Bolsa cai 0,69% com inflação e juros no EUA; dólar cai 0,29% e vai a R$ 4,68
Inflação americana, embora dentro das expectativas, preocupa e sugere alta mais acentuada dos juros
A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, operou boa parte do dia com valorização dos papeis, impulsionada pelos mercados internacionais, que também subiam com dados da inflação americana dentro do esperado pelos analistas. No entanto, no fim da tarde, as bolsas viraram tanto lá fora como por aqui, com o Ibovespa apresentando uma queda de 0,69%, aos 116.146 pontos. O dólar também fechou em queda de 0,29%, cotado a R$ 4,68.
A inflação americana, medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), avançou 1,2% em março, segundo dados divulgados pelo Departamento do Trabalho nesta terça-feira. Com isso, em 12 meses, o acumulado ficou em 8,5%. Trata-se da maior variação desde dezembro de 1981. Embora já projetados pelo mercado, os dados da inflação são preocupantes.
Como diz Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, o fato de o número mensal ter vindo em linha e o núcleo da inflação um pouco abaixo “dá uma falsa impressão para o mercado americano de que as coisas estão sob controle”.
Para ele, os juros nos EUA vão subir “mais rápido do que a gente esperava e vamos ter efeito secundário no Brasil, já que temos inflação alta e o BC talvez não consiga parar de subir juros na próxima reunião. É um momento bem delicado com tudo o que está acontecendo”.
À tarde, a fala da dirigente do Federal Reserve, Lael Brainard, reforçou essa tese, argumentando que a inflação continua muito elevada nos Estados Unidos e, por isso, "o Fed conduzirá um aperto metódico, com uma série de altas" nos juros. Isso parece ter levado os mercados internacionais para a realidade dos fatos, que passaram a cair.
Dow Jones encerrou o dia com queda de 0,26%, o S&P 500, de 0,34%, e Nasdaq, de 1,21%.
As bolsas europeias também fecharam em queda, mas influenciadas pela forte queda nos papeis de bancos da Alemanha. Um grande investidor teria vendido 5% de suas participações no Deutsche Bank (queda de 9,36%) e a do Commerzbank, (queda de 8,47%), na Bolsa de Frankfurt.
Juros futuros em alta
Em movimento oposto ao da bolsa, os juros futuros que operavam mais em queda por aqui no início do dia, fecharam em alta, refletindo a expectativa de inflação mais acelerada no País, com o IPCA de 1,62% em março, e a perspectiva de que uma elevação mais acentuada dos juros americanos leve o Banco Central a subir ainda mais a Selic.
Entre as maiores quedas papeis de empresas de tecnologia, que têm menos reservas e tendem a sofrer mais com os juros altos no crédito.
Os papeis do banco Inter caíram 8,05% (BIDI11) e 7,77% (BIDI4); Meliuz (CASH3) caiu 5,00%.