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inflação
Economia

‘A inflação é hoje o principal risco do cenário global’, diz Inter

A escalada da inflação no Brasil e no mundo é resultado, principalmente da alta nos preços das commodities

Data de publicação:06/10/2021 às 01:00 -
Atualizado um ano atrás
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Na edição de outubro de sua carta mensal ao mercado, o Inter se debruçou sobre um dos assuntos que mais preocupação traz aos mercados, no Brasil e no exterior: a inflação.

A escalada de preços nos últimos meses, puxada sobretudo pelas commodities, superou todas as estimativas dos analistas e levanta incertezas sobre os próximos passos dos bancos centrais em todo o mundo, e, mais ainda, sobre o crescimento da economia global.

Foto: Envato inflação de 2021
Projeções para a inflação de 2021 seguem na esteira de alta

De acordo com a análise assinada por Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, além da alta das commodities, os principais fatores para a subida da inflação internamente são as crises climáticas e os riscos nos cenários político e fiscal.

Esse combo fez com que as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saltasse de níveis próximos do centro da meta do Banco Central (BC) de 3,5% ao ano ainda nos primeiros meses do ano para 8,4% ao fim de 2021. O banco destaca que, como consequência, a escalada dos preços vem resultando em perda de poder de compra das famílias, alta dos juros e, por fim, redução do crescimento para 2022.

Trajetória da inflação

O Inter destaca que o aumento dos preços dos produtos no País apareceu com mais força no final de 2020, com a flexibilização das medidas restritivas de circulação por conta da pandemia de covid-19 e o efeito dos estímulos monetários adotados por países desenvolvidos, o que levou a uma alta na demanda. O primeiro setor a sentir o impacto de uma oferta menor que a necessária para atender aos consumidores foi o de commodities.

Conforme explica o relatório, a pandemia causou várias interrupções de ofertas nas cadeias produtivas e o rápido retorno da demanda pressionou - e, em alguns casos, segue pressionando - os preços das matérias-primas. "O redirecionamento de gastos das famílias de serviços que ficaram restritos devido às medidas sanitárias, para bens, também impulsionou a demanda por determinados produtos", afirma a carta.

Um dos setores que reportou um forte crescimento foi o de imóveis, levando a um aumento na demanda pelo aço - feito a partir do minério de ferro - e, consequentemente, a uma alta nos preços do produto. O banco ressalta que, recentemente, algumas commodities começaram a apresentar estabilidade em seus preços, como é o caso do próprio minério de ferro.

"No entanto, novas altas surgem no cenário, a mais impactante a do petróleo e gás, com preocupações de abastecimento em países da Europa e na China", destaca a análise. O aumento da demanda depois do controle da pandemia, sobretudo nos países desenvolvidos, aumentou também a demanda por combustível, encarecendo o preço do petróleo nos mercados internacionais, um dos principais vilões da inflação no Brasil.

Enquanto lá fora o mercado se preocupa com o início da retirada dos estímulos extraordinários adotados durante a pandemia, que foram essenciais para rodar a economia, mas que "agora poderiam estar resultando em mais aquecimento da demanda, devido à retomada mais rápida que o esperado", no Brasil a preocupação segue por conta das crises climáticas.

A crise hídrica que atinge todo o País - uma das mais graves já registradas - reduz a disponibilidade de recursos para a produção de energia elétrica no território nacional, baseada principalmente em hidrelétricas. Com a oferta menor, os preços da conta de luz dispararam para o consumidor final e pesaram nas últimas medições do IPCA.

Cenário interno

Embora a elevação dos preços das commodities (das metálicas às energéticas) seja o fator predominante para a escalada da inflação aqui no Brasil, que pode levá-la ao seu pico na medição do IPCA de setembro, o Inter considera que a moderação da alta das matérias-primas e o fim dos reajustes nas tarifas elétricas devem levar a uma "queda gradual da variação de preços a partir de outubro".

A cautela do investidor com a inflação futura, entretanto, está voltada também ao cenário fiscal do País. A análise da economista-chefe do Inter explica que um potencial aumento de gastos com programas como o Auxílio Emergencial pode manter a demanda aquecida, devido a maior quantidade de dinheiro para as famílias, o que resultaria em mais inflação.

"Além disso, a piora no quadro fiscal impacta os prêmios de risco no mercado, elevando a taxa de câmbio, o que também pode gerar novas correções de preços", afirma o relatório. "Portanto, a manutenção do teto de gastos indicando que o governo seguirá no caminho de responsabilidade fiscal é fundamental para a convergência da inflação para a meta, mesmo já contando com o aperto monetário em curso".

Neste contexto, o "remédio amargo", como nomeia a carta, para a escalada dos preços no País é a elevação da taxa básica de juros, a Selic. As projeções do banco no começo do ano - momento em que as expectativas do mercado era de uma inflação transitória - para a taxa giravam em torno de 4% para o fim de 2021. Atualmente, um consenso entre os analistas é que a Selic deve chegar em 8,25%.

Como resultado, a taxa em patamares acima do que é considerado como neutro (não aquece nem desaquece a economia), numa tentativa de controlar a inflação, segura um crescimento mais acentuado para a economia.

Perspectivas futuras

Embora o horizonte pareça incerto, a economia brasileira voltou a apresentar alguns resultados positivos, que ajudam a animar um pouco os investidores. Entre as últimas notícias, o Inter destaca que o mercado de trabalho, muito afetado pela pandemia, começa a dar sinais mais fortes de recuperação.

De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados na quarta-feira passada, dia 29, pelo Ministério do Trabalho, o mercado de trabalho formal brasileiro acelerou em agosto e registrou um salto positivo de 372.265 carteiras assinadas no mês.

A análise considera que os dados refletem a melhora na situação da pandemia com o avanço da vacinação e vêm superando as expectativas do mercado. "Essa retomada é importante para a recuperação da massa salarial e manutenção do crescimento da economia, possibilitando a redução dos programas de auxílio emergencial", ressalta o banco.

Para o Inter, o resultado fiscal também vem sendo uma das supressas positivas de 2021. "O crescimento real da economia, que deve ultrapassar 5% em 2021, juntamente com o controle de despesas, com a manutenção das regras do teto de gastos, devem levar a uma queda da dívida/PIB de 89% para 82% no ano, patamar bem abaixo da expectativa que era de 95% ao final do ano passado", explica o Inter.

A carta finaliza dizendo que os dados melhores, no entanto, têm tido pouco impacto no mercado que opera com elevado prêmio de risco devido às incertezas com relação a 2022. "O risco fiscal não está no resultado corrente, mas em como será o orçamento do próximo ano e quais as políticas econômicas em debate nas eleições", afirma o Inter.

Sobre o autor
Bruna Miato
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