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Crise na economia americana pode prejudicar a distribuição de dividendos aqui; o que esperar para 2º semestre

Mercado prevê uma ligeira baixa nos proventos do período, mas descarta influência da desaceleração econômica global nesse semestre

Data de publicação:18/07/2022 às 05:00 -
Atualizado um ano atrás
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No atual cenário global, em que os BCs mundiais - puxados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) estão elevando as taxas de juros para conter o forte avanço da inflação, a palavra recessão entrou na pauta, principalmente quando se fala nos Estados Unidos. Como se trata da maior potência mundial, os reflexos disso respigam diretamente das demais economias, incluindo no Brasil.

O receio dessa situação – que para muitos especialistas já é dada como certa, com dúvidas somente sobre quando ela tomará forma e sua magnitude – tem feito o mercado se questionar sobre como deve ser o impacto disso nas empresas de capital aberto e, consequentemente, na distribuição de dividendos aos seus acionistas.

dividendos
Mercado de ações brasileiro deve começar a sentir os efeitos da recessão americana - se houver - a partir de 2023 - Foto: Envato

De acordo com Romero Oliveira, especialista da Valor Investimentos, a temporada de pagamentos de proventos do segundo semestre deve ter uma ligeira baixa, porém ainda não está precificando um possível recuo mais acentuado da economia americana.

“Não será uma distribuição tão forte quanto no primeiro trimestre, mas continuo acreditando em bons ventos. O maior reflexo dessa queda deve vir do lucro final das companhias, no qual se encaixam aspectos como despesa financeira, pagamento de dívidas, juros, entre outras”, aponta.

Romero Oliveira, da Valor

Lucas Carvalho, especialista em renda variável da Blue 3, também acredita nessa redução nos pagamentos e diz que é ainda é cedo para falar sobre recessão nos EUA – e ainda mais sobre os efeitos disso nas empresas brasileiras.

“Ainda é precipitado confirmar uma recessão nos Estados Unidos. Um cenário com uma inflação acima de 3% foi vivenciado pelo país somente umas três vezes em um prazo de quase 60 anos. É algo raro de acontecer e por isso o mercado está assustado”, avalia.

Lucas Carvalho, da Blue 3

Idean Alves, chefe da mesa de operações e sócio da Ação Brasil Investimentos, ressalta que, apesar de boa parte dos pagamentos dos dividendos já estar programada pelas empresas, “o mesmo pode ser postergado com o intuito de aguardar melhores condições econômicas e fortalecer ainda mais o caixa das empresas”.

Apesar de dar uma leve pisada no freio, ainda tem empresas pagando mais de 15% de dividend yield, ressalta Alves, “retorno esse que se mostra interessante até mesmo frente à renda fixa atual”.

Reflexos somente em 2023

Os especialistas entrevistados para essa matéria foram categóricos: se houver, de fato, uma recessão global, os impactos na entrega de dividendos serão sentidos somente em 2023.

“Ainda não se sabe se realmente os EUA ter sua economia desaquecida a ponto de caracterizar uma recessão. E se acontecer, qual será a sua magnitude. Não acredito que ela deve tomar forma nos próximos meses”, ressalta Oliveira, da Valor.

Lucas Oliveira, da Valor

Carvalho, da Blue 3, aponta que é preciso ter mais dados negativos para, de fato, fechar o diagnóstico de uma recessão nos Estados Unidos.

O mercado está muito refém dos números. É preciso ter mais dados negativos, como inflação ainda mais elevada e PIB bastante enfraquecido para podermos chegar a esse quadro. Ainda é cedo para afirmar”.

Quem vai sofrer menos?

Empresas com caixas robustos, pouco alavancadas e sem grandes projetos de investimentos e ainda outras adotando programas de recompra de ações sinalizam que ainda não é necessário acionar o sinal vermelho para a entrega de lucros aos acionistas.

“Temos várias empresas brasileiras que estão bastante saudáveis financeiramente e preparadas para enfrentar esse cenário de crise”, diz Carvalho.

O impacto nos setores, em caso de recessão, será diverso. Enquanto isso não ocorre, Alves, da Ação Brasil, destaca o vigor do setor elétrico e das exportadoras como Petrobras, Vale e Suzano, que devem entregar dividendos recordes.

Neste mês, inclusive, a Petrobras ganha novamente destaque na entrega de dividendos, pagando R$ 1,86% por ação. E, segundo dados da Economatica, o dividend yield da companhia em 12 meses é o mais alto em relação às demais ações da Bolsa, na casa dos 38%.

“As companhias de commodities devem continuar entregando bons resultados, apesar da queda do preço do petróleo e do minério de ferro no mundo. É um setor que é bastante resiliente, ainda tem empresas com nível elevado de lucros”.

Carvalho, da Blue3

Além das commodities, outras companhias que também deve sentir menos os impactos de uma possível recessão são as companhias que têm receitas dolarizadas, como é o caso da indústria de proteína.

O setor elétrico também entra no grupo dos setores que seguem resilientes, de acordo com Alves. São empresas que trabalham com contratos longos, de mais de 10 anos, o que possibilita o provisionamento de dividendos. Outro ponto que pesa em favor delas é o fato desses contratos, em sua grande maioria, serem indexados à inflação.

Quem vai sofrer mais?

Não é preciso esperar um quadro de recessão se configurar para identificar uma possível baixa na entrega de proventos por parte de atividades como varejo e ligadas ao consumo de forma geral.

“São empresas que não têm uma frequência de pagamento de dividendos e hoje estão sendo penalizadas pelas próprias condições econômicas atuais, como o avanço da inflação e a alta dos juros, que contribuem para reduzir o poder de compra do consumidor”, ressalta Carvalho.

Agora, se de fato a desaceleração econômica americana for mais acentuada do que o esperado, um dos setores que serão mais afetados no próximo ano são os bancos.

“Eles devem aumentar o nível de PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) em função da iminente crise econômica e maior risco de inadimplência nos próximos meses, o que fez eles reterem mais dinheiro para seus balanços e estarem mais preparados para qualquer mudança de cenário”, aponta Alves.

Idean Alves, da Ação Brasil Investimentos

Qual é a melhor saída?

Em um momento de instabilidade econômica, os investidores ficam receosos sobre o melhor caminho a tomar. Parar de apostar em dividendos? Realocar suas posições? Carvalho, da Blue 3, recomenda que eles tenham disciplina.

“O investidor deve continuar sendo fiel à sua disciplina de fazer aportes e reinvestir seus dividendos. Não é porque o momento para a Bolsa não está favorável que é necessário parar de colocar dinheiro nas ações ou reaplicar os proventos. Se ele continuar seguindo em frente, vai colher bons frutos no futuro”, conclui.

Sobre o autor
Julia Zillig
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