Mesmo com aumento do risco fiscal, títulos do Tesouro estão muito atrativos para investir, diz analista
Taxas atuais não eram vistas pelo mercado desde 2016
Analistas afirmam que os títulos do Tesouro estão com taxas atrativas, mesmo com o aumento da percepção de risco fiscal no Brasil. Com o novo presidente eleito, o mercado teve uma piora na expectativa sobre as contas públicas do Brasil, o que afetou diretamente o comportamento da curva de juros futuros negociados em contratos a termo na B3. Os títulos prefixados e indexados à inflação tiveram uma queda, devido à relação inversa ao aumento dos juros – quando a taxa de juros sobe, o valor ou preço dos títulos cai.
As incertezas em torno de como será feito o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 no próximo ano e a PEC da Transição foram os motores de alta para os juros em todos os contratos futuros nos últimos dias. Essa volatilidade nos juros deve permanecer até que o mercado conheça as diretrizes econômicas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Para os que gostam de investir em renda fixa, Gabriel Romanini, assessor de investimentos da SVN, afirma que esses níveis atrativos das taxas foram vistos pela última vez em 2016, e portanto é um ótimo momento para comprar títulos do Tesouro. Ele destacou que esses ativos têm risco soberano, ou seja, o menor risco existente.
As melhores opções de investimento, de acordo com Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, são os títulos pós-fixados (Tesouro Selic, CDB, LCIs e LCAs), dado o nível da taxa básica de juros, a Selic. Ele pontua que esses ativos trarão menos volatilidade para a carteira e que a escolha do prazo de cada título depende do perfil de risco do investidor.
"Para quem já tem algum tipo de investimento prefixado ou indexado à inflação, eu recomendo que não faça nada. Esse tipo de ativo é para o investidor levar até a data de vencimento. Para quem não tem, existem duas opções: aproveitar a melhora da taxa dos títulos prefixados e ir comprando aos poucos, ou seguir com investimentos pós-fixados, com a Selic alta por tempo prolongado".
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed
Juros em 2023
Antonio van Moorsel, diretor do Advisory e sócio da Acqua Vero Investimentos, destacou que a Selic deve permanecer nos dois dígitos ao longo de 2023. Moorsel afirmou que as discussões acerca da PEC de Transição e futuro do arcabouço fiscal podem adiar o início do ciclo de cortes na Selic, alongando a manutenção da taxa em 13,75%, e até mesmo provocar novos ajustes altistas por parte do Banco Central, conforme o mercado precifica atualmente. Este ainda não é o seu cenário base, mas pode se tornar a depender das próximas definições nesta frente.
De acordo com o sócio da Acqua Vero, o estímulo à economia com a política mais expansionista que deve vir com o novo governo, torna mais oportuno para investir em títulos atrelados à Selic, ou CDI, mas é normal que os investidores ainda tenham alocação em papéis ligados ao IPCA. Para ele, títulos indexados à inflação com vencimento entre 2028 e 2035 se mostram atrativos para investimento, devido ao atual nível das taxas.
A inflação voltou a registrar alta em outubro, com o IPCA avançando 0,59% no mês. O mercado tem expectativa de que a taxa deve continuar subindo no médio e longo prazo. Romanini, assessor de investimentos da SVN, afirmou que os títulos atrelados à inflação garantem que o investidor sempre mantenha o poder de compra, trazendo a possibilidade de corrigir seu patrimônio com o IPCA e alguma taxa adicional ainda.
Confira a rentabilidade dos títulos do Tesouro:
Título | Rend. anual | Investimento mínimo | Preço Unitário | Vencimento |
Tesouro Prefixado 2025 | 13,34% | R$ 30,66 | R$ 766,55 | 01/01/2025 |
Tesouro Prefixado 2029 | 13,20% | R$ 32,84 | R$ 469,20 | 01/01/2029 |
Tesouro Prefixado - com juros semestrais 2033 | 13,08% | R$ 34,97 | R$ 874,38 | 01/01/2033 |
Tesouro Selic 2025 | Selic + 0,0382% | R$ 124,14 | R$ 12.414,66 | 01/03/2025 |
Tesouro Selic 2027 | Selic + 0,1451% | R$ 123,48 | R$ 12.348,85 | 01/03/2027 |
Tesouro IPCA+ 2026 | IPCA + 5,95% | R$ 31,97 | R$ 3.197,77 | 15/08/2026 |
Tesouro IPCA+ 2035 | IPCA + 6,03% | R$ 38,30 | R$ 1.915,26 | 15/05/2035 |
Tesouro IPCA+ 2045 | IPCA + 6,06% | R$ 31,84 | R$ 1.061,43 | 15/05/2045 |
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2032 | IPCA + 6,02% | R$ 40,27 | R$ 4.027,81 | 15/08/2032 |
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2040 | IPCA + 5,97% | R$ 40,49 | R$ 4.049,15 | 15/08/2040 |
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2055 | IPCA + 6,03% | R$ 39,65 | R$ 3.965,48 | 15/05/2055 |
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