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Mercado Financeiro

Bolsa inverte sinal e cai 0,89% com inflação e PEC dos Precatórios; dólar cai a R$ 5,59

Mais uma edição do Relatório Focus e novos capítulos da PEC dos Precatórios deram o tom do mercado nesta segunda

Data de publicação:22/11/2021 às 18:37 -
Atualizado 2 anos atrás
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Mesmo com a forte valorização das empresas ligadas às commodities, a Bolsa de Valores voltou a cair e fechou em baixa de 0,89%, aos 102.122 pontos, nesta segunda-feira, 22, renovando a mínima do ano. No radar dos investidores, permanece a PEC dos Precatórios e a deterioração do cenário macroeconômico brasileiro, com a piora nas projeções para inflação, o que leva a uma alta na taxa de juros e, consequentemente, redução no crescimento.

Mais cedo, o Banco Central (BC) divulgou mais uma edição do Relatório Focus, que reúne a mediana das expectativas de economistas do mercado financeiro para os indicadores econômicos, semanalmente. Esta foi a 33° vez consecutiva em que as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que reflete a inflação oficial do País, subiram.

Foto: arquivo bolsa
Projeções para a inflação não param de subir e prejudicam diversas ações da Bolsa

Ainda em 2021, os economistas entrevistados pelo Focus esperam um IPCA em torno de 10,12%, ante 8,96% há um mês. Enquanto isso, para 2022 as expectativas para a inflação são de 4,96% - cada vez mais distante do centro da meta estabelecido pelo BC para o ano, de 3,25%.

De acordo com análise do editor-chefe da Mais Retorno, Renato Jakitas, a inflação vai continuar subindo nas próximas semanas e também em 2022. “E isso acontecerá mesmo que o Brasil, como num passe de mágica, retire do caminho todas as suas cascas da banana, representadas por bombas orçamentárias e crises políticas que afetam o equilíbrio monetário e fiscal, minando a confiança dos investidores”, destacou

Como consequência da constante e persistente escalada dos preços, as expectativas para a Selic, taxa básica de juros, também seguem aumentando. Para 2022, os economistas esperam que a taxa esteja em 11,25% ao ano - de 11,00% na semana passada.

O mercado espera ainda que crescimento do País, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), deve desacelerar, já que o consumo é diretamente prejudicado pela inflação e juros altos. O Focus aponta que as projeções do PIB em 2021, em uma semana, caíram de 4,88% para 4,80%. Já para 2022, o indicador passou de 0,93% para 0,70%.

O dólar viveu igualmente um dia de queda nessa segunda-feira. A moeda americana caiu 0,46%, cotada a R$ 5,59.

PEC dos Precatórios

No cenário fiscal, a atenção permanece com a PEC dos Precatórios. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou nessa segunda-feira que o plenário da Casa deve votar o texto da proposta até semana que vem. "Devemos ter a apreciação nesta quarta-feira (24) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, uma vez apreciado, na sequência, no plenário", comentou o político.

Para especialistas do mercado, há mais resistência do Senado em aprovar a PEC do que houve na Câmara dos Deputados. A proposta do governo federal visa abrir espaço no Orçamento da União de 2022, por meio do adiamento do pagamento de dívidas judiciais do governo e da mudança na fórmula do teto de gastos, para pagar as parcelas de R$ 400 do Auxílio Brasil, novo programa social, e financiar projetos de políticos em ano eleitoral.

Na última semana, alguns senadores levantaram novos pontos para a PEC, como a extensão do Auxílio Brasil para além de 2022 e, inclusive, retirar o pagamento dos precatórios do teto de gastos de 2022.

Para tentar contornar a situação e agilizar o processo de votação, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, sugeriu que o texto seja "fatiado", colocando em plenário agora apenas o essencial para o governo arcar com o pagamento do Auxílio Brasil ainda em dezembro, pontos considerados mais fáceis de serem aprovados.

Durante seu discurso, Pacheco defendeu a discussão de retirar os precatórios do teto de gastos, mas somente em 2022, ajudando a azedar o humor dos investidores. Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, explica que "esse tipo de discurso que abre espaço para manobras fiscais nunca é bem visto pelo mercado".

Juros futuros e mercado externo

Na esteira da piora nas perspectivas macroeconômicas, o dia foi de alta para os contratos de juros futuros. O maior avanço ficou por conta dos contratos com vencimento em janeiro de 2023, que subiram 0,295%, a uma taxa de 12,36% ao ano.

Além do cenário doméstico, a chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá, ressalta que o exterior também contribuiu para o dia de valorização de juros por aqui.

O principal destaque do dia nos mercados internacionais foi a decisão de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, em relação à liderança do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Biden escolheu Jerome Powell para um segundo mandato à frente da autoridade monetária, com a economista Lael Brainard como vice-presidente do Fed.

"Os discursos que acompanharam o anúncio reforçaram a preocupação com relação a alta de preços recente e o impacto na vida dos trabalhadores. O tom contribuiu para a elevação das taxas de juros de títulos do Tesouro americano de longo prazo (as famosas T-notes), dado a expectativa de aumento de juros no horizonte de médio a longo prazo", comenta Rachel.

Neste contexto, "a expectativa de alta de juros nos EUA acaba por impactar especialmente ativos de países emergentes, como o Brasil. Menores estímulos e maiores juros no mundo reduzem a atratividade relativa de ativos em países mais arriscados, dada a redução do chamado diferencial de juros", explica a economista sobre a alta nos juros e fraco desempenho do mercado acionário no País neste pregão.

O avanço dos juros americanos não afetam apenas os mercado emergentes, mas também os ativos de renda variável dos EUA. Dessa forma, os índices S&P 500 e Nasdaq 100 apresentaram resultados negativos neste pregão, com baixa de 0,33% e 1,16%, respectivamente. O Dow Jones repostou alta residual de 0,05%.

O dia na Bolsa

Na esteira de avanço na curva de juros e das expectativas de deterioração do cenário econômico, algumas das maiores baixas do dia ficaram por conta das empresas varejistas, de construção civil e ligadas ao consumo doméstico. As ações do Magazine Luiza, Lojas Americanas, Cyrela, Méliuz e Locaweb caíram 4,53%, 6,79%, 4,70%, 7,56% e 9,44%, respectivamente.

Outro setor impactado foi o financeiro, que, em períodos conturbados para a economia, pode sofrer com altos níveis de inadimplência. Nesta segunda, Bradesco, Itaú e Santander recuaram 1,66%, 0,99% e 0,79%, na sequência. Já a queda nos papéis do Banco Inter foi ainda mais expressiva: as ações BIDI11 e BIDI4 despencaram 13,53% e 12,65% no pregão da Bolsa.

No sentido oposto, a Vale e as siderúrgicas fecharam o dia no azul, com a valorização do minério de ferro nos mercado internacionais. A mineradora registrou a maior alta do dia na Bolsa, saltando 6,62%. Enquanto isso, CSN, Usiminas e Gerdau avançaram 1,73%, 2,94% e 2,38%, nesta ordem.

Ainda no campo de commodities, a Petrobras fechou em alta de 1,38%. A petroleira anunciou o pagamento de proventos parrudos para os investidores - R$ 2,19 por ação ON e PN e de R$ 1,05 de Juros sobre Capital Próprio (JCP).

Sobre o autor
Bruna Miato
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