Vale tem queda de 22% este ano, está barata? É hora de comprar?
Embora o papel esteja em queda em 2023, há recomendação de compra por especialistas da Genial, XP e BTG
De queridinha de muitos analistas e onipresente nas carteiras das principais corretoras, a Vale (VALE3) tem amargado queda em seus papéis de mais de 20% em 2023. Desvalorização de 22% até o pregão desta quarta-feira, 7. Ainda assim, não são necessariamente más notícias para aqueles que pensam em investir na mineradora.
Em relatório recente, a Genial afirmou que a Vale está “barata demais para ser ignorada” Assim, a recomendação de compra se baseia, principalmente, no cenário de recuperação de economia chinesa esperado pela corretora.
A recomendação também é replicada por XP, que incluiu o papel em sua seleção de 10 ações para junho. Mesmo com ressalvas, o BTG também indica compra para o papel.
Expectativas com reabertura da China
O movimento, contudo, tem sido diverso entre outras corretoras, conforme aborda a Genial no relatório.
"Vimos, nos últimos três meses, outras casas mudando a recomendação de compra que tinham para a Vale, que eram baseadas no destravamento de valor após a reabertura da China, e rebaixando então o rating da Companhia para Neutro, decepcionados com as divulgações dos indicadores econômicos oficiais do governo chinês, que rapidamente se espalharam em tom mais pessimista, tomando conta dos noticiários", explica a Genial.
De acordo ainda com a Genial, é esperado um retorno do fluxo comprador para as ações da Vale, considerando a penalidade que o mercado tem dado a alguns sinais de desaceleração já previstos anteriormente. Acredita-se que esse cenário seja impulsionado pela recuperação da economia chinesa, que, embora esteja crescendo em um ritmo mais lento em comparação ao período pré-pandemia, ainda deve ocorrer.
A China é vista como uma economia do G20 que provavelmente alcançará um crescimento de cerca de 5% no PIB nos próximos anos, enquanto outras economias podem ter um desempenho inferior.
“Compre na baixa, ganhe na alta. Diante de vastos argumentos acreditamos que a Vale está descontada, mas sobretudo, nos pautamos no teste de estresse de variáveis para definir que o preço em que a Vale negocia atualmente é irracional, e está enviesado por um sentimento de decepção com o crescimento da China, combinado com dinâmicas ruins trazidas por uma situação atípica do 1T23. Compreendemos que as feridas do 1T23 deixarão marcas um pouco mais graves de curto prazo, mas que devem ficar contidas em 2023” conclui a Genial.
Resultados decepcionantes
Para o BTG, que estima o preço-alvo do papel em 18 dólares (R$ 88,62 na cotação de 7 de junho de 2023), os resultados da Vale foram “decepcionantes” no primeiro trimestre de 2023.
“Um dos principais problemas foi o desempenho dos custos, pois os custos de entrega de finos de minério de ferro para a China aumentaram para US$61,7/t em relação a US$52/t no quarto trimestre (um aumento inesperado de US$10/t trimestre a trimestre). Esse resultado foi negativamente impactado por embarques muito mais fracos devido a chuvas mais intensas que o habitual e a uma paralisação para manutenção em Ponta da Madeira (afetando a composição e a diluição dos custos fixos)”, afirma o BTG em relatório recente.
Ainda assim, há expectativa, por parte da corretora, de que a maioria dos problemas seja revertida ainda em 2023. A crença do BTG é que o pior momento operacional provavelmente já passou e que foi motivado por desempenho dos custos.
“Um dos principais problemas foi o desempenho dos custos, uma vez que os custos de entrega de finos de minério de ferro para a China aumentaram para US$61,7/t em relação a US$52/t no quarto trimestre (um aumento inesperado de US$10/t trimestre a trimestre). Esse resultado foi negativamente impactado por embarques muito mais fracos devido a chuvas mais intensas que o habitual e a uma paralisação para manutenção em Ponta da Madeira (afetando a composição e a diluição dos custos fixos)”, aborda no relatório sobe a mineradora.
Visão otimista para futuro
Com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 97,10 (bem acima dos R$ 68,67 que a empresa é negociada em 7 de junho), a XP baseia sua tese de investimento em alguns pilares, como a espera por prêmio de qualidade do minério e retomada da produção; forte geração de caixa da empresa e múltiplos atrativos. Em resumo, a corretora entende que há “valor ainda alto para o acionista e preocupações exageradas”.
“A Vale voltou a apresentar tendência de queda em maio (-11,9% M/M), corrigindo a retomada iniciada em dezembro. O desempenho foi influenciado principalmente por dados econômicos chineses piores do que o esperado, que devem melhorar mais rapidamente após o fim das restrições de lockdown, e que, consequentemente, impactaram os preços do minério de ferro (-3% M/M)”, explica a XP sobre o momento atual da mineradora.
A corretora também destacou que a queda atual gerou um gap ainda maior entre as ações da empresa e o desempenho do minério de ferro. Em paralelo, acredita que a sustentação dos preços das commodities poderá se dar em um período de melhor sazonalidade de demanda na China.
