Bolha da Internet
O que é a Bolha da Internet?
Bolha da Internet é o nome dado a uma bolha especulativa específica, cujo desenvolvimento se deu ao longo de toda a década de 1990 e cujo "estouro" ocorreu ainda no início dos anos 2000.
Protagonizada pelo desempenho das ações das empresas ligadas à popularização do acesso à internet e dos computadores pessoais, que vendiam produtos ou ofereciam serviços onlines, a Bolha da Internet culminou na falência de muitas dessas companhias. As que sobreviveram, se depararam com a demanda por reestruturação de seus negócios, de modo a se tornarem mais sustentáveis a nível financeiro e de gestão - algumas delas, inclusive, são companhias extremamente populares ainda hoje.
Antes de narrar a progressão dos fatos que culminaram no estouro da Bolha da Internet, no entanto, é importante entendermos um pouco melhor como as bolsas especulativas se formam. Afinal de contas, a Bolha da Internet está longe de ser a primeira (ou mesmo a última!) delas.
Basta lembrar que, em várias partes da história recente do desenvolvimento tecnológico, bolhas surgiram a partir do otimismo dos investidores para com um determinado setor - já no século XIX, as ferrovias assumiram esse papel, enquanto o setor automotivo, de comunicação via rádio e de eletrônicos em 1950 fez o mesmo ainda na primeira metade do século XX.
Segundo o economista Hyman Minsky, o ciclo de vida das bolhas especulativas se dá em 5 estágios básicos:
- Novo paradigma: a ocorrência de uma mudança capaz de alterar a atual conjectura econômica é vista como o pontapé inicial das bolhas - esse é o caso, por exemplo, do surgimento (e proliferação) das companhias ferroviárias estadunidenses no século XIX;
- Modismo: entusiasmadas com as perspectivas de crescimento (e enriquecimento!) desse novo paradigma promissor, cada vez mais pessoas são impelidas a investir em ativos ligados a ele;
- Euforia: o comportamento de manada e o efeito adesão entram em ação, e as pessoas passam a investir mais e mais naquele ativo porque é o que todo mundo está fazendo "e não dá para perder essa oportunidade";
- Realização de lucros: entrando na fase de acumulação, alguns investidores mais antenados já começam a se desfazer do que compraram enquanto ainda existe uma demanda de compradores - isto é, antes que a tendência se reverta;
- Pânico: é o momento em que a bolha estoura e os investidores remanescentes se desesperam para vender os ativos e, como sabemos, isso fortalece a tendência de queda, derrubando as cotações ainda mais.
Como a Bolha da Internet se desenvolveu?
A Bolha da Internet passou por todos esses estágios descritos por Minsky.
A chegada da década de 1990 representou também a chegada de um novo paradigma tecnológico, em que as pessoas "comuns" passaram a ter cada vez mais acesso à internet. Nessa onda, e-commerces "pipocaram", assim como desenvolvedoras de softwares. A promessa é que, podendo chegar a um nível de pessoas superior a qualquer negócio físico, o crescimento (e enriquecimento dos acionistas, é claro) seria ilimitado.
Com isso, o modismo começou. Logo, a empolgação também tomou conta dos investidores e os investimentos típicos da fase de empolgação, motivados mais por otimismo do que por evidências quantitativas, se multiplicaram. Algumas empresas tinham as suas ações valorizadas em 600%, após o IPO, e a Nasdaq subiu mais de 5 vezes em um intervalo de 5 anos - atingindo um patamar histórico para a época.
Contudo, ao final da década e início dos anos 2000, alguns indícios favoreceram que certos investidores entendessem que já se encontravam no estágio de realização dos lucros. O aumento da taxa de juros pelo FED e o fiasco de vendas de algumas das empresas mais promissoras ligaram o sinal de alerta.
Para o "grande público", no entanto, essa consciência só chegou mesmo em 2000. Mais precisamente em 10 de março de 2000, quando a bolha "estourou". Tomados pelo pânico, a série de indicadores de que o crescimento esperado dessas empresas era infundado e não se concretizaria, resultou em uma desvalorização de 76% na Nasdaq nos 20 meses seguintes. Muitas das companhias faliram, enquanto outras "agonizaram" até se dissolverem ao longo da década.