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Tesla é retirada do índice S&P 500 ESG por falta de estratégia de baixo carbono e códigos de conduta da empresa

Depois do anúncio, as ações da companhia já recuaram mais de 7%

Data de publicação:18/05/2022 às 03:44 - Atualizado um ano atrás
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A Tesla deixou de integrar o índice S&P 500 ESG por falta de uma estratégia de baixo carbono detalhada, segundo a S&P Dow Jones Índices. A decisão deve surpreender investidores e tem potencial para provocar um impacto modesto sobre a ação da empresa.

"Alguns dos fatores que contribuíram para sua pontuação ESG de 2021 foram um declínio nas pontuações de nível de critérios relacionados à estratégia de baixo carbono e aos códigos de conduta empresarial da Tesla", escreveu Maggie Dorn, diretora sênior e chefe de índices ESG para a América do Norte da S&P Dow Jones Indices.

Elon Musk, diretor-presidente da Tesla | Foto: Creative Commons

A exclusão ocorreu também após a S&P Dow Jones Indices identificar acusações de discriminação racial e condições precárias de trabalho na fábrica de Fremont da Tesla.

Também pesou a forma como a empresa lidou com a investigação de reguladores nos EUA após múltiplas mortes e acidentes envolvendo os veículos com auto pilotagem da montadora.

ETF com CEOs de 'bom caráter" também deixa Tesla de fora

Essa não é a primeira vez que a empresa de Elon Musk fica de fora de algum índice ligado à governança. Lançado em março nos Estados Unidos, o ETF Return on Character (ou Retorno por caráter, na tradução livre), com o ticker ROCI, busca valorização visando as ações de empresas lideradas por executivos "de caráter”, de acordo com o prospecto do fundo.

Seguindo esses critérios, o EFT deixou de fora empresas como Meta e Tesla, que têm dois pioneiros em tecnologia no comando – no caso, Mark Zuckerberg e Musk. Na contramão, nomes como Apple e Amazon – comandadas por Tim Cook e Andy Jassy, respectivamente - estão entre as principais participações.

Na esteira dos excluídos, ainda está a Adobe Inc, cujo chefe Shantanu Narayen é o diretor presidente mais bem avaliado do Glassdoor - site americano que permite que funcionários e ex-funcionários avaliem empresas e seus executivos de forma anônima - com uma pontuação de aprovação de 99%.

Integridade, responsabilidade, perdão e compaixão

A estratégia do fundo de índice ROCI usa um modelo baseado em “integridade, responsabilidade, perdão e compaixão” para a escolha dos ativos, disse Dan Cooper, gestor da ROC Investments LLC em um comunicado. A taxa de administração do ROCI é de 0,49% ao ano.

Segundo ele, a pesquisa da empresa determina quais ações estarão incluídas, uma decisão que não é baseada em popularidade ou capitalização de mercado. O executivo se recusou a comentar o porquê de a Tesla e Meta serem omitidas no lançamento do ETF.

“Seria maravilhoso um dia se toda a Fortune 500 estivesse na lista. Não vejo isso como uma coisa estática.”

Dan Cooper, gestor da ROC Investments LLC

Quanta diferença faz um CEO em uma empresa?

O direcionamento pode parecer "amável", mas o ETF ROCI traz à tona um dos debates mais antigos da gestão organizacional: quanta diferença faz um diretor presidente em uma empresa?

Enquanto alguns descartam a tendência de atribuir o sucesso de uma empresa a um indivíduo, o cenário apresenta uma visão mais sutil. Alguns estudos destacam os danos causados ​​pela perda de um bom líder, enquanto um executivo de alto desempenho também precisa de uma boa empresa para ter sucesso.

“O negócio da ciência do personagem é um trabalho em andamento”, disse Cooper. “Como uma nova área de pesquisa, esperamos ser cada vez melhores a cada ano."

Metodologia de análise para a escolha das empresas

Para compor a carteira do ETF, os gestores usaram ferramentas proprietárias para analisar a linguagem pública dos diretores presidentes de aproximadamente das 1.000 maiores empresas nos EUA.

A partir daí são feitas diversas avaliações, sendo uma comportamental e outra de “controvérsias”, além de pontuação de caráter. De acordo com a ROC, uma reavaliação será feita anualmente.

As “controvérsias” na pesquisa do CEO da Tesla

De acordo com a análise da ROC, o comandante da Tesla, assim como o da Meta, sofreu na avaliação das “controvérsias”. Elon Musk, conhecido por sua franqueza, atraiu o escrutínio dos reguladores por seu uso do Twitter para expressar suas opiniões.

Um tweet de 2018 sobre fechar o capital da empresa acabou rendendo uma multa de US$ 20 milhões e a renúncia do executivo como presidente.

Já Zuckerberg enfrentou uma série de problemas na Meta, incluindo um processo por parte de um investidor sobre uma denúncia de que a plataforma de mídia social afeta negativamente a saúde mental dos adolescentes. / com Agência Estado

Sobre o autor
Bruna MiatoA Mais Retorno é um portal completo sobre o mercado financeiro, com notícias diárias sobre tudo o que acontece na economia, nos investimentos e no mundo. Além de produzir colunas semanais, termos sobre o mercado e disponibilizar uma ferramenta exclusiva sobre os fundos de investimentos, com mais de 35 mil opções é possível realizar analises detalhadas através de índices, indicadores, rentabilidade histórica, composição do fundo, quantidade de cotistas e muito mais!