentária do próximo ano seja votado nesta terça-feira, 21, pela Comissão Mista de Orçamento (CMO).
O dia na Bolsa
A segunda-feira foi de queda praticamente generalizada para a Bolsa de Valores brasileira. No campo das commodities, onde estão as empresas com maiores pesos na composição do Ibovespa, o petróleo caiu com as expectativas de uma queda na demanda em decorrência das medidas restritivas causadas pela ômicron. Neste contexto, as ações da Petrobras e PetroRio recuaram 2,86% e 5,86%, respectivamente.
Já o minério de ferro fechou em alta neste pregão. No entanto, a valorização da commodity não foi suficiente para impulsionar as empresas do setor na B3. A Vale caiu 1,12%, enquanto as siderúrgicas CSN, Usiminas e Gerdau derreteram 6,91%, 5,60% e 5,93%, na sequência.
Maiores altas da Bolsa
Empresa | Código | Variação |
JBS | JBSS3 | 1,43% |
Eneva | ENEV3 | 1,29% |
Minerva | BEEF3 | 1,21% |
Braskem | BRKM5 | 0,47% |
Maiores baixas da Bolsa
Empresa | Código | Variação |
CVC | CVCB3 | -8,76% |
Locaweb | LWSA3 | -7,13% |
CSN | CSNA3 | -6,91% |
BR Malls | BRML3 | -6,66% |
Gerdau | GGBR4 | -5,93% |