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Efeito Disposição

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:22/11/2019 às 06:02 - Atualizado 4 anos atrás
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O que é o Efeito Disposição?

Efeito disposição (ou Disposition Effect, em Inglês) é o nome dado a um tipo de viés cognitivo, aplicado especificamente aos investidores e seus títulos.

Por definição, se caracteriza como a tendência mental que eles (ou nós, se preferir) têm de vender ações com lucro em um curto período de tempo, mas, ainda assim, manter ações com prejuízo por um longo período de tempo.

Em outras palavras, os papéis mais lucrativos têm o seu tempo de vida nas carteiras de investimentos reduzido, enquanto os "danosos" aqui têm lugar cativo.

Parece louco, certo? Afinal, se os prejuízos se intensificarem com o passar dos períodos, o investidor apenas perde mais dinheiro. Contudo, a sua postura é exatamente a contrária: garantir logo os lucros com as ações que se valorizaram e esperar que as outras sofram um revés. Isto é, limitar as perdas não é suficiente; é necessário lucrar ou não se abandona o barco.

Uma das principais explicações para isso está no chamado Efeito Reflexão. Como parte da Teoria do Prospecto, ele dita que nós, seres humanos, tendemos a sentir de forma mais impactante as perdas do que os ganhos, mesmo que sejam quantitativamente iguais.

Quer dizer, se uma pessoa perde 100 reais em um dia e ganha 150 no outro, a dor da perda do primeiro dia ainda é mais fortemente sentida do que a alegria do prêmio recebido no segundo.

E como isso se relaciona com o efeito disposição, precisamente?

Vejamos: querendo evitar o sofrimento causado pelo prejuízo na queda dos preços das ações, o investidor se nega a se desfazer delas esperando por uma valorização. Isso quer dizer que, como a perda é traumática, impactante e dolorosa, ele prefere adiá-la, praticamente rezando por uma reversão.

Mesmo que improvável, a esperança da valorização é mais confortável psicologicamente do que o incômodo do fracasso concretizado.

Como se proteger contra o Efeito Disposição?

É impressionante como, ao nos depararmos com os vieses, uma das primeiras atitudes seja buscar por uma solução mágica. Um único pó ou encanto que nos livre para todo sempre desse "mal".

O que raramente nos lembramos é que os vieses são oriundos de processos mentais válidos, que apenas contêm isoladas falhas parciais (não totais!).

No caso do efeito disposição, podemos imaginar os nossos antepassados, coletando alimentos em tempos primitivos. Se 5 frutas estavam maduras e perfeitas para serem comidas e outras 5 ainda verdes, o que eles faziam?

Jogavam essas últimas fora ou se recusavam a concretizar a perda, esperando alguns dias até que amadurecessem propriamente?

Usar o tempo como forma de reverter situações desfavoráveis é uma estratégia válida e útil, diante de muitos obstáculos.

Ela somente se torna um viés quando, racionalmente, representa mais "jogar contra nós mesmos" do que um ato de paciência.

Portanto, quando se fala de proteção contra os vieses, o ponto central não é eliminá-los por completo, mas mitigá-los. Em outras palavras, é compreender a sua origem benéfica (que garante que esperemos pelo tempo das frutas), mas também reconhecer quando a aplicação é prejudicial.

No caso específico dos investidores, é muito mais sobre entender quando uma queda nas cotações é um indício de necessidade de venda ou apenas um ponto temporário (e suportável) dentro da sua estratégia.

Assim como o contrário também é válido: quando uma valorização representa uma oportunidade única de lucro ou uma tentação que, quando suportada, trará ainda mais benefícios a médio e longo prazo.

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