
Sem novidades, tendência é de estabilidade para o mercado nesta 6ª feira
Dados importantes sobre inflação, aqui e nos EUA, foram divulgados durante a semana
O mercado financeiro chega a esta sexta-feira, 11, para o fechamento da semana, sem grandes expectativas ou eventos que possam influenciar de forma relevante as decisões de investidores.
Os dois fatores de maior peso ficaram para trás: o IPCA de maio acima do esperado, que o IBGE anunciou na quarta-feira, e o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos, também superior às previsões de analistas, divulgado na véspera.
A agenda que interessa aos investidores não prevê o anúncio de nenhum dado expressivo que possa interferir no humor dos mercados, afirma Igo Falcão, sócio da Apix Investimentos. “A tendência mais provável é que os mercados se mantenham em relativa estabilidade”, reafirmando um comportamento que persistiu desde o início da semana.

A Bolsa praticamente andou de lado na véspera, como se diz no jargão de mercado, com o Ibovespa gravitando ao redor de 130 mil pontos, sem força para romper essa resistência e seguir para patamares mais altos.
O principal índice da B3, fechou a sexta-feira da semana anterior em 130.125,78 pontos e esta quinta-feira em 130.076,17 pontos, o que dá uma queda linear residual de 0,04%, quase estabilidade no período.
O economista da Rio Bravo Investimentos, João Leal, diz que a B3 está sob pressão de setores diferentes, hoje carros-chefe da Bolsa, que, no fim das contas, explicaria essa quase estabilidade do Ibovespa.
Segundo ele, de um lado tem o peso do setor de varejo, mais exposto ao consumo doméstico, animado com a perspectiva de reabertura e retomada da atividade econômica. E, de outro, o do setor de commodities, cujas empresas exportadoras têm forte participação no Ibovespa e são em geral alimentadoras de forte volatilidade.
A B3 não está sozinha nessa trajetória de quase estabilidade. O dólar também tem andado pouco, quase encostado em R$ 5, mas sem romper esse piso por enquanto.
Leal aponta três fatores que explicariam a moeda americana mais bem comportada: a redução do estresse com possível descontrole das contas públicas, a elevação da taxa básica de juros, a Selic, que reduziu a diferença entre os juros domésticos e os do mercado externo, e o dólar mais fraco no mercado internacional.
O economista da Rio Bravo diz que o ponto importante agora é ver até que ponto a prorrogação do auxílio emergencial volta a preocupar os investidores com o rumo das contas públicas e, mais adiante, os prováveis efeitos dos ruídos políticos relacionados às eleições de 2022 no mercado.
NY: futuros em leve alta
Os contratos futuros negociados nas bolsas de Nova York operam em leve nesta sexta-feira, com o mercado financeiro ainda analisando os dados da inflação do país divulgados na véspera.
O pregão do dia anterior fechou com o índice Dow Jones avançando 0,06%, em 34.466,24 pontos, o S&P 500 subiu 0,47%, aos 4.239,18 pontos, e o Nasdaq com alta de 0,78%, aos 14.020,33 pontos.
Na visão dos analistas, a alta acima da expectativa coloca pressão no Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), mas investidores esperam que a autoridade monetária siga com uma retirada gradual de estímulos.
O índice de preços ao consumidor (CPI em inglês) de maio nos EUA subiu 0,6% ante abril, com alta anual de 5%, maior avanço inflacionário no país desde agosto de 2008.
Em relatório, o Commerzbank destaca o avanço mensal de 0,7% e anual de 3,8% do núcleo do indicador, que exclui setores com preços voláteis e é considerado um bom norte para avaliar a tendência inflacionária.
O banco alemão, dentre diversas outras instituições, estima que o resultado coloca mais pressão para que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) reforce as discussões pela retirada de estímulos monetários.
A Pantheon Macroeconomics avalia que o CPI não vai alterar a visão da maioria dos dirigentes do Fed de que as pressões ocorrem por fatores transitórios e gargalos na economia.
A queda modesta nos pedidos de auxílio-desemprego na semana passada, abaixo das estimativas, corroborou a leitura de que o Fed continuará a apoiar o mercado de trabalho, antes de começar o "tapering".
CPI da Covid: quebra de sigilo
No cenário doméstico, os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) seguem na atenção do mercado. Na véspera, o Senado afirmou que irá recorrer da decisão que livrou o governador do Amazonas, Wilson Lima, de depor. Sua oitiva estava marcada para o dia anterior.
Ainda neste mês, a comissão deve ouvir o ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo sobre o colapso no sistema de saúde em Manaus.
Além disso, o colegiado aprovou a quebra do sigilo telefônico de pessoas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro e integrantes de suposto "gabinete paralelo" que assessorou o chefe do Planalto incentivando o discurso antivacina e favorável ao tratamento precoce.
A aprovação das medidas teve reação contrária de aliados de Bolsonaro e pode reforçar as provas da responsabilidade do governo federal no descontrole da crise.
A CPI quer acessar informações telefônicas, como ligações realizadas e recebidas, e telemáticas, como dados de acesso e troca de mensagens. Entre os alvos, estão os ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Integrantes do gabinete paralelo também terão os dados acessados, como o médico Paulo Zanotto.
Bolsas asiáticas fecham sem direção única
As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam sem direção única nesta sexta-feira, à medida que os investidores digeriram a inflação americana de maio, que está no maior nível em quase 13 anos.
O índice acionário japonês Nikkei teve baixa marginal de 0,03% em Tóquio hoje, aos 28.948,73 pontos, enquanto o Hang Seng subiu 0,36% em Hong Kong, aos 28.842,13 pontos.
Já o sul-coreano Kospi avançou 0,77% em Seul, aos 3.249,32 pontos, e o Taiex se valorizou 0,32% em Taiwan, aos 17.213,52 pontos.
Na China continental, os mercados ficaram no vermelho, prejudicados por ações ligadas a consumo e comunicações. O Xangai Composto caiu 0,58%, aos 3.589,75 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto recuou 0,60%, aos 2.407,93 pontos.
Na China, o presidente do PBoC (o BC chinês), Yi Gang, disse que a instituição irá manter sua política monetária inalterada por entender que a inflação local está sob controle e que o desempenho da economia é razoável.
Em maio, a inflação ao produtor chinês também atingiu máxima em quase 13 anos, mas a inflação ao consumidor ganhou força de forma mais controlada.
Na Oceania, a bolsa australiana fechou em nível recorde pelo segundo pregão consecutivo nesta sexta. O S&P/ASX 200 avançou 0,13% em Sydney, ao nível inédito de 7.312,30 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado