Renda Variável

Maioria das ações que pagam dividendos acima da Selic é do setor elétrico; confira quais são as empresas

Entre as gigantes do mercado estão a Copel, CPFL, entre outras.

Data de publicação:12/08/2022 às 05:00 - Atualizado 2 anos atrás
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Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) ajustou em 0,50 ponto porcentual a Selic, taxa básica de juros do País, elevando-a a 13,75% ao ano. Com a taxa cada vez mais alta, os investidores que têm uma parte de seus ativos alocados em renda variável ficam em dúvida se vale a pena, ou não, migrar para a renda fixa.

No entanto, há um caminho para garantir rendimentos igualmente elevados em uma carteira de investimentos focada em dividendos, e a boa notícia é que existem ações que estão pagando proventos acima da Selic atual. As do setor elétrico são a maioria.

Setor elétrico está entre os que têm maior número de empresas com dividend yield acima da Selic em 12 meses - Foto: Envato

De acordo com um levantamento feito pela Economatica, 35 papeis têm um dividend yield de 12 meses que vai de 80% a 14%.

Segundo a empresa, vale destacar que, em alguns casos, o dividend yield é alto por não ter uma distribuição recorrente de dividendos. Mas algumas companhias que costumam colocar lucros no bolso dos investidores com frequência seguem na lista, como Petrobras, Copel, CPFL, entre outras.

Outra constatação é de que, dessas 35 ações, 8 são de empresas que integram o índice Ibovespa, da B3, Bolsa de Valores de São Paulo. E do montante total, 13 são do setor elétrico

Se a radiografia desse ranking for feita por setores, a grande maioria das companhias são atreladas ao setor elétrico, seguida por commodities, entre outros.

Por que tem empresas com dividend yield alto?

Para Romero Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos, sob o ponto de vista geral, o fato de grande parte das empresas que estão na Bolsa estarem menos endividadas ajuda no pagamento de dividendos elevados.

"Uma grande parcela dessas companhias está com baixo grau de alavancagem, cenário bem diferente da crise de 2015, quando elas estavam muito endividadas".

Romero Oliveira, da Valor Investimentos

Oliveira aponta como favorável para essas ações uma combinação de baixa alavancagem, momento positivo para o preço das commodities e resultados trimestrais significativos.

"São empresas que tiveram resultados elevados e não têm grandes projetos para investir, o que faz com que elas distribuam mais dividendos para seus acionistas".

Confira as 35 ações que pagam dividendos acima da Selic

EmpresaClasse/açãoTickerSetorDividend yield
12 meses
Syn Prop TecONSYNE3Imobiliário80,30%
CebPNBCEBR6Energia47,01%
CebONCEBR6Energia43,03%
CebPNACEBR5Energia42,13%
PetrobrasPNPETR4Petróleo40,86%
PetrobrasONPETR3Petróleo39,94%
CelgparONGPAR3Energia39,16%
Ceee-TONEEEL3Energia33,06%
CosernONCSRN3Energia22,31%
CosernPNACSRN5Energia21,68%
CPFLONCPFE3Energia21,62%
Aliança da BahiaPNPEAB4Financeiro19,46%
ElektroPNEKTR4Energia19,42%
CoelbaON CEEB3Energia19,11%
Gerdau MetalurgiaONGOAU3Metalurgia19,04%
Aço AltonaPNEALT4Metalurgia17,95%
Banco AmazôniaONBAZA3Financeiro17,92%
CopelONCPLE3Energia17,84%
CopelPNBCPLE6Energia17,51%
CopelUNITCPLE11Energia17,49%
Sondotecnica PNSOND6Construção civil17,01%
Gerdau MetalurgiaPNGOAU4Metalurgia16,92%
Aliança da BahiaONPEAB3Financeiro16,64%
BraskemONBRKM3Petroquímico16,63%
MarfrigONMRFG3Proteína animal16,55%
BrasilagroONAGRO3Agronegócio16,35%
Sondotecnica PNASOND5Construção civil16,18%
BraskemPNABRKM5Petroquímico16,17%
UniparPNAUNIP5Químico15,75%
UniparPNBUNIP5Químico15,72%
TeknoPNTKNO4Siderurgia14,91%
CelpePNBCEPE6Energia14,89%
CoelbaPNACEEB5Energia14,69%
CelpePNACEPE5Energia14,26%
UniparONUNIP3Químico14,18%
Fonte: Economatica

Setor elétrico: recorrência

Do total de 35 papeis no ranking produzido pela Economatica, 13 são de empresas do setor elétrico, tradicional pagador de dividendos.

De acordo com Oliveira, da Valor, o que permite esse desembolso constante e elevado é a previsibilidade do fluxo de caixa. "São empresas que trabalham com contratos de longo prazo, o que permite - por exemplo, no caso das transmissoras - saber quanto vai receber lá na frente".

Segundo ele, são companhias que dificilmente apresentam um crescimento expressivo e quando fazem investimentos, o custo é diluído em prazos longos - no caso das gigantes do setor.

Um dos exemplos mencionados por Oliveira é a CPFL, que de acordo com o especialista, tem feito um bom trabalho em suas operações em São Paulo e está com seus papeis descontados desde a crise, além de entregar bons dividendos.

Petrobras: momento positivo

Empresa integrante do índice Ibovespa com o maior dividend yield, a Petrobras tem feito entregas de dividendos generosos para os seus acionistas neste ano. No final do mês passado, a petroleira anunciou que vai pagar dividendos na ordem de R$ 6,732 por ação em duas parcelas.

Oliveira ressalta que a Petrobras passa por uma boa fase, com a evolução de sua gestão, um forte esforço de desinvestimentos, alta do preço do petróleo e dólar valorizado.

"A Petrobras está desalavancada nos últimos anos e focada em seu core business, desfazendo de ativos que não interessam mais e engordando o caixa, o que, sem novos investimentos à vista, dá a ela a posição de importante pagadora de dividendos".

No entanto, o especialista da Valor acredita que essa boa safra não deve continuar no longo prazo.

Gerdau: boa onda das commodities

A Gerdau, detentora da Gerdau Metalurgia, surfou a onda de alta dos preços das commodities, com a elevação do preço do minério de ferro por conta dos lockdowns na China.

Oliveira aponta que a alta do dólar tem sido positiva para a companhia, já que grande parte da sua receita é proveniente da moeda americana.

Outro fator é que a Gerdau já é uma empresa consolidada, segundo ele, que não tem grandes projetos para investir.

No segundo trimestre deste ano, a empresa registrou um lucro líquido ajustado de R$ 4,298 bilhões, alta de 27,6% ante o mesmo período de 2021. Já a receita líquida contabilizou R$ 22,968 bilhões, avanço de 20,1% na base de comparação anual.

Marfrig: negócios dolarizados

O aumento da demanda por proteína bovina no período pós-pandemia no mundo foi um dos motivos que engordaram o caixa da Marfrig, que tem uma operação relevante nos Estados Unidos.

"No passado, a Marfrig estava alavancada. Hoje, tem menos dívida, um caixa gordo e fôlego para distribuir dividendos", conclui.

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações de proteína bovina em julho repetiram o patamar do mesmo período de 2021, somando cerca de 167 mil toneladas.

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