Teoria do Prospecto
O que é a Teoria do Prospecto?
A Teoria do Prospecto (também chamada de Teoria da Perspectiva) é um conceito da psicologia cognitiva que está relacionado com a tomada de decisões em contextos econômicos e financeiros.
De acordo com essa teoria, as pessoas, de um modo geral, tendem a fazer escolhas baseando-se mais em potenciais valores de perdas do que de ganhos. Ou seja, a base da Teoria do Prospecto consiste na tendência que todos nós temos a nutrir uma certa aversão aos riscos.
Como a Teoria do Prospecto foi desenvolvida?
A psicologia cognitiva teve sua ascensão com os resultados das pesquisas de Daniel Kahneman e Amos Tversky, psicólogos e pesquisadores que foram responsáveis por desenvolver a Teoria do Prospecto.
Os estudos realizados por Kahneman e Tversky foram essenciais para quebrar os paradigmas que existiam, até então, no campo das finanças. Em 2002, os estudos realizados por ambos renderam a Kahneman o Prêmio Nobel de Economia, já que, nesse período, Tversky já havia falecido.
Se você já leu qualquer um dos nossos artigos a respeito das heurísticas (como a heurística da disponibilidade e a heurística da ancoragem) sabe que essa parceria rendeu ainda muitos frutos para as finanças comportamentais.
A Teoria do Prospecto, no entanto, surgiu cerca de uma década antes da publicação dos estudos ligados às heurísticas. A mesma é uma crítica a Teoria da Utilidade Esperada, surgida a partir de estudos realizados pelo matemático e físico suíço Daniel Bernoulli, no século XVIII.
Qual é a diferença entre a Teoria do Prospecto e a Teoria da Utilidade Esperada?
A Teoria do Prospecto é considerada descritiva/positiva, isto é, baseada e focada em uma conclusão - na busca de hipóteses para a causa de um evento e na execução de testes que forneçam um veredito.
Isso se dá porque na Teoria do Prospecto o objetivo principal é compreender o comportamento real de quem toma as decisões.
Já a Teoria da Utilidade Esperada é vista como normativa/prescritiva, por se basear em deduções e na concepção de um ideal, frente à experimentação empírica ou prática.
Ou seja, o seu ponto central é mostrar qual seria a melhor decisão a ser tomada.
Outra diferença entre ambas as teorias é que a primeira tem como ideia principal o fato de que nós temos uma tendência a tomar decisões financeiras preferindo evitar uma perda a tentar obter algo, e a segunda tem como princípio a ideia de que um ganho e uma perda de um mesmo valor terá, para nós, o mesmo impacto.
Quais são os efeitos que compõem a Teoria do Prospecto?
Para desenvolver a Teoria do Prospecto, os dois pesquisadores responsáveis por sua elaboração realizaram a aplicação de um questionário e foram descobertos três efeitos que fazem parte dessa teoria: o Efeito Certeza, o Efeito Isolamento e o Efeito Reflexão.
O Efeito Certeza diz respeito à tendência que temos de preferir os eventos certos a eventos que são altamente prováveis.
Isto é, se pudéssemos escolher, por exemplo, entre a garantia de receber R$ 800,00 ou arriscar receber R$ 1.000,00, tendo 90% de chance de adquirir esse dinheiro, a tendência é de que escolhamos receber os R$ 800.
Já o Efeito Reflexão está relacionado com o princípio de que tendemos a sentir um maior impacto com relação às perdas do que aos ganhos, mesmo se os valores forem equivalentes.
Se ganharmos R$ 500,00, esse dinheiro não nos afetará tanto como se perdermos R$ 500,00. Ou seja, além de termos aversão aos riscos, também temos aversão às perdas.
E, por fim, há o Efeito Isolamento. Ele dita que, em situações que abrangem mais de um problema, focamos nossa decisão em apenas uma etapa, fazendo com que nossa escolha pareça mais simples, em vez de ver e analisar a situação como um todo.
Ou seja, tendemos a isolar as fases que mais nos agradam.
É como se ao começar o processo de uma sociedade com um amigo fossem analisados apenas a amizade e os futuros ganhos, isolando os riscos, o mercado e tudo mais.