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Contabilidade mental

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:11/11/2019 às 10:02 - Atualizado 4 anos atrás
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O que é a contabilidade mental?

É chamado de contabilidade mental o conjunto de processos mentais humanos que, se valendo das cognições, nos auxiliam a pensar e categorizar o dinheiro que temos - definindo assim a forma como o gastamos, poupamos e/ou investimos. 

Além de uma das teorias mais famosas do economista Richard H. Thaler (laureado, inclusive, com um Nobel de Economia), a contabilidade mental reúne uma série de vieses cognitivos que influenciam a tomada de decisões financeiras. 

Ou seja, muitas das razões pelas quais fazemos escolhas irracionais e pessoalmente prejudiciais quando se trata de dinheiro estão na contabilidade mental.

Você já perguntou por que as pessoas não resistem a um anúncio de promoção na vitrine de uma loja? Ou por que poupar para o futuro parece tão desinteressante, quando comparado a gastar o mesmo valor em lazer?

Sem falar no cartão de crédito... Por que passá-lo na maquininha é uma festa (coisa que não acontece quando pagamos com dinheiro vivo), mas olhar a fatura no final do mês é uma tragédia grega? 

Isso se dá porque, a despeito do que você quer acreditar às vezes, o seu cérebro é imperfeito e o seu comportamento financeiro é concentrado nas suas variações emocionais. Ou seja, a sua mente não é uma calculadora e confiar apenas nela (e nas primeiras sugestões de uso do dinheiro que ela te dá) não é tão confiável quanto gostaríamos que fosse. 

Como a contabilidade mental funciona?

Imagine uma balança, onde em um lado existe uma opção relacionada ao dinheiro e no outro lado, outra opção.

Por exemplo, "gastar R$200,00 na balada hoje" e "investir R$200,00 para a aposentadoria", ou ainda "parcelar" e "juntar dinheiro para pagar à vista". Sinta-se livre para preencher cada lado com o que quiser.

Na prática, o que acontece é que acreditamos que apenas as vantagens e desvantagens de cada alternativa pesam na balança. Assim, nos convencemos de que estamos escolhendo aquela que apresenta o maior número de benefícios e o menor número de malefícios, instintivamente.

Contudo, há ainda um peso extra na balança: as suas emoções e os seus hábitos. 

Veja bem: se ir para a balada é um hábito consolidado nos seus fins de semana, não ir desencadeada uma sensação de que "existe alguma coisa faltando". 

Emocionalmente desconfortável e ávido para se sentir bem novamente, a lacuna de empatia é ativada e você se mostra incapaz de se colocar no lugar do seu eu futuro, que não terá um tostão guardado para se aposentar. Logo, a escolha do seu cérebro é pelo prazer imediato e os R$200,00 gastos na balada hoje se tornam mais valiosos do que os mesmos R$200,00 e seus juros sendo usados daqui 20 anos (oi, viés do presente e desconto hiperbólico!).

Apenas com esse exemplo, já podemos notar como a calculadora mental é desregulada. Sobretudo, é nítido como os vieses aqui também se retroalimentam, influenciando as pessoas a agirem de forma contrária aos seus próprios interesses.

A contabilidade mental, assim como diversos outros estudos ligados às finanças comportamentais, foi essencial para apresentar um novo panorama do comportamento econômico. 

Antes dessas teorias, predominava na Economia uma visão do ser humano como totalmente racional quando se trata de dinheiro. Parecia um absurdo concordar que as pessoas poderiam agir contra a sua conveniência, se sabotando e barrando o seu próprio enriquecimento. 

Havia, inclusive, um símbolo teórico desse ser humano hiper-racional: o Homo Economicus.

Contudo, conforme podemos analisar no dia a dia (e, felizmente, nas pesquisas mais recentes), agir em nosso benefício não é tão intuitivo.

Aprender mais sobre o funcionamento da contabilidade mental é uma das principais formas de quebrar esse ciclo e trazer uma maior racionalidade - e proveitos - ao nosso comportamento financeiro. 

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