Bolsa cai 1,43% com aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia; dólar sobe 0,76%
Mercado doméstico não teve sustentação nem de papeis das empresas de commodities
O aumento de temperatura no conflito entre Rússia e Ucrânia dominou a cena nas negociações de hoje e fez as bolsas caírem em todo o mundo. Aqui não foi diferente: a Bolsa de Valores, a B3, fechou com queda de 1,43%, aos 113.528 pontos. O mesmo motivo deu gás ao dólar, que encerrou o dia com alta de 0,76%, cotado a R$ 5,17.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em reunião no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), na tarde desta quinta-feira colocou os motivos que levam os Estados Unidos acreditar que a Rússia pode invadir a Ucrânia nos próximos dias.
Segundo ele, Moscou estaria se preparando para ações militares, e o anúncio e cenas de retirada de tropas russas da fronteira com a Ucrânia não teriam passado de um blefe. Mais do que isso, uma simulação de ataque ucraniano aos soldados russos poderiam servir de justificativa para desencadear o início de uma guerra.
Todo esse cenário colocam na mesa os temores não apenas das consequências com os civis, mas os efeitos econômicos com interrupção de fornecimento de petróleo, gás e carvão, escoados pela Ucrânia. Condição que poderia pressionar ainda mais a inflação mundial.
Isso provocou queda nas bolsas de Nova York: Dow Jones caiu 1,74%; S&P 500, 2,00% e Nasdaq em alta de 0,29%.
Segundo Fabrício Silva Soares, a queda nas bolsas americanas refletem tanto a renovação de temores diante da crise na região da Ucrânia, como a divulgação de mais dados econômicos, como a construção de casas novas em janeiro, que vieram abaixo do esperado, 1,63 milhões contra projeção de 1,7 milhões do mercado, e também os pedidos iniciais por seguro-desemprego, que vieram acima das expectativas, 248 mil contra 219 mil projetados.
Bolsa sem sustentação das commodities
Nesse clima de maior tensão há uma redução do apetite dos investidores pelo risco diz Flávio de Oliveira, head de Renda Variável da Zahl Investimentos. Mas além dessa aversão ao risco em nível global, ele destaca que não houve suporte das empresas ligadas às commodities ao mercado doméstico, com as gigantes fechando no vermelho.
Oliveira explica que o minério de ferro caiu 6% no mercado chinês, prejudicando o desempenho das ações de Vale, que fecharam com queda de 4,08%. Também os preços do petróleo recuaram no mercado internacional, após a França sinalizar avanço nas conversas com o Irã sobre o acordo nuclear. Petrobras fechou com queda de 0,49%. "Eram papeis que acabavam salvando o mercado em momentos de tensão", afirma o analista.