Ações de Magalu despencam após divulgação de resultado com prejuízo
Prejuízo da varejista cresceu 142,9% em relação ao primeiro trimestre de 2022
Magazine Luiza apresentou um prejuízo líquido de R$ 391 milhões no primeiro trimestre de 2023, ante um resultado negativo de R$ 161 milhões um ano antes, o que significa uma alta de 142,9%.
As ações da empresa caíram 22% nesta terça, 16, após a divulgação do balanço e são cotadas, no momento, a R$ 3,38.
No conceito ajustado, o prejuízo foi menor: R$ 309 milhões. Nesse cálculo, a empresa exclui despesas não recorrentes relacionadas, principalmente, a fechamentos de quiosques nas lojas da varejista de moda Marisa, um centro de distribuição.
A companhia fechou 175 pontos físicos nos últimos 12 meses, sendo nove lojas, um centro de distribuição e, o restante, quiosques. No trimestre, foram 37 fechamentos de quiosques, mas nenhuma loja foi fechada.
Os custos de fechamento do CD, por sua vez, se concentraram nesse primeiro trimestre do ano. Segundo a empresa, esse último fechamento já estava planejado, pois era muito próximo à unidade de Gravataí (RS).
A variação na área total de vendas caiu menos de 1% na comparação com o mesmo período do ano passado, explica o CFO da companhia, Roberto Belissimo.
“Foram quiosques com baixa produtividade e performance. São quiosques, em sua maioria, de um parceiro, que era a Lojas Marisa”, disse.
Para ele o prejuízo, que veio maior do que a previsão de casas como a XP, o Itaú BBA e o Santander, se deveu à linha de despesas financeiras e é “sazonal”, já que nos primeiros meses do ano, a companhia antecipa mais recebíveis para ter acesso aos montantes vendidos no fim do ano. Além disso, a empresa escolheu escolhido pagar grande parte dos seus fornecedores nesse trimestre, afirma a gestão da companhia.
"Para amenizar as despesas financeiras, temos aumentado a participação do PIX (40% das vendas digitais); acabamos de anunciar uma renovação do acordo com a Cardif e vamos receber R$ 1 bilhão; e a tendência do CDI de agora para frente é de queda.
Diferente do ano passado em que o CDI foi subindo o ano todo, agora o CDI está alto, mas a curva futura aponta para baixo”, afirmou Belissimo.
O Ebitda, por sua vez, foi de R$ 324 milhões, com alta de 2% ante o mesmo período de 2022. O mesmo indicador ajustado foi de R$ 448 milhões, alta de 3,2%. A empresa explica que o crescimento das vendas em conjunto com o aumento da margem de contribuição do marketplace (shoppings digital onde lojistas virtuais vendem seus produtos e pagam uma porcentagem da venda ao Magalu) contribuiu para o crescimento do Ebitda.
A companhia aumentou as taxas cobradas, bem como sua receita vinda de serviços prestados a esse lojistas, como o Fulfillment. Nessa modalidade, a companhia, além de entregar, armazena os produtos nas dependências do Magazine Luiza.
A receita líquida foi de R$ 11,3 bilhões, com alta de 6,9% sobre o mesmo período de 2022. No trimestre, as vendas totais, incluindo lojas físicas, e-commerce com estoque próprio (1P) e marketplace (3P) cresceram 10,1% e atingiram R$ 15,5 bilhões, reflexo do aumento de 11,1% no comércio digital e um crescimento de 7,5% nas lojas físicas. No digital, a alta foi puxada por crescimento de 19,4% no marketplace e vendas de 4,4 bilhões.
Abaixo das projeções
Os números do Magazine Luiza vieram abaixo das projeções do Itaú BBA em todas as linhas do balanço. O banco destaca que o repasse da reintrodução do Difal, diferença entre a alíquota interna e a interestadual do ICMS, impactou negativamente a margem bruta entre janeiro e março.
Enquanto isso, a diluição de despesas e uma melhor margem de contribuição no canal 3P (marketplace) não foram suficientes para compensar a contração de 10 pontos base na margem Ebitda.
"O lucro ficou abaixo da nossa estimativa conservadora devido a um resultado financeiro mais pesado, com desconto maior recebíveis", complementam os analistas do banco.
Apesar dos ganhos de participação de mercado no trimestre, a expectativa do Itaú BBA é que os investidores se concentrem no fato de que o crescimento do Magazine Luiza tem consistentemente ficado abaixo do líder de mercado, apesar dos ventos favoráveis do ambiente competitivo.
"Além disso, os investidores parecem bastante focados em uma recuperação da rentabilidade da empresa e o provável impacto do repasse da reintrodução do Difal no curto prazo, o que nos leva a crer que a retomada pode demorar a acontecer", acrescentam.
O Itaú BBA manteve a recomendação 'market perform' (correspondente à neutra) para o papel, com preço-alvo de R$ 3,2. O valor representa potencial queda de 27% ante o fechamento de ontem./Com Agência Estado