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Efeito Placebo

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:07/10/2019 às 05:58 - Atualizado 5 anos atrás
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O que é o Efeito Placebo?

Efeito Placebo é o nome dado a um fenômeno neurológico, segundo o qual os animais apresentam respostas fisiológicas (analgésicas, antibióticas, tranquilizantes etc.) a um tratamento médico que não tem propriedades curativas.

Dizemos “animais” porque, apesar de quase sempre nos referirmos ao efeito placebo aplicado aos seres humanos, ele é comum a todo o nosso reino biológico.

A descoberta do efeito placebo, aliás, surge justamente dos estudos de condicionamento clássico em cães.

Foi o fisiologista russo (e laureado do Nobel de Medicina!) Ivan Pavlov quem observou como cachorros, treinados a associar a presença de uma pessoa ou ruído sonoro à comida (que era dada em seguida), secretavam saliva e suco gástrico já diante desses gatilhos.

Em Português claro: ele percebeu que, com o tempo, o corpo dos bichos respondia à comida antes mesmo de recebê-la, apenas com a presença dos associados (pessoas, sons, luzes etc.).

A conclusão, confirmada mais de um século depois em estudos renomados, é que humanos passam pelo mesmo processo, especialmente na área médica.

Aqui, o placebo é um comprimido, injeção ou qualquer terapia farmacológica que, na verdade, não possui qualquer princípio curativo. Por vezes, trata-se apenas de solução salina ou pílulas de açúcar.

No entanto, como estamos condicionados a responder fisiologicamente aos medicamentos (suprimindo a prostaglandina, por exemplo, no caso do tratamento de dores), o corpo reage da mesma maneira ao placebo. Para tanto, é claro, se faz necessário que não saibamos que se trata de um remédio “falso”, de modo que o cérebro possa ser devidamente “enganado”.

E muito embora possa parecer que nada disso tem ligação com outros vieses cognitivos e com a sua vida financeira, o efeito placebo é uma das melhores formas de explicar como nos adaptamos para concretizar nossa visão de mundo.

Qual é a diferença entre Efeito Placebo e Efeito Nocebo?

Antes de prosseguirmos, é importante salientar a existência de um irmão menos famoso do efeito placebo: o efeito nocebo.

No efeito nocebo, o indivíduo também tem reações de natureza psicológica e bioquímica diante da presença de um gatilho, mas tais consequências são danosas.

Ou seja, enquanto sob o efeito placebo a pessoa se sente curada de certos sintomas, no efeito nocebo acontece justamente o contrário: dores, desconfortos e afins são sentidos pelo corpo.

Um exemplo comum é o da pessoa que, mordida por uma cobra, passa a sentir taquicardia, náuseas etc. (sintomas típicos de envenenamento), mesmo que não se trate de uma cobra peçonhenta. O mesmo se dá quanto a outros animais dos quais ela tenha medo.

O que o Efeito Placebo diz sobre você?

Se o efeito placebo é tão forte (e o seu irmão também!), por que não desenvolvemos logo uma série de remédios “falsos” e curamos todas as pessoas da Terra?

Bom, é verdade que os placebos têm resultados interessantes nos processos de cura, mas eles não são infalíveis. Nem mesmo os medicamentos tradicionais o são.

Tanto é verdade que, em diversos países, o placebo é tido como uma “nota de corte” para a aprovação de remédios antes que sejam liberados para distribuição. Para serem liberados, eles devem ultrapassar o percentual de sucesso do placebo significativamente (praticamente um benchmark dos fármacos).

Contudo, se não é o placebo a solução para todas as nossas questões médicas, ele é ótimo para ilustrar como outros vieses agem em nossa vida.

Ele próprio, o efeito placebo, é considerado um tipo de viés cognitivo, visto que o cérebro interpreta e responde a um estímulo externo de maneira equivocada.

Cientificamente, entende-se que o principal viés ligado ao efeito placebo é o viés de confirmação, segundo o qual tendemos a buscar, interpretar e nos recordarmos de informações que confirmem as nossas opiniões e visão de mundo.

No caso dos remédios, isso significa buscar no nosso próprio corpo sinais de que o fármaco fez efeito, afinal de contas, “sempre que eu tenho uma dor de cabeça, esse comprimido me ajuda”. Ou seja, se acreditamos que ele funciona, nos esforçamos para confirmar isso.

Mas se somos tão convincentes a ponto de adaptarmos até as nossas respostas bioquímicas para satisfazer as nossas crenças, o que somos capazes de fazer em áreas que exigem muito menos esforço físico?Sobretudo, naquelas em que o nosso emocional é um imperador soberano (como em boa parte do comportamento financeiro!)?

Para obter a resposta, leia o artigo completo que preparamos sobre viés de confirmação aqui. Nele, explicamos a sua origem psicológica e como podemos nos atentar para mitigar o seu poder.

Isso porque ainda que o efeito placebo ajude a eliminar tantas dores físicas, ele não faz o mesmo com as dores financeiras. Uma pena!

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