Aplicações de renda variável apanham da inflação no ano; renda fixa ganha musculatura
Cenário externo, com inlação e juros em alta pelo mundo, atingiu a renda variável
Alguns segmentos da renda variável ainda estão no azul, como a bolsa de valores, com valorização acumulada de 4,97%, até setembro. Outros com rendimento nominal negativo, como o dólar, com baixa de 3,24%, e o ouro, com queda de 13,18%.
Em contrapartida, o segmento de renda fixa ganhou musculatura. Tanto em rendimento nominal como real. As principais opões conservadoras, de títulos a fundos de renda fixa, estão entregando ganho real, acima da inflação, ao aplicador. Até mesmo a poupança.
A renda fixa foi duplamente beneficiada nesse período. De um lado pelo ciclo de alta dos juros, que chegou ao fim de agosto, com a Selic acomodada em 13,75%. Um nível considerado elevado por especialistas.
E, de outro, pelo escorregão da inflação, impactada por medidas do governo que baixaram os preços de alguns produtos, via corte de impostos, como combustíveis e energia elétrica. O IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo) interrompeu a escalada de alta em junho e mergulhou para o terreno negativo, a deflação.
Em julho, com o rendimento nominal mensal de títulos e fundos de renda fixa acima de 1%, o IBGE mediu uma deflação ou variação negativa de preços de 0,68% no mês. Movimento que persistiu em agosto, com nova deflação de 0,36%.
O ciclo recente de inflação negativa dá sinais de continuidade. O IPCA-15, uma espécie de indicador prévio de inflação, já antecipou uma variação negativa de 0,37% em setembro.
Em tese, em cenário de deflação, o rendimento nominal da renda fixa transforma-se em ganho real, em sua totalidade, engordado ainda pela incorporação do índice de variação negativa de preços.
Cenário externo castiga a renda variável
Enquanto a renda fixa surfa na maré de juros altos e inflação em desaceleração, internamente, a renda variável enfrenta uma série de percalços em um ambiente de incertezas, principalmente globais. O principal fator de preocupação está na dinâmica de inflação, principalmente nos Estados Unidos e em países da Europa.
A escalada inflacionária tem levado os bancos centrais das principais economias a lançar mão de juros altos para conter a alta de preços. O Fed (Federal Reserve, banco central americano) vem aumentando a taxa de juros desde maio e reforçando o tom duro na condução da política monetária. Uma atuação que gera expectativas negativas no mercado financeiro, sobretudo em ativos de renda variável, que sorem com o temor de que a economia americana seja abatida pela recessão.
O dólar tem passado por valorização no mundo, na esteira da elevação dos juros americanos. Menos no Brasil, que iniciou o ciclo de alta dos juros antes dos demais e atrai capitais para investimento tanto na bolsa de valores como na renda fixa.
Confira o ranking dos investimentos no ano, de acordo com os cálculos do administrador de investimentos Fabio Colombo.
Balanço das aplicações no ano
Aplicação/indicador | Rendimento/variação |
---|---|
1 - Fundos DI* | 9,25% |
2 - Fundos de Renda Fixa* | 9,17% |
3 - CDBs* | 8,80% |
4 - Títulos IPCA** | 8,73% |
5 - Fundos Imobiliários (Ifix) | 6,63% |
6 - IGP-M | 6,61% |
7 - Poupança | 5,76% |
8 - Ibovespa | 4,97% |
9 - IPCA*** | 4,06% |
10 - Dólar | -3,24% |
11 - Ouro | -13,18% |
12 - Euro | -16,28% |
13 - Bitcoin | -58,77% |
Fonte: Fabio Colombo
Obs.:
* média
** indicativo
*** projeção