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Bolsa
Finanças Pessoais

A economia muda, mas o investidor não acompanha

A inflação está em 8,59% em 12 meses, o que requer reavaliação das posições dos ativos

Data de publicação:28/07/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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Você já parou para pensar o quanto é difícil fazer algo totalmente ao contrário do que a maioria das pessoas fazem? Talvez essa seja a razão de muitos investidores ignorarem os dizeres da última Ata do Copom, divulgada nesta semana, reiterando suas preocupações com a inflação no País.

É como se alguém aguardasse a reação de um outro alguém, para então ficar atento à alta dos preços neste momento de retomada da economia. Em 12 meses, o índice IPCA acumula alta de 8,59%, bem acima do teto da meta do governo.

Foto: Envato
Quantos investidores atualizaram suas planilhas com alta da inflação, dos juros, apagão hídrico, energia mais cara e crescimento do PIB?

Imaginem um professor em sala de aula que, ao virar de costas para escrever na lousa, revela que o seu casaco está rasgado. Quem fará o primeiro comentário? Quase todos os alunos estão percebendo, e a cena chega a atrapalhar a concentração deles, pois não sabem se o mestre tem conhecimento da situação.

De repente, um estudante decide se manifestar, e o professor, surpreso, retira imediatamente o casaco. Para recompensar a iniciativa do aluno, ele concede um benefício a quem primeiro fez o alerta sobre o vexame. Os outros entram na conversa posteriormente, mas nada recebem.

Quem atualizou suas planilhas?

Voltemos ao mercado financeiro. Quantos investidores pessoas físicas abriram sua planilha de Excel para recalcular as perspectivas de alta ou queda dos ativos, diante dos recentes fatos macroeconômicos? Sim, além da elevação da taxa Selic, temos pela frente o risco de um apagão hídrico, a conta de energia mais cara, a previsão de crescimento do PIB, entre outros.

Observando as quedas do Ibovespa neste final de julho, podemos deduzir que alguns estão abandonando temporariamente a renda variável ante a decisão de estudar as vantagens que este novo cenário poderia trazer ao seu portfólio.

Acreditamos também que a maior parte das pessoas físicas ainda segue à espera da corrida da manada, para sair comprando ou vendendo ações, sem saber nem o quê ou tampouco o porquê de ter se juntado aos demais.

Ora, todos conhecem a máxima de que o bom investidor no mercado de ações é aquele que compra na baixa e vende na alta. Mas poucos buscam especialistas para orientá-los sobre o preço justo do ativo, para ele ser considerado um papel abaixo ou acima do valor de negociação, naquele momento. O que afasta o ser humano da iniciativa de aprender melhor as coisas?

O comodismo dos investidores faz parte das premissas básicas da Economia Comportamental, que avalia as razões de eles se afastarem da racionalidade, desmistificando a tese do tal mercado eficiente. As escolhas humanas não são apenas subjetivas, como também culturais.

Na medida em que mais brasileiros foram perdendo o medo de operar diretamente na Bolsa de Valores, mais oportunidades geradas pelos movimentos em manada passaram a existir. Ponto para aqueles investidores experientes, que passaram a ser recompensados pelos comportamentos irracionais do pregão.

Aliás, esse é o princípio dos fundos de ações multifatores, ou factor investing: detectar os desvios ou comportamentos equivocados nas negociações de ativos, em relação à movimentação racional esperada.

Prejuízos para a vida

Cruzar os braços e aguardar a reação da maioria, para só depois agir não causa prejuízos apenas no mercado financeiro. Já existem pesquisas, por exemplo, que explicam o rápido avanço da Covid-19 nos primeiros meses da pandemia porque a maior parte das campanhas de prevenção se limitava à recomendação de higienizar as mãos.

Ricardo Horta, mestre em Neurociências pela UFMG e pesquisador visitante no Département d’Études Cognitives (DEC) da École Normale Supérieure, em Paris, escreveu que a ênfase no álcool em gel pode ter ocupado a “banda mental” das pessoas, reduzindo o estímulo pela busca de outras soluções para os fatores de risco. “O foco excessivo na higienização e mãos pode ter levado muita gente a não se preocupar com medidas realmente eficazes de prevenção, como usar máscaras corretamente ou trocar suas máscaras de pano, que oferecem pouca proteção, por mais eficazes máscaras do tipo PFF2”, explicou.

Se o mercado está ignorando as recentes mudanças macroeconômicas, é sinal de que você deve fazer o mesmo? A resposta é não, claro.

Ao reconhecer suas fraquezas e procurar orientação, as chances de lucrar na Bolsa revendo suas estratégias aumentam. Toda mudança de cenário traz oportunidades. Entre agir para vencer sozinho ou juntar-se à derrota da maioria, você quer estar de qual lado?/Com Andressa Bergamo

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(*)

Andressa Bergamo tem graduação em Administração de Empresas, Pós- Graduação em Economia e Finanças e é sócia-fundadora do escritório de assessoria financeira AVG Capital, voltado a clientes Private, na plataforma do BTG Pactual.

Luciano Boudjoukian França (CFP®️) é economista pela FEA-USP, Pós-Graduado em Finanças, Mestre em Economia pelo Insper e sócio da Avantgarde Asset Management.

*Este artigo não expressa necessariamente a opinião do portal Mais Retorno

Sobre o autor
Luciano França
Luciano Boudjoukian França (CFP®️) economista pela FEA-USP, Pós-Graduado em Finanças, Mestre em Economia pelo Insper e sócio da Avantgarde Asset Management.
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