Composição de Endividamento (CE)
O que é Composição do Endividamento
Composição do Endividamento, ou Perfil da Dívida, é um termo usado na contabilidade e nas finanças corporativas. Refere-se à relação entre a dívida de curto prazo e a dívida total da empresa. É uma informação usada por gestores para tomar decisões financeiras especialmente em relação ao gerenciamento da dívida, e também por investidores, para decidir em quais empresas aportar seus recursos.
Cálculo da Composição do Endividamento
O cálculo da composição do endividamento tem uma fórmula bastante simples:
CE = (PC ÷ PET) x 100
Em que:
- CE é a Composição do Endividamento
- PC é o Passivo Circulante, ou seja, a dívida de curto prazo
- PET é o Passivo Exigível Total, ou seja, a dívida total, composta pela soma de Passivo Circulante e Passivo Não Circulante
O resultado é expresso em porcentagem.
As informações são divulgadas pelas próprias empresas em seu balanço patrimonial, que fica disponível para qualquer investidor ou pessoas que tenham interesse em investir na companhia.
Um detalhe importante é que, no cálculo da Composição do Endividamento, não se deve confundir o Passivo Exigível Total com o Passivo Total. Este último inclui o patrimônio líquido, que pode ser entendido como a dívida da empresa com os próprios sócios e, portanto, não é exigível.
Para ver o conceito aplicado na prática, temos um exemplo. Imagine que a empresa fictícia XYZ Alimentos apresenta um balanço patrimonial com as seguintes informações:
- Passivo Circulante: R$3 milhões
- Passivo Não Circulante: R$7 milhões
- Capital Social: R$10 milhões
- Passivo Total: R$20 milhões
Aplicando a fórmula, o cálculo fica assim:
CE = (PC ÷ PET) x 100
CE = [3.000.000 ÷ (3.000.000 + 7.000.000)] x 100
CE = [3.000.000 ÷ 10.000.000] x 100
CE = 0,3 x 100 = 30%
Conclui-se, então, que a composição do endividamento da XYZ Alimentos é de 30% de dívidas de curto prazo.
Importância da Composição do Endividamento para gestores
A composição do endividamento revela se o pagamento das dívidas do negócio vai consumir muito capital nos próximos meses, o que é uma situação de risco.
Não se deve esquecer que, se a empresa não conseguir pagar as dívidas no prazo, sofre diversas consequências negativas: desde arcar com custos adicionais de multas, juros e processos judiciais por inadimplência, até perder a credibilidade junto aos fornecedores e ter as suas operações paralisadas. Em vista de todos esses problemas, idealmente, quanto mais baixa a CE, melhor.
Os gestores usam essa informação para decidir como lidar com a dívida. Se a CE for alta, é prudente renegociar os prazos para pagamento ou encontrar formas alternativas de captar dinheiro rapidamente para assegurar o cumprimento dessas obrigações.
Em muitos casos, especialmente com dívidas bancárias, é possível transformar a dívida de curto prazo em dívida de longo prazo. Isso eleva o custo total, mas permite que a empresa tenha mais tempo para encontrar formas de levantar o capital para pagamento.
Por sua vez, os investidores usam essa informação como parte da análise fundamentalista, com o objetivo de avaliar a saúde financeira de um negócio e determinar seu valor e seu potencial para o futuro. Se esses investidores observarem uma CE alta, combinada com outros indicadores negativos, certamente evitarão colocar dinheiro na empresa.
É importante recordar que a composição do endividamento é apenas uma das informações relevantes para a análise fundamentalista. Por exemplo, algumas empresas podem apresentar uma proporção elevada de dívida de curto prazo em relação à dívida total; porém, como têm uma reserva de recursos elevada, na forma de caixa e recebíveis, são capazes de cumprir com essas obrigações sem dificuldades.
Assim, a CE não pode ser o único fator para decidir se vale a pena ou não comprar títulos de uma empresa.