Incerteza
O que é Incerteza?
Na Língua Portuguesa, “incerteza” é um substantivo feminino que pode significar: falta de certeza, dúvida, hesitação, indecisão e imprecisão. De modo geral, a definição mais completa é como um “estado ou caráter do que é incerto”.
Na economia, é caracterizado como uma conjectura em que os rumos a serem tomados pelo mercado não são considerados previsíveis - ou seja, são incertos.
Por vezes, entende-se que a incerteza é uma definição por demais subjetiva. Ainda assim, tamanho é o seu impacto no planejamento econômico, alguns indicadores foram criados como forma de “contabilizar” a sua incidência.
Como surge a incerteza dentro da Economia?
Os primeiros estudos aprofundados sobre a Incerteza Econômica foram realizados pelo economista americano Frank Hyneman Knight, que teve grande parte da sua vida acadêmica e profissional atrelada a Universidade de Chicago.
Durante os seus estudos, que resultaram em 1921 no livro chamado “Risk, Uncertainty, and Profit” (traduzido como Risco, Incerteza e Lucro), Knight concluiu que a incerteza econômica é uma situação que não apresenta nenhum tipo de previsão sobre suas possibilidades.
Ele ressalta, ainda, a diferença entre risco e incerteza: o risco pode ser considerado uma situação mensurável, enquanto a incerteza não oferece nenhum tipo de presunção.
Anos mais tarde, o economista americano John Maynard Keynes, em seu livro “A Teoria geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, também apresenta descrições sobre as diferenças entre risco e incerteza.
Segundo ele, o risco pode ser comprovado através da teoria da probabilidade, enquanto a incerteza se baseia, apenas, em estimativas subjetivas. Sendo assim, concluiu que são incertos todos os fenômenos incalculáveis pela probabilidade.
Seja qual for a definição exata que melhor sirva à sua compreensão, a incerteza sempre traz insegurança para investidores, empresas e órgãos públicos, uma vez que leva a uma situação de instabilidade e não permite a estruturação de planejamentos futuros.
Tal conceito possui extrema relevância para a dinâmica econômica, por isso tornou-se um indicador calculável.
Como funciona a incerteza na economia brasileira?
A incerteza pode ser considerada um fator impulsionador para a recessão e tem relação direta com as tensões políticas e econômicas presentes no território nacional.
Por esse motivo, o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) criou em 2016 o Índice de Incerteza da Economia Brasil (IIE-Br), apresentado como uma forma de se “medir a instabilidade”.
Esse índice, atualizado mensalmente, leva em consideração três quesitos para compor sua fórmula. São eles:
- IIE-Br-Mídia: fator responsável por contabilizar a frequência de notícias (dos principais jornais) que utilizaram do termo “incerteza”;
- IIE-Br-Expectativa: que utiliza como base as previsões tiradas das relações das empresas com a taxa de câmbio e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo);
- IIE-Br-Mercado: que se baseia na volatilidade do mercado financeiro.
O levantamento de dados para seu cálculo é feito entre os dias 26 do mês anterior e 25 do mês de vigência.
A incerteza econômica na prática
No seu dia a dia, o contato mais comum com o termo incerteza está atrelado a produções nos meios de comunicação, como jornais e sites especializados.
Para facilitar a compreensão de como o conceito é apresentado, separamos para você um trecho de uma notícia da Isto É, publicada no portal Terra Notícias, com atualizações de maio de 2019:
“O Indicador de Incerteza da Economia Brasileira (IIE-Br) subiu 2,2 pontos na passagem de abril para maio, alcançando 119,5 pontos, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira, dia 31. Com o resultado, o indicador persiste na região de incerteza elevada (acima de 110 pontos)”.
“A segunda alta seguida do Indicador de Incerteza reflete principalmente a instabilidade do ambiente político brasileiro. No cenário externo, a guerra comercial entre EUA e China também vem contribuindo para que a incerteza permaneça elevada e influencie, em menor magnitude, o resultado.
É possível que o IIE-Br recue nos próximos meses, quando se terá maior clareza quanto à aprovação da reforma da Previdência e com relação ao abrandamento das tensões entre o Executivo e Legislativo”, avaliou a pesquisadora Raíra Marotta, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.”