Navalha de Ockham
O que é a Navalha de Ockham?
Navalha de Ockham (ou Ockham's Razor, conforme o termo original em Inglês) o nome dado a um princípio utilizado para determinar a probabilidade de nossas hipóteses estarem corretas ou não. Apesar de não se tratar totalmente de um viés cognitivo (como explicaremos em detalhes a seguir), a Navalha de Ockham também narra uma tendência mental: a de que, diante de uma série de hipóteses propostas por seres humanos, a mais simples seja também a que tem a maior chance de estar correta.
Uma das formas mais comuns de se expor a Navalha de Ockham está presente na curiosidade popular por seres alienígenas. Basta surgir um desenho esquisito em um milharal, por exemplo, que as pessoas começam a propor toda sorte de teorias para o ocorrido.
Desde de ETs que estão tentando estabelecer um relacionamento com os seres humanos a ETs deixando um aviso mortal para a nossa raça e, ainda, espíritos presos em outra dimensão querendo se comunicar.
No fim, muitos se sentem frustrados a descobrir que pessoas comuns produziram o desenho. Como não lembrar dos ingleses Doug Bower e Dave Chorley, responsáveis por vários dessas "produções alienígenas" no fim do século XX?
Para muitos, acreditar que não eram extraterrestres os autores dos desenhos era impossível. A verdade era considerada até mesmo chata ou simples demais.
E dá-lhe viés de confirmação, viés de congruência, efeito semelweis e percepção seletiva para amparar essa crença.
Como a Navalha de Ockham funciona?
Ao estudarmos a Navalha de Ockham, devemos manter em mente: ele narra uma tendência e é para lá de subjetivo.
No primeiro caso, é importante entender que o que a Navalha narra não é uma certeza absoluta: às vezes, a hipótese mais complexa pode sim ser a verdadeira. Portanto, não saia por aí tomando decisões apenas porque essa ou aquela opção é a mais simples.
Já no segundo, surge a seguinte pergunta: o que é simples para você? (In)Felizmente, não existe uma Lei Universal da Simplicidade. Cada pessoa, assim como o seu grupo, define a partir de suas características e vivências o que é mais simples ou não.
Um bom exemplo disso é o universo ficcional construído em Harry Potter. Para bruxos, o desaparecimento de um caneta ser ocasionado por um feitiço é uma explicação simples para o ocorrido. Para não bruxos, o mais fácil é acreditar que ela apenas se perdeu, sumiu etc.
A suposição complexa, para esse último grupo, é a verdadeira. Se a Navalha de Ockham fosse tida como uma regra incontestável e indiscutível, isso não seria possível, concorda?
Como tirar proveito da Navalha de Ockham na sua vida financeira?
Criar estratégias complexas para economizar, gastar e investir. Usar ferramentas complexas, cheias de números, fórmulas e outras variáveis que mal dá para entender.
Algumas pessoas sentem que quanto mais difícil e complicado fica, mais ela está se aprofundando em um tipo de conhecimento - especialmente o financeiro. Afinal de contas, todo novo aprendizado é um desafio. No fim, rola até uma "glamurização" do complexo.
O problema é que este nem sempre é o mais eficiente e/ou assertivo. Por vezes, apostar no mais simples, mas feito correta e consistentemente, traz resultados melhores com muito menos esforço.
Pode parecer o caso apenas de investidores que mergulharam de cabeça, mas ignorar a Navalha de Ockham somente por conta de um pensamento enviesado também se dá com pessoas comuns, lidando com o próprio pouco dinheiro que tem.
É o caso daquela pessoa que tem como gastos apenas a faculdade e o lazer, mas insiste em passar 5 horas em frente ao computador criando a melhor e mais abrangente planilha de gastos já vista. Quem não a conhece, pensa até que está gerenciando o orçamento de toda uma família, tamanho o número de campos inúteis para o seu perfil atual.
Com um aplicativo simples ou mesmo um bloco de anotações, ela teria o mesmo resultado (organizar os gastos), com muito menos esforço (de tempo, energia, mialgia e artrite).
Mas e você: o que tem complicado mais do que o necessário quando se trata do seu dinheiro?