Lacuna de Empatia
O que é o Lacuna de Empatia?
Lacuna de empatia (ou empathy gap) é o nome dado a um viés cognitivo que age sobre todos os seres humanos.
Para explicá-lo, mais do que uma definição técnica, usaremos um exemplo prático (e acredite, você nunca mais vai esquecer esse conceito que tanto interfere na sua vida).
Pense nos seus tempos de estudante, seja passado ou presente. Quantas vezes você já adiou uma tarefa que te parecia chata ou entediante, como a resolução de um exercício, por exemplo, acreditando que teria mais disposição para realizá-lo em outro momento? E pior: quando esse “outro momento” chegou, se sentiu ainda menos disposto?
Existem ainda vários exemplos parecidos no nosso cotidiano, quando nos convencemos de que:
- Daqui 5 minutinhos, será mais fácil levantar, então vale a pena apertar o botão de soneca agora;
- Amanhã será mais fácil ir à academia, então tudo bem ficar deitado no sofá “só hoje”;
- Na segunda-feira será mais fácil escolher a fruta em virtude do chocolate, então não é preciso começar a dieta hoje.
Se você já passou por qualquer uma dessas situações, sabe que não passam de mentiras que contamos a nós mesmo. Mas por que fazemos isso?
A culpa é da lacuna de empatia. Segundo ela, o nosso cérebro tem uma ótima capacidade de nos imaginar realizando ações no futuro, mas falha em antecipar como nos sentiremos.
Ouvimos a vida inteira em como a empatia nasce da nossa capacidade de nos colocar no lugar do outro, mas temos limitações em nos colocar no lugar do nosso próprio eu futuro.
É por isso que você se imagina resolvendo os exercícios da escola/faculdade amanhã, mas não considera que a mesma resistência que tem agora será sentida depois. Pois é, é o equivalente ao “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” do seu próprio cérebro.
Qual é a origem da Lacuna de Empatia?
Ali no primeiro tópico, te contamos que a lacuna de empatia é um viés cognitivo.
O viés é uma falha de lógica humana, com origem nos processos neurológicos, que interpreta erroneamente os dados, as informações e a realidade ao nosso redor. Em suma, os vieses se amparam em paralogismos: mentiras que parecem verdades.
E não é exatamente isso que fazemos ao nos convencer de que no futuro estaremos mais dispostos a realizar uma atividade, contar a nós mesmos uma mentira com cara de verdade? Afinal, quando o futuro chega nós percebemos o tamanho da balela que nos contamos.
Em geral, a lacuna de empatia se faz mais presente quando há um choque entre as nossas necessidades atuais e o nosso planejamento a longo prazo.
Como quando estamos com fome e loucos por um docinho (necessidades atuais), mas isso vai de encontro à nossa meta de ter mais saúde (planejamento a longo prazo).
O seu cérebro, após milhões de anos de evolução, sabe que te manter vivo agora é a prioridade número 1. Afinal, do que adianta comer uma folha de alface, que te beneficiará a longo prazo, se você vai morrer de hipoglicemia severa nas próximas horas?
É claro que, hoje em dia, as nossas necessidades atuais raramente envolvem casos de vida ou morte. Pelo contrário, têm um apelo muito mais emocional do que físico. No entanto, o cérebro permanece dando um peso maior às exigências e vontades de hoje do que às de amanhã.
Como o Lacuna de Empatia influencia o seu comportamento financeiro?
São tantos os exemplos da ação da lacuna de empatia nas finanças que nós até temos que filtrá-los.
Começando pelo comportamento de consumidor, a lacuna de empatia é o que nos faz gastar o dinheiro que juramos economizar, com a desculpa de que “no mês que vem eu guardo”. Ou então, sair para comer fora quando juramos cozinhar em casa para economizar. Em resumo, é o centro das nossas desculpas consumistas.
Já no comportamento de investidor, é ela a responsável pela sua (superada, esperamos) despreocupação com poupar para objetivos de longo prazo.
Sabe aquela sua tia que se recusa a investir para a aposentadoria porque pode morrer amanhã ou ainda tem “tempo de sobra” para se preocupar? Devido à lacuna de empatia, ela é incapaz de se colocar no lugar do seu eu futuro, que além de limitações físicas, sofrerá ainda com alto grau de estresse, ansiedade e desespero por depender exclusivamente do INSS para sobreviver.