Um dia após anúncio de união de negócios, Lojas Americanas fecham com queda de 5,17%, e B2W com alta de 7,69%
Um dia após anunciarem a combinação de seus negócios, as ações da B2W (BTOW3) dispararam, com forte alta de 7,69%, para R$ 68,33, e as de…
Um dia após anunciarem a combinação de seus negócios, as ações da B2W (BTOW3) dispararam, com forte alta de 7,69%, para R$ 68,33, e as de Lojas Americanas (LAME4) recuaram 5,17%, para R$ 21,46.
As opiniões se dividem no mercado sobre esse movimento de preços que, à primeira vista, sugere que os investidores reagiram ao negócio positivamente com a B2W e negativamente com as Lojas Americanas.
Na opinião de Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos, os resultados se traduzem em uma resposta de mercado, que se segue quase rotineiramente à fusão ou aquisição de empresas.
Mas, nesse caso, ele aponta outras motivações: “A alta das ações de uma (B2W) e a queda das ações de outra (Americanas) é consequência também da readequação das cotações de cada uma delas”, explica. “O mercado está ajustando (precificando, no jargão de investidores) os preços dos papeis de cada uma delas à nova realidade, após o acordo de união, para reajustar o ‘valuation’ (valor de preço do mercado).”
Esse ajuste é um processo natural e já aconteceu anteriormente, compara, quando o Pão de Açúcar se associou ao Grupo Assaí, lembra Lage. É um ajuste técnico de preços e não reflete necessariamente uma reação positiva em favor de uma empresa e negativa em relação a outra, avalia.
Para analistas do Banco Safra, o movimento que pode ter refletido a preferência dos investidores pela empresa que deterá os ativos diretamente, em vez da holding, bem como um ajuste após incertezas sobre termos do negócio menos favoráveis para a B2W.
O estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, considera "um desenho bem justo tanto para acionistas de Lojas Americanas como para os da B2W. Ele não altera a participação das Lojas Americanas na nova empresa, e do lado da B2W, ainda que tenha uma diluição, ela receberá ativos de Lojas Americanas a valor patrimonial".
Na opinião do analista, as condições estão bem em ordem, bem em linha com o esperado, além de outros benefícios como isenção de imposto no modelo de incorporação e benefícios fiscais com os prejuízos acumulados
Paloma Brum, analista da Toro Investimentos lembra que a B2W pode ser beneficiadas em seus resultados. “A empresa terá seu prejuízo de R$ 2,82 bilhões absorvidos pela Lojas Americanas, além de desfrutar dos créditos tributários da companhia incorporadora na ordem de R$ 2 bilhões”.
Portanto, considerando esses aspectos não haveria por que haver resultados tão díspares para as ações.
Mas Cruz ressalta que nem todo mundo gostou da iniciativa de promover a listagem da nova empresa nos EUA, que poderá ser tanto na NYSE (Bolsa de Nova York), como na Nasdaq. "Até entendo que eles estão querendo colocar a empresa como de tecnologia, mas essa listagem vem com atraso".
Ele explica que Lojas Americanas eram consideradas como de vanguarda no varejo brasileiro, fez uma boa migração para o online, mas não conseguiu o mesmo resultado para os aplicativos. Enquanto isso, a Magalu aparece como a grande referência no e-commerce nacional. A junção com a B2W pode acelerar o processo de vendas online para Lojas Americanas, mas para Cruz, faria mais sentido buscar outras empresas de tecnologia com capacidade para dar mais competitividade a ela, como a Infracommer, por exemplo, que está abrindo seu capital.