Mercado de Crédito
O que é mercado de crédito?
O mercado de crédito é parte integrante do Sistema Financeiro Nacional, composto ainda pelos mercados de câmbio (moeda), capitais (valores mobiliários) e monetário (títulos públicos).
Sua importância é dada pelo seu estreito vínculo com o crescimento econômico. Quanto mais desenvolvido, melhor a alocação de recursos na economia. Organizado pelos bancos, tem por finalidade unir, via intermediação financeira:
- Poupadores: indivíduos que guardam recursos para se resguardarem de imprevistos e formarem patrimônio;
- Tomadores: empresas e governos com projetos que trazem produtividade e desenvolvimento.
Como direcionadores do crédito dentro da economia, essas instituições financeiras concedem e monitoram as suas operações de crédito, visto que assumem o risco quando emprestam.
Por que o mercado de crédito é tão caro no Brasil?
Entre os principais produtos do mercado de crédito temos:
- Crédito direcionado: operações do BNDES, crédito rural e financiamento imobiliário;
- Crédito livre: cheque especial, crédito consignado, crédito pessoal, rotativo de cartão de crédito, capital de giro (empresas), entre outros.
O “preço” do dinheiro, para cada um deles, é definido em função da taxa de juros.
Por mais que se culpe a concentração bancária, alguns fatores ajudam a explicar por que tomar crédito é tão caro no país:
- Informações limitadas sobre o tomador: impacta na avaliação de risco do cliente;
- Custos regulatórios: conjunto de normas que os agentes financeiros precisam atender;
- Crédito direcionado: sendo obrigatório, gera ineficiência na economia;
- Insegurança na execução de garantias: o poder judiciário é pouco previsível nas suas decisões, dificultando as chances de um contrato bancário ser honrado pelo cliente;
- Intervenção governamental: o uso dos bancos públicos para operações de crédito mais baratas aumenta a necessidade de financiamento por parte do governo.
Como resultado, o mercado de crédito não ultrapassa 62% do PIB brasileiro, conforme dados do Banco Mundial. A título de comparação, esse percentual sobe 192% do PIB no caso dos EUA.
Qual a relação entre mercado de crédito e mercado de capitais?
No mercado de crédito, as instituições bancárias são as responsáveis pelo mapeamento dos riscos e pela concessão de financiamentos.
No mercado de capitais, por sua vez, são os bancos de investimento, as corretoras e a bolsa de valores que viabilizam a ponte entre os investidores, que avaliam os riscos por conta própria, e as empresas e governos.
Ambos são impactados quando o ambiente econômico apresenta restrições ao crédito, seja por meio de uma legislação inadequada ou de custos regulatórios excessivos. Como consequência, o custo de crédito é maior e mais concentrado no setor bancário.
O que define o spread no mercado de crédito?
O custo de captação de um banco representa aproximadamente 39% do custo de crédito.
A diferença entre o quanto ele paga ao poupador e o quanto ele cobra do tomador é conhecido como spread, calculado a partir dos seguintes componentes:
- Inadimplência (23%): inclui os custos de cobrança e recuperação do crédito;
- Estrutura administrativa (15%);
- Impostos e encargos (14%): IOF, PIS, Cofins, CSLL e Imposto de Renda, além do Fundo Garantidor de Créditos (FGC);
- Margem de lucro (9%).
Qual a importância do cadastro positivo para o mercado de crédito?
Percebe-se que, depois do custo de captação, a inadimplência é o maior custo do mercado de crédito. Até o surgimento do cadastro positivo, os bancos só tinham informações a respeito de agentes que já se encontravam inadimplentes.
Ao se incluir as informações de bons pagadores, os bancos podem precificar melhor o risco do cliente, deixando de lado a métrica do risco médio da carteira de crédito.
Isso elimina um problema que os bancos sempre enfrentaram, chamado de “seleção adversa”. Quando a taxa de juros média é muito alta, ela afasta os bons clientes ao mesmo tempo em que subsidia e atrai, com taxas menores, os clientes com maior risco de inadimplência.