Book-to-market
O que é Book-to-Market?
Book-to-Market, termo em inglês que pode ser traduzido como “livro-à-mercado”, também conhecido como Price/Book ou ME/BE, é um indicador que compara o valor de uma empresa nos livros contábeis com seu valor no mercado financeiro.
É um dos indicadores utilizados por investidores para decidir quais ações comprar ou vender. É utilizado na análise fundamentalista, em estratégias de longo prazo.
Como é calculado o Book-to-Market?
O valor de uma empresa nos livros contábeis é determinado olhando para o patrimônio líquido, seus ativos e passivos. Enquanto isso, seu valor no mercado financeiro é determinado pelo número de ações e o preço desses papéis. O book-to-market relaciona esses dois números para entender como o mercado está valorizando a empresa em relação aos seus dados contábeis.
O cálculo do Book-to-Market é dado por uma fórmula simples:
Book-to-Market = Preço da ação no mercado ÷ Valor contábil por ação
Para encontrar o valor contábil por ação, basta tomar o valor da empresa segundo os livros de contabilidade e dividir esse número pelo total de ações da empresa negociadas na Bolsa.
Se a proporção for maior que 1, significa que o mercado financeiro entende que a empresa vale mais do que sua contabilidade aponta.
Ao contrário, se for menor que 1, significa que o mercado financeiro entende que ela não vale tanto quanto sua contabilidade aponta.
E, se a relação for 0, significa que a valorização do mercado financeiro está alinhada com o valor contábil.
Quer entender melhor? Vamos utilizar um exemplo simples.
Suponha que a empresa fictícia ABC Metais quer descobrir seu Book-to-Market. Apura-se, então, que ela tem 100.000 ações negociadas na bolsa, pelo preço de R$15. Olhando para a contabilidade, o valor da empresa é de R$1.250.000.
Primeiro, tomamos o valor contábil e dividimos pelo número de ações, para encontrar o valor contábil por ação. Chegamos ao resultado de R$12,50.
Então, aplicamos a fórmula:
Book-to-market = 15 ÷ 12,50 = 1,2
Portanto, podemos dizer que, no caso da ABC Metais, o mercado financeiro entende que ela vale mais do que os livros de contabilidade registram.
O que o Book-to-Market revela?
Falar sobre o valor de uma empresa é complexo.
Se você apurar o valor contábil, está vendo questões concretas, envolvendo qual é o patrimônio da empresa, quanto ela tem de estoque, quanto ela deve aos credores e bancos. Porém, não é só isso que determina seu valor. Por exemplo: uma grande empresa pode ter uma marca forte, e a marca tem um valor importante, mas ela não é registrada na contabilidade.
Por outro lado, se você olhar apenas para o valor de uma empresa no mercado financeiro, considerando suas ações e o preço ao qual elas são negociadas, pode estar vendo um dado distorcido. Afinal, existe especulação no mercado financeiro, e ela pode colocar o preço das ações de uma empresa quase quebrada em um patamar muito alto, fazendo parecer que ela tem um valor superior ao real.
O Book-to-Market revela, então, a relação entre essas duas formas de valor. Ele pode revelar, por exemplo, que o mercado enxerga na companhia algum elemento de valorização que a contabilidade não está refletindo. Quanto mais discrepante for a relação, mais atento o investidor deve estar para tentar entender porque mercado e contabilidade discordam tanto sobre aquela empresa.
Por exemplo, se a fórmula for aplicada e o resultado for 2, indica que o mercado enxerga na empresa o dobro do valor que a contabilidade aponta. Isso pode ser puro resultado de especulação, ou pode ser um sinal de que aquela empresa, mesmo com pouco patrimônio, baixo ativo e alto passivo, está sendo percebida como um negócio de grande potencial.
Um exemplo são as startups, que podem apresentar esse tipo de comportamento. Como elas ainda estão consolidando seu modelo de negócios, os resultados financeiros não são tão bons e o valor contábil é baixo. Mesmo assim, o mercado enxerga potencial de crescimento e o preço das ações dispara, levando o valor no mercado financeiro a subir. Como resultado, o Book-to-Market é muito discrepante.
No caso da Uber, por exemplo, a relação já chegou a ser de quase 5, ou seja, valor de mercado 5 vezes mais alto do que valor contábil.