Economia

Banco Central sobe estimativas para a inflação em 2022 para 7,1%, segundo o RTI

A projeção aponta que o BC não deve cumprir a meta para o indicador pelo segundo ano consecutivo

Data de publicação:24/03/2022 às 09:43 - Atualizado 2 anos atrás
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O Banco Central subiu a estimativa do IPCA, índice que mede a inflação do País, para 2022 de 4,7% para 7,1%, segundo dados do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, 24, pela autoridade monetária.

A projeção aponta o reconhecimento do BC de que não irá cumprir a meta de inflação para este ano, de 3,25%, com intervalo de 1,5 ponto porcentual – a probabilidade é de 88% a 97%. Este é o segundo ano que a autoridade monetária não consegue trazer o IPCA para o centro da meta.

BC aponta pressão de commodities, com alta de preços dos combustíveis e alimentos, como um dos principais fatores de alavancagem da inflação Imagem: Reprodução

A estimativa para 2022 encontra-se muito acima da margem de tolerância da meta de 3,50% (com teto de 5,00%). Para 2023, a meta é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 1,75% a 4,75%). Já para 2024, o objetivo é de 3,0%, com tolerância de 1,5% a 4,5%. A meta para 2025 ainda não foi definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

No último Boletim Focus, os economistas consultados semanalmente pelo BC projetaram alta de 6,59% no IPCA de 2022, de 3,75% em 2023, de 3,15% em 2024 e de 3,00% em 2025.

Pressão de commodities

Segundo o RTI, a evolução dos preços de commodities representa um novo componente de pressão sobre a inflação, que segue pressionada.

“A elevação dos preços de commodities e dos preços de produtos importados – especialmente desde a escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia −, embora atenuada pela recente apreciação do real, pode ser considerada um novo choque de oferta do ponto de vista da economia doméstica, com impacto altista sobre a inflação e negativo sobre a atividade econômica no curto prazo”

Banco Central, no RTI

Boa parte da influência no avanço da inflação está ligada a itens com preços mais voláteis, como combustíveis – que reflete o recente avanço do preço do petróleo - e alimentos.

“Parte significativa da surpresa inflacionária no trimestre está relacionada a componentes mais voláteis, em especial aos preços de combustíveis e de alimentos, mas também houve surpresa em itens associados à inflação subjacente. As diversas medidas de inflação subjacente permanecem acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”

Banco Central

Petróleo e cenário alternativo

O Banco Central manteve suas estimativas de inflação para anos de 2022 e 2023 no cenário alternativo criado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que utiliza uma trajetória para os preços do barril de petróleo conforme estimativas de mercado, com queda ao longo de 2022.

No documento de hoje, esse cenário - considerado de maior probabilidade pelo BC - foi chamado de "Cenário A" pela autoridade monetária. Nesta hipótese, a inflação projetada é menor que a do cenário de referência da instituição.

Segundo o RTI, este cenário alternativo indica um IPCA de 6,3% para este ano e 3,1% no próximo. Essas projeções constaram na ata e no comunicado do último encontro do Copom. No RTI, o BC ainda informou projeção de 2,3% para 2024.

Taxa de juros

Com um cenário de inflação a 7,1% em 2022, o BC projeta que a Selic, taxa básica de juros do País, suba para 12,75% ao ano e feche 2023 em 8,75% ao ano.

Na última reunião, o Copom decidiu elevar a taxa de juros em 1,00 ponto porcentual, para 11,75% ao ano.

O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista.

BC, no RTI

O comitê avalia que o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques. "Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas".

No documento, o BC voltou a afirmar que aplicará um novo aumento na Selic da mesma magnitude que o anterior.

PIB em 1,0% para 2022

O Banco Central (BC) manteve sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 em 1,0. Pelo lado da oferta, porém, o BC alterou a estimativa para a expansão da agropecuária de alta de 5,0% para apenas 2,0%.

Já a projeção para a evolução da indústria passou de retração de 1,3% para queda de 0,3%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de avanço de 1,3% para 1,4%. / com Agência Estado

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