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Mercado Financeiro

Por que a volatilidade da Bolsa não deve assustar os investidores

A volatilidade do Ibovespa, neste mês de maio, vem nos mostrando o quanto o efeito manada ainda atinge os investidores de forma ímpar no Brasil. Em…

Data de publicação:25/05/2021 às 07:12 -
Atualizado 3 anos atrás
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A volatilidade do Ibovespa, neste mês de maio, vem nos mostrando o quanto o efeito manada ainda atinge os investidores de forma ímpar no Brasil.

Em uma tradicional segunda-feira ensolarada – dia 12, para ser exato –, o principal indicador da Bolsa de Valores fechou negativo em -2,65%, por conta da divulgação dos dados sobre a inflação nos Estados Unidos em abril, mais alta do que o esperado.

Foto: Arquivo
Volatilidade faz parte da dinâmica do mercado financeiro - Foto: Arquivo

Com respeito a todas as análises macroeconômicas sobre a notícia, o mercado erra quando deixa que um fato específico seja suficiente para decidir suas operações, até então, planejadas para o longo prazo.

Certamente, muitas pessoas que nem sequer compreendiam a relação do índice norte-americano com as nossas empresas se assustaram com o susto dos outros e entraram na onda da venda dos papeis – quase sempre, por um preço desfavorável.

Nos dias seguintes, o pregão voltou ao “normal”, refletindo o bom andamento no processo de vacinação na Europa, a reabertura econômica nos Estados Unidos, entre outros acalantos para o mercado.

Concordo que o atual cenário para a renda variável está longe de ser um voo de cruzeiro. A aceleração da inflação norte-americana pode pressionar o Federal Reserve a elevar a taxa de juros como tentativa para segurar os preços no país. Uma elevação nos juros dos EUA, por sua vez, pode desencadear uma fuga de capitais dos mercados emergentes como o nosso.

'Loss aversion'

Porém, deixar-se levar pelos efeitos da aversão à perda não é aconselhável a quem deseja operar sozinho com ações na Bolsa. Aliás, o próprio termo “loss aversion” é um viés estudado pela área de finanças comportamentais para descrever indivíduos que, diante da possibilidade de perder, rejeitam qualquer oportunidade de obter um ganho maior. Isso lhe soa familiar?

Em 1979, os estudiosos Kahneman e Tversky propuseram a um grupo um jogo de cara ou coroa para explicar essa anomalia. As regras eram assim: se desse cara, o jogador perderia R$100 e, caso saísse coroa, ele ganharia R$150. Apesar de o valor esperado da aposta ser positivo (o jogador foi convidado a ganhar mais do que poderia perder), a maior parte dos participantes não topou a aposta, de onde veio a conclusão de que o ser humano tende a ser até duas vezes mais impactado por uma possibilidade de perda do que pela oportunidade de ganho.  

O contrário dessa reação temerosa também é um fenômeno estudado. Trata-se do viés de confirmação, sobre o qual falamos nos artigos anteriores. O investidor que sofre do excesso de confiança sobre si mesmo, no universo financeiro, tende a buscar somente as informações que apoiam suas crenças pré-existentes, ignorando outros dados contraditórios.

A consultoria Cerulli Associates, no ano passado, estudou a ocorrência desses dois comportamentos diante da crise sanitária da Covid-19, no grupo de investidores baby boomers e também entre os millenials. Observaram que os mais velhos se inclinaram mais para o excesso de confiança, em comparação aos mais novos.

Apesar de a terceira idade ter saído de suas posições no início da pandemia – talvez, por serem mais vulneráveis ao vírus –, quando os preços voltaram a subir, os baby boomers reinvestiram pesadamente em ações. O viés de confirmação veio da crença de que um estímulo fiscal e monetário dos governos mundiais, como visto em situações de crise no passado, salvaria o mundo da derrocada.

Já os novatos no mercado tiveram de lidar, nesta pandemia, não apenas com o derretimento das  Bolsas, como também, com a perda de seus próprios empregos. Nesta situação, o medo falou mais alto e, consequentemente, a aversão ao prejuízo fez com que muitos millenials vendessem as ações antes do previsto, quando poderiam ter considerado as recompensas do investimento no longo prazo.

Não há receita de bolo nem fórmula mágica no mercado de capitais. Mas uma coisa posso dizer: quanto mais distante de efeitos emocionais, maiores as chances de você se concentrar nas reais tendências de desempenho dos ativos no longo prazo.

*Este artigo não representa necessariamente a opinião do portal Mais Retorno

Sobre o autor
Luciano França
Luciano Boudjoukian França (CFP®️) economista pela FEA-USP, Pós-Graduado em Finanças, Mestre em Economia pelo Insper e sócio da Avantgarde Asset Management.