Inflação de Custos
O que é Inflação de Custos
Inflação de Custos, ou Inflação de Oferta, é o termo usado para designar a inflação que surge quando a demanda por certos bens e serviços permanece estável, enquanto o custo de produção aumenta. Desta forma, existe mais demanda do que oferta (embora a demanda, por si mesma, não tenha aumentado), o que gera uma pressão para o aumento dos preços.
Entendendo a Inflação de Custos
Em primeiro lugar, é preciso diferenciar a inflação de custos da inflação de demanda, também chamada de "true inflation", isto é, inflação verdadeira. A inflação de demanda só ocorre quando o nível de demanda agregada é superior ao nível de produção. Esse fator não é visto no caso da inflação de custos.
Quando o custo de produção de bens e serviços se eleva (devido a aumentos de salário, alta no preço dos insumos ou outros fatores), o incentivo para continuar a produção diminui. Como resultado, ocorre uma redução na oferta do bem ou serviço no mercado. E, já que a demanda continua estável, o preço aumenta.
Nesse cenário, temos a chamada “inflação de custos induzida”, que é resultado do aumento no custo de produção. Para entender melhor, vamos trabalhar com um exemplo.
Digamos que o governo decida promover um forte aumento no valor do salário mínimo. As empresas são obrigadas a observar o aumento e, ainda, os funcionários pressionam para que seus salários sejam reajustados em proporção a esse novo valor. Naturalmente, isso aumenta os custos do negócio, e é muito possível que as empresas decidam reduzir sua produção, por exemplo, com as fábricas passando a operar em apenas um turno.
Como consequência, menos produtos chegarão ao mercado. Porém, perceba que não aconteceu nada que promova uma queda na demanda. Se a demanda continua a mesma, enquanto a oferta cai, ocorre uma mudança na relação que leva ao aumento dos preços.
Vale a pena notar, ainda, que a capacidade produtiva plena das empresas não foi reduzida. Ela apenas não está sendo aproveitada, pois não existe incentivo para isso.
Outro fator muito importante para a ocorrência da inflação de custos é o câmbio. A maioria das empresas depende de algum insumo importado e, portanto, quando o câmbio torna-se desfavorável para a importação, os custos de produção aumentam. Com isso, a empresa diminui sua produção, levando a uma redução na oferta e aumento nos preços.
Além do salário e do câmbio, o preço do petróleo é outro elemento que tipicamente exerce forte impacto na inflação de custos. Não apenas o petróleo e seus derivados são insumos essenciais em muitas indústrias, como os combustíveis produzidos a partir do petróleo são essenciais para o funcionamento da cadeia logística.
Existe um outro tipo de inflação de custos, chamada de autônoma. Ela não está necessariamente relacionada a aumento nos custos de produção. Em vez disso, ocorre em mercados nos quais há monopólio ou oligopólio, já que as empresas que dominam esses mercados podem controlar oferta e preço.
Nesse caso, uma empresa que tem o monopólio de um segmento pode voluntariamente reduzir a oferta do seu produto no mercado. Com isso, deverá forçar um aumento dos preços, já que a demanda permanece estável.
Inflação de Custos e Políticas Econômicas
Sabemos que alguns dos fatores que geram impacto direto sobre a inflação de custos são salários, taxa de câmbio, preço de commodities e taxas de juros. Todos esses são fatores sobre os quais o Estado pode exercer influência, por meio de políticas econômicas.
O exemplo mais simples, como já vimos, é o do aumento do salário mínimo, que gera um efeito cascata no salário de todos os trabalhadores do país e, assim, afeta os custos da atividade empresarial.
No caso da taxa de juros, o governo pode optar em reduzir a Taxa Selic, que é referência para as taxas de juros praticadas nos bancos. Assim, o custo de empréstimos e financiamentos para as empresas pode aumentar ou diminuir.
Porém, isso não significa que o Estado tenha liberdade para adotar políticas econômicas visando apenas acabar com a inflação de custos. Por mais que a inflação seja considerada indesejável, as decisões que o governo toma geram impactos multifacetados.
Por exemplo, uma taxa de câmbio elevada pode ser prejudicial, do ponto de vista dos custos de importação. No entanto, uma taxa muito baixa é também prejudicial para a exportação. Desta forma, quando o governo estabelece políticas cambiais ou outras, ele busca manter um equilíbrio entre as várias consequências que elas podem trazer.