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Rali nos títulos públicos prefixados de longo prazo: entenda o que atraiu o capital estrangeiro

Sinalização mais clara do BC de fim do aperto monetário traz atratividade para os papeis

Data de publicação:15/08/2022 às 05:00 - Atualizado 2 anos atrás
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O capital estrangeiro está vendo os títulos públicos prefixados brasileiros de longo prazo como boa oportunidade de investimento à luz do mais recente cenário de política monetária sinalizado pelo Banco Central (BC). No leilão da semana passada, o maior deste ano, não sobrou nada.

Para os especialistas, o que passou a atrair o capital estrangeiro para os títulos públicos brasileiros foi a sinalização mais clara do Banco Central de que o ciclo de aperto nos juros está perto do fim. A indicação fez despencar os juros de longo prazo e aumentar a procura por títulos prefixados, como forma de travar as taxas próximas do pico.

Em maior leilão de títulos públicos prefixados desfe ano, BC vendeu lote total - Foto: Envato

Leilão gigante bem-sucedido

O apetite por esses papeis é tão grande e intensificado nas últimas semanas que o Tesouro Nacional fez no último dia 11, o maior leilão de papeis prefixados do ano. Vendeu o lote total de títulos ofertado.

Foram arrematados 16,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTNs) e 2 milhões de Notas do Tesouro Nacional da série F (NTN-F).

Pelos dados do Tesouro Nacional, as LTN foram ofertadas para três vencimentos: 1 milhão com vencimento em 1º/4/2023, que rendeu volume financeiro de R$ 921,517 milhões; 1,5 milhão com vencimento em 1º/10/2024 e valor financeiro de R$ 1,171 bilhão, e 14 milhões com vencimento em 1º/1/2026 e volume financeiro de R$ 9,532 bilhões.

As NTNs foram ofertadas em dois lotes, com prazos também distintos: 1 milhão com vencimento em 1º/1/2029, que gerou volume financeiro de R$ 918,946 milhões, e 1 milhão com vencimento em 1º /1/2033, que rendeu R$ 876,916 milhões para os cofres do Tesouro.

As LTNs com vencimento em 1º/4/2023 foram vendidas por uma taxa (taxa de corte) de 13,7427% ao ano; com vencimento em 1º/10/2024, por 12,3489%, e com vencimento em 1º/1/2026, 12,0296%. As taxas ficam menores em vencimentos mais distantes, por causa da expectativa de que inflação e juros estarão mais baixos em períodos mais longos.

As NTNs-F com vencimento em 1º/1/2029 foram vendidas por uma taxa de 12,2587% ao ano e as com vencimento em 1º/1/2033, por 12,4663%.

Títulos públicos prefixados de prazos mais longos

Os papeis prefixados de longo prazo, segundo especialistas, são os mais demandados pelos investidores estrangeiros. E o aumento de procura pelos títulos, que se valorizaram, levou a uma redução das taxas de rentabilidade. O juro da NTN-F para vencimento em janeiro de 2029 recuou do nível de 13% para próximo de 12% no começo desta semana.

Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos, aponta outros atrativos dos títulos públicos brasileiros perante o investidor estrangeiro. “O ciclo de elevação da Selic começou bem antes, na comparação com outros países, e agora dá sinais de inflexão”, analisa. “Até porque a inflação dá sinais de desaceleração.”

O movimento de inflexão, segundo o especialista, é entendido como “um sinal de que o juro chegou ao pico e sua tendência seria declinante”. Essa percepção, para ele, fez crescer a parcela de investidores, tanto estrangeiros, private e institucionais (fundos de pensão), que buscam surfar nessa onda de fechamento (queda) da curva de juros futuros.

No último leilão, os títulos públicos prefixados vendidos foram predominantemente de LTNs (16,5 milhões de títulos), pouco mais de quatro vezes o volume de NTNs-F (2 milhões). Ambos são prefixados. A diferença é que as NTNs-F pagam juros a cada seis meses. Na LTN, o investidor recebe o juro contratado apenas no vencimento do papel.

Essa diferença no critério de remuneração estaria fazendo a diferença entre os dois títulos prefixados em um momento que os investidores estão tentando capturar as oportunidades da curva de juros.

Para Meira, a NTN-F, que paga juros semestrais, perde atratividade para o investidor que pretende ganhar no carrego, na curva de juros, com a venda do título pelo caminho, antes do vencimento. Ele explica que o juro é descontado do preço unitário (PU) do título, semestralmente, portanto abatido automaticamente do carrego, “o que se torna desvantajoso para quem está com o título.

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Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.