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Inércia Inflacionária

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:19/12/2019 às 08:37 - Atualizado 5 anos atrás
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O que é inércia inflacionária?

Inércia inflacionária diz respeito ao processo em que a inflação passada se reflete nos preços presentes.

Uma das formas mais comuns de inércia inflacionária é a indexação, mecanismo que reajusta automaticamente os preços de salários e benefícios assistenciais, além de determinados bens e serviços especificados em contrato (aluguéis, por exemplo) ou administrados (como a energia elétrica).

Ela tende a se perpetuar na economia por qualquer um dos seguintes fatores:

  • Definição de uma meta de inflação mais alta;
  • Falta de credibilidade do Banco Central (BC);
  • Expectativa dos agentes, que esperam uma inflação ainda alta no futuro.

Qual a relação entre inércia inflacionária e política monetária?

 

Quando há inércia inflacionária, os juros devem ser mais altos, visto que a inércia só se reduz ao longo do tempo. Para combatê-la, são necessárias algumas etapas:

  1. Controlar a inflação atual;
  2. Se comprometer com uma meta;
  3. Propor uma redução escalonada da meta nos anos seguintes.

Qual o peso da inércia inflacionária na composição do IPCA?

A metodologia

Todo início de ano, o BC divulga, por meio de um “boxe” (quadro explicativo) no Relatório de Inflação, uma estimativa de como cada um dos componentes abaixo influenciou o IPCA do ano anterior, mostrando os elementos que fizeram com que ele se distanciasse da meta:

  • Inércia inflacionária;
  • Expectativas: a diferença entre o que os agentes econômicos esperam em relação à inflação e a meta;
  • Inflação importada;
  • Choques de oferta;
  • Outros.

A metodologia parte do pressuposto de que todos eles são “neutros”; ou seja, como se estivessem retratando a economia em um momento “zero”. Conforme o andamento do ano calendário, eles são substituídos com os valores coletados, identificando as causas dos desvios.

O ano de 2018

Tomando o ano de 2018 como exemplo, temos:

  • A inércia inflacionária de 2017 contribuiu em -0,46% para a inflação de 2018;
  • As expectativas, com um valor de -0,32%;
  • A inflação importada foi responsável por 0,94%, por conta da desvalorização do real, decorrente das incertezas com as eleições presidenciais;
  • Os choques de oferta exerceram pouca influência, com uma influência de -0,06%, apesar da greve dos caminhoneiros.

Conclui-se então que:

  1. A inércia inflacionária teve um peso relevante na inflação do ano seguinte;
  2. Juntamente com as expectativas, a inércia neutralizou boa parte da alta inflacionária que seria observada em função do câmbio.

Por que a inércia inflacionária mudou mais recentemente?

Até 2015, as despesas do governo cresciam 6% acima da inflação, dada a política fiscal e a de concessão de crédito público. Entretanto, a partir de 2016, esse adicional deixou de existir, dada a aprovação do teto de gastos.

Ao mesmo tempo, o BC adquiriu credibilidade na condução da política monetária, o que ajudou nas expectativas de inflação. Adicionando a alta capacidade ociosa na economia, a inércia contribuiu negativamente para a inflação dos anos seguintes (como visto no ano de 2018).

Dito isso, a tendência é que a inflação futura esteja abaixo do centro da meta, o que faz com que o ajuste seja necessário hoje. Uma inflação abaixo da meta, durante um longo período de tempo, significa que os juros estão acima do ideal.

Qual fator pode mudar a trajetória da inércia inflacionária em 2020?

Apesar do lento crescimento da economia, baixas taxas de juros tornam os financiamentos mais baratos, estimulando os agentes a tomarem crédito via:

  1. Bancos privados;
  2. Mercado de capitais (emissão de títulos).

Diferentemente do crédito direcionado (definido em função de políticas públicas), ambos favorecem de forma mais abrangente a atividade econômica, sendo perceptíveis após um período de 6 meses.

Isso poderá reduzir rapidamente a capacidade ociosa, gerando pressões inflacionárias para os próximos anos.

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