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Evidência Anedótica

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:20/09/2019 às 02:53 - Atualizado 5 anos atrás
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O que é a Evidência Anedótica?

Evidência anedótica (ou anecdotal evidence) é o nome dado a uma anedota que, em uma discussão ou reflexão, deixa o seu caráter pessoal e específico e adquire caráter científico.

Muito da evidência anedótica pode ser observada, hoje em dia, em debates online. A depender do tema, situações muito subjetivas, sem qualquer tipo de comprovação racional, são usadas como prova incontestável de um ponto de vista.

A sua principal função, portanto, é servir de base para o desenvolvimento do viés de confirmação - um processo mental baseado em buscar, interpretar e se recordar de informações que confirmem as opiniões e visão de mundo de uma pessoa.

Não existem limites temáticos para a evidência anedótica. Ela pode te atingir em questões amorosos a políticas e financeiras.

Um exemplo esdrúxulo de sua ocorrência é um sujeito que, diante de uma notícia de que dirigir embriagado aumenta o risco de acidentes, tenta negar esse fato. Alegações como “eu sempre fiz isso e nunca tive nenhum problema” são muito comuns - e ai de quem tentar trazer dados estatísticos de mortes no trânsito causadas por motoristas bêbados.

No mínimo, é bem provável que ele vá levantar o nome de todos os parentes e amigos dele que fizeram o mesmo e “nunca mataram nem uma mosca”.

Parece um caso muito isolado e que em nada se aplica a você? Pois tenha cuidado para não cair no viés do ponto cego.

Ainda que o seu comportamento como condutor seja irretocável, existem muitos momentos em que usamos a evidência anedótica no nosso próprio dia a dia, de forma mais sutil, e que merecem a nossa atenção. Do contrário, prejuízos em nosso julgamento de mundo podem se reverter também em prejuízos emocionais, profissionais e, claro, financeiros.

Qual é a origem da Evidência Anedótica?

Tentar encontrar uma única fonte para um fenômeno mental é como tentar desmontar um ponto no meio da peça de tricô: tudo está tão interligado que é praticamente impossível isolar um fragmento.

No caso da evidência anedótica, ela está ligada a muitos outros vieses, de forma que se retroalimentam.

Um viés é todo o equívoco em nosso raciocínio lógico, que faz com que interpretemos erroneamente a nossa realidade (em parte ou integralmente).

O viés de autorreferência é um dos principais vieses ligados à evidência anedótica. Segundo ele, tendemos a nos lembrar mais facilmente de fatos e dados quando ligados a nós mesmos.

Esse processo é uma das explicações do porquê damos um peso maior aos acontecimento da nossa própria vida do que a provas científicas, por exemplo.

Em especial, se esse acontecimento comprova uma visão que já temos do mundo. Se a partir do viés de negatividade acreditamos que a cidade está cada vez mais insegura, mas pesquisas indicam que a violência caiu em 5%, logo nos lembramos daquele assalto sofrido por um amigo para justificar nossa opinião.

Isso porque o cérebro é mais resistente a mudanças de ponto de vista do que imaginamos. E como a aversão à dissonância cognitiva nos impede de sermos descaradamente incoerentes quanto ao que pensamos, falamos e fazemos, logo precisamos encontrar um argumento que explique o porquê de acreditarmos viver em uma cidade mais violenta quando isso não é verdade.

Ao invés de assumir estarmos errados, a saída que encontramos é duvidar dos dados e convocar a nossa experiência pessoal como fundamento. Nada racional, certo?

Mas em geral, nos acalma e ajuda a não duvidarmos de nossas perspectivas corriqueiramente.

Como a Evidência Anedótica afeta as suas finanças?

Exemplos de evidência anedótica na vida financeira temos para dar e vender.

No caso do investidor, um ótimo caso é o daquela sua tia que insiste que “investir” na poupança é muito melhor do que qualquer outro produto financeiro existente. E mesmo que você convoque todo o histórico de rentabilidade dos títulos públicos, CDBs e fundos de investimentos a seu favor, ela continua a te desmentir com frases como “o seu primo de terceiro grau tirou o dinheiro da poupança e perdeu tudo”.

Não importa se é um caso isolado: nenhum dado matemático pode desmentir o seu primo de terceiro grau!

Já no caso de consumidores, os palpites quanto a comprar ou não um produto são protagonistas natos de evidência anedótica. E daí que as pesquisas indicam que tal carro é recordista em falhas mecânicas?! “Eu comprei e nunca fiquei na mão”!

Se você já percebeu o quanto esse julgamento particular é perigoso, é preciso tomar duas precauções para se defender dos prejuízos ligados à evidência anedótica. A primeira é se atentar para o quanto você mesmo usa casos pessoais como argumentos com ar de verdades absolutas.

Já a segunda é perceber o quanto as pessoas com quem você discute fazem o mesmo. A falta de abertura delas para argumentação fundamentada impregna seus discursos e, se você não estiver atento a outras perspectivas, logo serão os seus também.

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