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Por que os institutos de pesquisa derraparam no 1º turno das eleições

Apoiadores silenciosos e mudança de voto na última hora de eleitores conservadores podem estar entre as razões

Data de publicação:04/10/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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O primeiro turno das eleições presidenciais do Brasil chegou e terminou sem um vencedor final, mas alguns grandes perdedores surgiram: as pesquisas de opinião, segundo análise da Reuters Agência de Notícias.

As pesquisas mostraram que o desafiante de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva apresentava de 7 a 17 pontos porcentuais sobre o presidente de direita Jair Bolsonaro nas semanas que antecederam a eleição, com algumas sugerindo que ele poderia superar os 50% na votação de domingo, limite necessário para evitar um segundo turno em 30 de outubro.

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Erros apareceram não só na corrida presidencial, mas a governos estaduais e Senado - Foto: Divulgação/TSE

Depois de abertas as urnas, no entanto, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro era de pouco mais de 5 pontos porcentuais, preparando os dois para um segundo turno inesperadamente competitivo. Em algumas disputas para o Senado e para governadores, os aliados de Bolsonaro superaram as pesquisas de opinião em mais de 20 pontos.

Vindo após grandes derrotas nas eleições americanas e no referendo do Brexit de 2016, onde as pesquisas não conseguiram detectar a profundidade do sentimento conservador, o resultado de domingo no Brasil deixou as empresas de opinião pública coçando a cabeça mais uma vez.

Andrei Romani, executivo-chefe da empresa de pesquisa AtlasIntel, disse que uma retratação era necessária. "A diferença de 9 pontos prevista pela Atlas acabou sendo de apenas 5 pontos nos resultados", escreveu ele no Twitter na segunda-feira. "Temos que enfrentar essa desconexão com honestidade."

O IPEC, que havia projetado a margem mais ampla, disse que seus números mostravam que Lula terminaria na frente, sem a perspectiva de um segundo turno. Em comunicado, a empresa atribuiu o desempenho superior de Bolsonaro a trocas de última hora dos apoiadores de candidatos menos populares. O IPEC acrescentou que está analisando sua metodologia em relação às corridas estaduais.

Analistas políticos disseram que o erro nas pesquisas provavelmente foi resultado de vários fatores, alguns exclusivos do Brasil, mas outros refletindo tendências globais.

Um populista de direita frequentemente criticado por comentários sobre mulheres e minorias, Bolsonaro tem muitos apoiadores silenciosos que relutam em dizer aos pesquisadores que apoiam um incendiário tão controverso, disse Creomar de Souza, executivo-chefe da Dharma Political Risk.

O mesmo fenômeno parece ter ajudado o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, a superar a maioria das pesquisas nas eleições de 2016 e 2020.

Censo atrasado interfere nas pesquisas sobre eleições

Mas os pesquisadores brasileiros também estão tateando no escuro. Não há censo nacional desde 2010 por causa da pandemia de covid-19, dificultando para as empresas calibrar uma amostra representativa de entrevistados, disse Souza.

A sociedade brasileira está mudando rapidamente, como o voto cristão de direita, por exemplo, em rápida expansão.

Outro fator: o ex-presidente Lula pode ter sido vítima de seu sucesso. Algumas pesquisas nas últimas semanas mostraram que ele expandiu sua liderança o suficiente para vencer no primeiro turno, o que pode ter assustado os eleitores conservadores a abandonar candidatos mais centristas para apoiar Bolsonaro.

Lula se recusou em grande parte a comentar essas pesquisas em uma aparente tentativa de manter sua base mobilizada - e evitar mobilizar conservadores -, mas de pouco adiantou. "Parece que os votos táticos foram para Bolsonaro", disse o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda.

Por fim, disseram os analistas, os conservadores no Brasil - como em outros lugares - parecem simplesmente desconfiar das pesquisas.

Isso pode estar alimentando um ciclo vicioso em que os conservadores se recusam a responder, levando as pesquisas a subestimar seus candidatos favoritos, o que só reforça sua desconfiança.

Bolsonaro passou grande parte de seu mandato de quatro anos atacando as principais empresas de pesquisa e seus aliados estão batendo o tambor novamente com vigor. Seu chefe de gabinete, Ciro Nogueira, pediu aos apoiadores que ignorem os institutos de pesquisa pelo resto da eleição.

"Depois do escândalo que cometeram, todos os apoiadores de Bolsonaro têm apenas uma resposta às empresas de pesquisa: não responda a nenhuma delas até o final da eleição!!" Nogueira escreveu no final de domingo no Twitter. "Eles estavam absurdamente errados, criminalmente, não? Só uma extensa investigação pode revelar o que aconteceu." /Agência Reuters

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