Bolsa fecha em queda de 0,58% com exterior e preocupação com inflação, e dólar sobe 0,38%
Preocupações com a inflação e juros interferem no segmento de ações
A Bolsa bem que tentou reagir nesta segunda-feira espremida entre o domingo e um feriado e marcada por baixo volume de negócios. Além disso, o mercado operou sem outra referência, o de taxas de juro nos EUA, também por conta do feriado relativo ao Dia de Colombo (referente ao descobridor da América Cristóvão Colombo).
O Ibovespa fechou com queda de 0,58%, aos 112.180,48. Já o dólar com alta de 0,38%, cotado a R$ 5,537.
Sobe e desce do mercado
Nos primeiros momentos de pregão, a Bolsa chegou a exibir uma alta superior a 1%, sustentada pela valorização das commodities no exterior: minério de ferro e petróleo. Movimento que fez ações da Vale e de Petrobras subirem forte pela manhã e por terem peso expressivo na composição do índice justificam a reação do mercado. No encerramento do pregão, as ações da Vale fecharam com avanço de 2,22%, e as de Petrobras, de 0,69%.
Mas esses papeis não conseguiram segurar a valorização do mercado que, em dia de pouca liquidez, fica mais suscetível a operações de entrada e saída de investidores durante o mesmo pregão (day-trade), aproveitando a alta para vender os papéis e realizar algum lucro.
A queda das bolsas americanas também ajudou a estragar o humor do mercado local. Lá fora, as preocupações crescem em relação ao avanço da inflação mundial, pressionada pela recuperação econômica em ritmo mais acelerado que a produção, e pela crise de energia. A Nasdaq fechou com queda de 0,64%, a Dow Jones, de 0,72%, e a S&P 500, de 0,69%.
Inflação preocupa Bolsa
Por aqui, o tema inflação também atinge a Bolsa. Segundo o especialista em Investimentos da Rico Corretora, Lucas Collazo, as projeções do IPCA, que mede a inflação oficial do País, foram revisadas para cima pela 27ª semana consecutiva.
No relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, os economistas do mercado elevaram a estimativa do índice de 8,51% para 8,59% em 2021. Para 2022, a previsão foi elevada em 0,06 ponto porcentual para 4,17%. “Na Rico, esperamos alta de 9% para esse ano, e 3,9% ao final do ano que vem”, afirma ele.
Já a projeção de crescimento econômico para esse ano manteve-se pela terceira vez consecutiva, com estimativa para o PIB real (descontado do IPCA) em 5,04% para 2021. Para 2022, a projeção apresentou queda de 1,57% para 1,54%. lembrando que há 1 mês essa projeção estava em 1,72%. “Nossa projeção segue em 5,3% para esse ano, e 1,3% para o ano que vem, diz o especialista.
Em relação à Selic, a expectativa para o fim de 2021 ficou estável em 8,25%. E o consenso do mercado para a taxa básica de juros no final de 2022 subiu de 8,50% para 8,75%. “Nossa projeção é que o ciclo de elevação da Selic chegue ao fim em março do ano que vem, em 9,25% a.a”, explica Collazo.
Pressão sobre juros dos títulos públicos
A persistente piora das expectativas de inflação tem pressionados os juros futuros, que servem de sinalização sobre como estarão os juros futuros e, portanto, usados como referência para a remuneração dos títulos públicos negociados na plataforma do Tesouro Direto.
Temerosos com a escalada da inflação e diante da perspectiva de taxa Selic ainda mais elevada, os investidores em títulos públicos estão pedindo prêmios (juros) cada vez mais elevados. Principalmente em títulos com taxas de juro prefixadas, como o Tesouro Prefixado, e os com remuneração mista, como o Tesouro IPCA, que rende juro prefixado mais correção monetária pelo IPCA.
As quedas na B3
Das cinco ações da coluna do Índice Bovespa (Ibovespa) que mais caíram nesta segunda-feira, quatro foram de bancos. As ações do banco Inter lideraram as perdas, ocupando as duas primeiras posições, seguidas pelos bancos Pan e BTG Pactual.
A queda das ações de bancos, principalmente dos digitais, refletiu o temor com a aceleração da inflação global, reforçado ontem com a alta das commodities minerais, industriais, do petróleo e da energia, entre outras, pelo mundo, avalia Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos.
“As ações do banco Inter e dos demais digitais sofreram mais porque, pelo valor patrimonial, estão mais valorizadas que as dos bancos tradicionais”, explica. A decisão do banco Inter, anunciada semana passada, de passar a negociar suas ações apenas nos EUA contribuiu, mas não foi o fator determinante para a forte desvalorização, segundo Lage.
Os papéis dos bancos tradicionais também fecharam em queda: o Bradesco caiu 1,82%: Itaú, 1,74%; e Santander, 3,10%.
Comportamento das bolsas europeias
As bolsas europeias seguiram trajetórias diversas nesta segunda-feira, 11, com queda no volume de negócios, por causa do feriado de Columbus Day nos Estados Unidos. Ações de companhias ligadas a commodities industriais se destacaram nos mercados da Europa, acompanhando as altas nos preços do petróleo e de metais básicos no mercado futuro.
O índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 0,05%, para 457,53 pontos.
O FTSE 100, de Londres, teve o melhor desempenho dentre os principais índices acionários europeus, com alta de 0,72%, para 7.146,85 pontos, na máxima diária. O papel da mineradora Anglo American (+5,20%) liderou a alta, seguido por outras companhias do setor, como Rio Tinto (+3,49%), Antofagasta (+4,18%), Glencore (+3,29%) e BHP (+3,21%).
O setor teve dia positivo refletindo o salto de 9,44% do minério de ferro em Qingdao, na China, na retomada das negociações do insumo. O desempenho do minério de ferro impulsionou ainda os preços de metais básicos no mercado futuro, tanto em Nova York quanto em Londres.
O início de semana foi positivo também para o segmento de petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) chegou a seu maior valor em sete anos durante a manhã e deu tração a ações de petroleiras europeias.
A francesa Total Energies avançou 2,01% e contribuiu para que o índice CAC 40 encerrasse o pregão com valorização de 0,16%, em 6.570,54 pontos. A Siemens Energy, em Frankfurt, pegou carona e subiu 2,41% embora o índice alemão DAX tenha fechado com ligeira baixa de 0,05%, em 15.199,14 pontos.
Sem referência do mercado de ações americano, fechado com o feriado nos EUA, investidores europeus focaram no noticiário econômico local, que contou com discursos de dois dirigentes do Banco Central Europeu (BCE).
O economista-chefe da instituição, Philip Lane, adotou tom otimista ao considerar os possíveis impactos econômicos da variante delta do coronavírus na zona do euro, mas alertou sobre eventuais choques causados pela alta nos preços do setor de energia.
Já o presidente do Banco da Espanha e dirigente do BCE, Pablo Hernández de Cos, disse que a exposição do sistema financeiro europeu às criptomoedas é "limitada", mas alertou que ela pode se elevar no futuro.
Dentre os demais índices europeus, o FTSE MIB, de Milão, recuou 0,46%, para 25.930,46 pontos; o madrilenho IBEX 35 caiu 0,63%, para 8.899,00 pontos, e o PSI 20, de Lisboa, subiu 0,40%, para 5.537,03 pontos.