Gestão de Riscos
O que é gestão de riscos?
Existe algum negócio sem risco? Certamente não. O motivo é o fato do risco estar ligado à incerteza, o que compromete um ou mais objetivos quando ele se materializa.
Antes identificados pelo tipo de atividade exercida, hoje os principais riscos que podem impactar uma empresa são:
- Estratégia e reputação: imagem institucional;
- Financeiros: relacionados às decisões de investimento, dada a necessidade de liquidez e as condições do mercado de crédito;
- Operacionais: ligados aos produtos e serviços oferecidos;
- Regulatórios: definidos pelo setor de atuação;
- Cibernéticos: vazamento de dados e ataques cibernéticos.
Na gestão de riscos, dá-se um direcionamento a cada um deles, levando-se em conta seu impacto financeiro e a sua probabilidade de ocorrência. Assim, riscos podem ser:
- Evitados;
- Reduzidos (pela contratação de terceiros);
- Transferidos (via contratação de seguros);
- Aceitos (seus custos são incluídos no planejamento orçamentário).
Esses procedimentos são normalmente implementados por empresas de capital aberto e/ou estrangeiras, dado o nível de exigência de seus investidores. As empresas menores passam a adotá-los, em um segundo momento, para não perder os seus principais clientes.
Como as empresas criam os seus programas de gestão de riscos?
Ele é desenvolvido por meio de:
- Mapeamento pelas áreas responsáveis;
- Definição de políticas;
- Documentação;
- Adoção de medidas de prevenção;
- Treinamento de funcionários.
Entretanto, ele não se limita a isso. Monitoramento e revisão, para acomodar novos fatos, também são importantes.
Uma das maiores dificuldades de se implementar a gestão de riscos está no fato dela representar um custo para as empresas, não trazendo benefício financeiro imediato. Além disso, ela recebe menor peso (não mais do que 20%) nas metas que remuneram os executivos.
Qual a relação entre gestão de riscos e mercado de capitais?
Eventos inesperados afetam os preços das ações e, consequentemente, o valor de mercado das empresas. Quando o problema se limita a um produto ou serviço defeituoso, as ações costumam se recuperar. Porém, o mesmo não ocorre nos casos de fraudes, corrupção ou danos ao meio-ambiente.
O acidente em uma barragem da Vale no início de 2019 ilustra bem o caso. No dia anterior à tragédia, a empresa tinha um valor de mercado de R$ 296,7 bilhões. Após o incidente, a empresa perdeu R$ 73 bilhões em um único pregão. Até o momento, ela não se recuperou. Seu valor aproximado é de R$ 280 bilhões.
Parte da explicação para essa diferença é a dificuldade de se verificar se as práticas inadequadas foram eliminadas.
De acordo com a pesquisa Global Consumer Pulse, conduzida pela Accenture Strategy, 77% dos consumidores levam em conta os valores éticos de uma empresa quando avaliam as suas decisões de consumo. Na dúvida, boicotam os seus produtos.
Outra parte é relacionada aos custos não previstos das indenizações, tanto ao público afetado diretamente como os decorrentes de processos movidos por investidores.
Como é feita a gestão de riscos no mercado financeiro?
Os riscos do mercado financeiro são de outra natureza:
- Risco de mercado: o impacto de variáveis macroeconômicas, como taxa de juros, nos preços dos ativos;
- Risco de crédito: é o risco de inadimplência;
- Risco de liquidez: quanto mais líquido um ativo, mais facilmente ele se transforma em dinheiro;
- Risco operacional: falhas em sistemas de pagamento ou negociação de ativos.
Um dos instrumentos mais conhecidos para a gestão de riscos é o VaR (Value at Risk), que toma como base a distribuição dos retornos esperados em 95% e 99% dos casos (distribuição normal). Ainda assim, ele possui uma importante limitação: não mensura a perda máxima de uma carteira nos outros 5% e 1%; ou seja, nos eventos extremos.
O VaR se tornou popular pela falsa sensação de segurança que transmitia, o que induziu ao seu uso sem muito critério. Dito isso, a crise de 2008 deixou um lembrete a todos. A inclinação ao risco (“risk-on”) ou o seu distanciamento (“risk-off”) depende de um fator inerente ao ser humano: sua expectativa em relação ao futuro.