Renda Fixa

Selic sobe essa semana e coloca em mais evidência o Tesouro IPCA; entenda

Papel repõe as perdas para inflação e paga juro real

Data de publicação:06/12/2021 às 05:00 - Atualizado 2 anos atrás
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A taxa básica de juros, a Selic, deverá escalar mais um degrau esta semana. A previsão do mercado financeiro é que suba de 1,50 ponto porcentual, do atual nível de 7,25% ao ano para 9,25% ao ano. A decisão será tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), na quarta-feira, dia 8, no fim de dois dias de reunião do colegiado da autarquia que começa nesta terça-feira, dia 7.

Os títulos que remuneram com correção monetária e mais juros, como o Tesouro IPCA que já vêm contando com a preferência do investidor, ganham ainda mais notoriedade

Projeções do mercado indicam Selic a 9,25% ao ano

Taxa de juro primária, a Selic é referência para a formação das demais taxas de juro da economia, incluídas as que remuneram a renda fixa. A nova elevação, portanto, deve dar um pouco mais de atratividade às aplicações que rendem juros, de títulos a fundos de investimento.

A Selic mais encorpada melhora o rendimento nominal, mas ainda não é suficiente para assegurar ganho real, acima do IPCA, avaliam especialistas. Para eles, o processo de ajuste do juro básico, iniciado em março, ainda está atrasado em relação ao ritmo de aceleração da inflação.

Projeções indicam que Selic deve subir para 9,25%

A inflação estimada por economistas e analistas de mercado financeiro para este ano está em 10,15%, acima de 9,25% projetada para a Selic no fechamento de 2021, de acordo com os dados do último boletim Focus.

Embora o cenário desenhado pelo mercado aponte uma inversão de trajetória desses dois indicadores – com a inflação recuando e o juro básico subindo mais um pouco -, especialistas afirmam que o momento é ainda mais de busca de proteção do que de maior rentabilidade.

Uma aplicação que atende a essas duas exigências, até combinando rentabilidade e proteção, são os títulos indexados à inflação, aponta Victor Zucchi Meneghel, especialista de Renda Fixa da Valor Investimentos.

São papeis que rendem juros mais correção monetária, como o Tesouro IPCA, um título público da dívida federal, ofertado na plataforma do Tesouro Direto, e as debêntures incentivadas, títulos de dívida privado, emitidas por companhias para financiar projetos de infraestrutura, que oferecem isenção de imposto de renda.

O investidor pode sentir-se mais confortável com uma posição maior em aplicações atreladas à inflação, como o Tesouro IPCA, mas “de preferência não por prazos muito longos”, orienta Meneghel.

Para o cenário básico, o mais recomendado pelo especialista da Valor é o de vencimento curto, como o Tesouro IPCA 2024.

O Tesouro IPCA 2024, com vencimento em 15/08/2024, ofereceu na sexta-feira, 3 de dezembro, juro de 5% ao ano mais correção monetária pela variação da inflação oficial.

Para quem pensa em um cenário mais estratégico, de fechamento ou queda da curva de juros futuros, a opção mais interessante seria o Tesouro IPCA 2026, com vencimento em 15/08/2026, que ofereceu uma taxa de juro de 5,03% ao ano mais correção monetária pelo IPCA.

É uma estratégia que se encaixa a uma expectativa de “economia melhor, questão fiscal encaminhada, inflação controlada”, em que a Selic teria recuado para o padrão de um cenário econômico normal, possivelmente bem abaixo do nível atual e do previsto para 2022.

A preferência pelo Tesouro IPCA

Dados do boletim divulgado pelo Tesouro Nacional em 23 de novembro sobre as movimentações do Tesouro Direto em outubro sugerem que esse tipo de estratégia, busca de proteção para o capital, tem orientado as decisões de quem investe em títulos públicos por meio da plataforma.

Os títulos mais demandados foram os indexados à inflação (Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), que somaram R$ 1,64 bilhão ou 46,7% do total de R$ 3,506 bilhões movimentados com vendas.

Como estratégia intermediária, entre a aplicação indexada à inflação e a prefixada, o especialista da Valor Investimentos sugere o Tesouro Selic, sobretudo ao investidor mais conservador.  “É uma opção como proteção ou rendendo pouco”, para o cenário de momento, avalia Meneghel.

A estratégia pode fazer parte também de uma aposta em um horizonte de queda da inflação e manutenção dos juros ainda em patamares elevados por algum tempo. “Mais à frente, se a inflação cair, digamos, para 5%, a aplicação pós-fixada, como o Tesouro Selic, voltará a oferecer ganho real.”

No atual cenário, embora de juros em trajetória ainda de alta, cabem também, para uma carteira diversificada, posições em “ativos prefixados mais curtos que estão com taxas bastante altas”, diz o especialista. Segundo Meneghel, “existem títulos bancários, CDBs de dois anos, que estão pagado taxa de 12% ao ano”.

Um prazo interessante, não muito longo, “mas o investidor pode pagar menos imposto de renda, porque a alíquota fica menor”.

Os títulos públicos ofertados na plataforma do Tesouro Direto oferecem taxas menores que os papeis bancário prefixados. O Tesouro Prefixado 2023, para vencimento em 1º/01/2023, foi ofertado na sexta-feira por 11,44% ao ano (taxa que embute juro e correção monetária) e o Tesouro Prefixado 2024, para vencimento em 1º/07/2024, taxa de 11,18% ao ano.

A taxa de juro para o vencimento mais longo é ligeiramente menor porque se presume que esse título transitará por um período em que inflação e juros estarão em queda. Vai daí que a dica é investir em títulos prefixados no fim do atual ciclo de elevação da Selic, no pico de alta da taxa básica, uma estratégia para travar um juro mais alto em um papel que transitará por um período de juro supostamente menor na economia até o vencimento.

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.