Efeito Fisher
O que é Efeito Fisher?
O Efeito Fisher foi desenvolvido pelo economista norte-americano Irving Fisher no início do século XX. De acordo com ele, que passou grande parte da sua vida estudando temas como moeda, inflação e juros, a taxa nominal de juros de um país se altera em função de:
- Mudanças na taxa de juros real;
- Mudanças na expectativa de inflação.
Dito de outra forma, a taxa de juros nominal de equilíbrio é igual à taxa de juros real, acrescida da expectativa de inflação no futuro:
i = r + Ep
Onde:
- i = taxa nominal;
- r = taxa de juros real (variável não monetária da economia, visto que reflete as condições de financiamento do governo);
- Ep = inflação esperada
Dessa equação, conclui-se que:
- Uma taxa nominal mais alta que a de equilíbrio torna a taxa de juros real temporariamente maior, o que desestimula a atividade econômica e, consequentemente, desacelera a inflação;
- Uma taxa nominal mais baixa que a de equilíbrio torna a taxa de juros real temporariamente menor, gerando maior dinamismo na economia, que se reflete no aumento de preços.
Qual a relação entre o Efeito Fisher e a política monetária?
Por ser um dos principais conceitos da economia moderna, o Efeito Fisher é contemplado nos modelos macroeconômicos utilizados pelos banqueiros centrais para decisões de política monetária. Ao indicar a taxa “i”, coloca em evidência a inflação projetada, atuando sobre as expectativas racionais dos agentes.
Isso explica porque as autoridades monetárias monitoram de forma tão atenta a evolução das expectativas de inflação. Se o juro nominal não é elevado quando elas se deterioram, o resultado esperado é mais inflação no futuro.
Como o Efeito Fisher explica o juro real no Brasil?
O passado recente do país ajuda a entender como o Efeito Fisher funciona na prática. Entre 2002 e 2007, o juro real caiu de 9% para 6% ao ano. Nos anos seguintes e até 2015, essa taxa se manteve, exceto pelo período entre 2012 e 2013, quando houve uma tentativa do governo de forçar artificialmente a queda da SELIC.
Como consequência dessa manobra política, o mercado financeiro ajustou para cima a taxa de juros real. Isso ocorreu em função da elevada relação dívida/PIB do governo, que indica, via a taxa de juros demandada para os papéis públicos, o seu nível de solvência.
Quanto maior o endividamento público, maior o custo (juros) para se levantar recursos.
Qual a polêmica em torno da fórmula de Irving Fisher?
Passados mais de 10 anos desde a crise de 2008, o que se constatou é que a redução das taxas de juros nominais a níveis nunca vistos, somada aos programas de afrouxamento quantitativo lançados pelos principais bancos centrais do mundo, não fez com que a inflação retornasse aos mesmos patamares anteriores à crise.
Isso tem levantado uma série de debates acadêmicos em relação ao conceito firmemente consolidado entre os bancos centrais de que os juros são o principal instrumento de controle da inflação.
O que é o Efeito Fisher Internacional?
Durante a década de 30, Fisher desenvolveu um modelo para se prever a taxa de câmbio entre várias moedas, tendo como base a taxa de juros nominal, desde que:
- Não houvesse restrição para a compra e venda entre elas;
- A taxa nominal fosse a taxa livre de risco.
De acordo com o Efeito Fisher Internacional, as taxas de juros reais de cada moeda não se alteram pois qualquer discrepância é neutralizada por meio das operações de arbitragem. Assim, o valor de uma moeda, em relação à outra, pode ser determinado em função da diferença entre as taxas de juros nominais de cada país.
Entretanto, o mundo real nem sempre segue essa lógica. Com tantos países adotando políticas pouco convencionais para defender as suas economias, esse modelo deixou de ter aplicações práticas.