PIB fecha 2021 com alta de 4,6%, totalizando R$ 8,7 tri, aponta IBGE
Alta foi puxada pelo aquecimento dos setores de serviços e indústria, de acordo com o instituto
O Produto Interno Bruto (PIB) do País cresceu 0,5% no quarto trimestre de 2021 e encerrou o ano com alta de 4,6%, totalizando R$ 8,7 trilhões, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 4.
O resultado do indicador - um dos mais esperados pelos especialistas - que sinaliza o ritmo da atividade econômica brasileira, veio dentro da estimativa do mercado, que projetava alta entre 4,3% e 5,0%.
O avanço permitiu a recuperação das perdas registradas no ano anterior, quando a economia brasileira encolheu quase 4% devido aos efeitos da pandemia da covid-19.
Resultado acima do período pré-pandemia
Apesar de estar está 0,5% acima do quarto trimestre de 2019 - período pré-pandemia – o PIB ainda continua 2,8% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, registrado no primeiro trimestre de 2014.
Serviços e indústria puxaram a alta do PIB
Segundo o IBGE, o crescimento da economia foi puxado pelas altas nos setores de serviços (4,7%) e na indústria (4,5%), que juntos representam 90% do PIB do país. Por outro lado, a atividade agropecuária recuou 0,2% no ano passado.
De acordo com Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do instituto, atividades como transporte, armazenagem e correio puxaram a aceleração do setor de serviços.
Na indústria, o destaque positivo foi o desempenho da construção civil que, após cair 6,3% em 2020, subiu 9,7% em 2021, impulsionada pelo aumento da ocupação.
A indústria de transformação (4,5%), com maior peso no setor, também cresceu, influenciada, principalmente, pela alta nas atividades de fabricação de máquinas e equipamentos.
Agropecuária foi prejudicada pela estiagem e geadas
Já a agropecuária, que havia crescido em 2020, recuou 0,2% em 2021 de acordo com o IBGE, em decorrência da estiagem prolongada e de geadas.
“Apesar do crescimento anual da produção de soja (11,0%), culturas importantes da lavoura registraram queda na estimativa de produção e perda de produtividade em 2021, como a cana-de-açúcar (-10,1%), o milho (-15,0%) e o café (-21,1%). O baixo desempenho da pecuária é explicado, principalmente, pela queda nas estimativas de produção dos bovinos e de leite”.
Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE
Crescimento da demanda interna em 2021
Ao contrário do que aconteceu em 2020, todos os componentes da demanda avançaram em 2021, contribuindo positivamente para o crescimento do PIB. O consumo das famílias avançou 3,6% e o do governo subiu 2,0%. No ano anterior, esses componentes haviam recuado 5,4% e 4,5%, respectivamente.
“Houve uma recuperação da ocupação em 2021, mas a inflação alta afetou muito a capacidade de consumo das famílias. Os juros começaram a subir. Tivemos também os programas assistenciais do governo. Ou seja, fatores positivos e negativos impactaram o resultado do consumo das famílias no ano passado”, afirma Palis
Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo/FBCF) avançaram 17,2%, favorecidos pela construção civil, que no ano anterior teve uma queda, e pela produção interna de bens de capital. A taxa de investimento subiu de 16,6% para 19,2% em um ano.
A balança de bens e serviços registrou alta de 12,4% nas importações e de 5,8% nas exportações. Em 2020, tinham recuado 9,8% e 1,8%, respectivamente.
O que pensa o mercado sobre o PIB de 2021
De acordo com Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o resultado trimestral do PIB veio um pouco maior do que o esperado - 0,5% contra 0,1%. “Isso amplia o carry over para as perspectivas do PIB deste ano e, principalmente, em relação ao primeiro trimestre”, aponta.
Para os primeiros três meses de 2022, Sanchez elevou a projeção de crescimento do PIB de 0,4% para 0,6%, “mas o resultado do último semestre acabou sendo reduzido para zero”.
Pedro Secchin, sócio da Golden Investimentos, relembra que na primeira prévia do indicador de 2021, alguns economias projetavam um PIB na casa entre 2,0% e 2,5%, por conta do cenário deteriorado do ano anterior.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, aponta como destaque o desempenho do setor de serviços, que vem engatando crescimento nos últimos meses do ano passado. "Acredito que para este ano, o movimento deve ser semelhante, com o setor de serviços puxando o PIB para o terreno positivo".