Pesquisa revela que maioria dos investidores da Bolsa prefere apuração trimestral do Imposto de Renda
Estudo foi realizado pelo Grana Capital, aplicativo que automatiza integralmente a gestão de Imposto de Renda para investidores da Bolsa
Um estudo realizado com 422 usuários do Grana Capital, um aplicativo que automatiza integralmente a gestão de Imposto de Renda (IR) para os investidores da Bolsa de Valores brasileira, a B3, revelou que a maioria das pessoas que investem em ações é favorável à proposta de apuração trimestral do IR, contida no projeto de lei que altera as regras de tributação.
O PL 2337/21 foi aprovado pela Câmara dos Deputados no início deste mês e segue agora para análise no Senado Federal. Ele altera o período de apuração e recolhimento do IR, que atualmente é mensal.
Na pesquisa da startup, 46,1% dos entrevistados afirmaram preferir a apuração trimestral proposta na reforma e acreditam que a mudança facilitará o processo. Enquanto isso, 41,6% declararam que vai gerar mais dificuldades e 12,3% não souberam responder ou se mostraram indiferentes.
De acordo com André Kelmanson, CEO da Grana Capital, pelo lado positivo, com a mudança "será possível compensar lucros e prejuízos de um mês para o outro, e acabar pagando menos tributos ao final do trimestre". No entanto, o especialista ressalta que a mudança pode confundir os investidores iniciantes da Bolsa de Valores, número que vem crescendo mês a mês.
"Uma das nossas motivações para o desenvolvimento do aplicativo foi a percepção de que existe uma certa dificuldade entre os contribuintes para acompanharem e registrarem as informações necessárias à apuração mensal, principalmente se considerarmos a quantidade de investidores novatos na Bolsa que sequer sabem que devem pagar impostos mensalmente, explica Kelmanson.
Para o CEO da startup, essa mudança prevista na reforma do IR "pode aumentar a rigorosidade burocrática, pois serão 90 dias de operações que o investidor vai precisar registrar e manter sob controle."
Taxação de dividendos
Um dos pontos mais polêmicos do projeto de lei que altera as regras do Imposto de Renda é a taxação de dividendos, que atualmente não existe. A proposta inicial do governo era taxar os dividendos de ações em 20%. Na votação da Câmara dos Deputados, entretanto, os parlamentares votaram e aprovaram uma alíquota menor, de 15%. Os dividendos são isentos de impostos no Brasil desde 1995.
Pela proposta, ficam isentos da cobrança os lucros e dividendos distribuídos por empresas que estão no Simples Nacional e por empresas optantes do regime de lucro presumido que faturam até R$ 4,8 milhões.
A tributação sobre as aplicações em ações ganhou o campo político, porque a oposição ao governo defende a tributação. Seja como for, o mercado não recebeu bem a notícia.
Entre os respondentes da pesquisa do Grana Capital, 48% dos investidores disseram que devem alterar suas estratégias de investimento e direcionar menos recursos para ações com foco em dividendos, por conta da mudança. Outros 49,5% dos entrevistados afirmaram que a taxação de dividendos não vai interferir nas suas estratégias.
O aplicativo informou, ainda, que, quando perguntados se a reforma era predominantemente positiva ou negativa para os seus investimentos, a maioria dos investidores respondeu que era negativa.
Limite de isenção do Imposto de Renda
O texto aprovado pela Câmara também altera o limite de isenção de IR por ganho de capital, passando de R$ 20 mil mensais para R$ 60 mil trimestrais. De acordo com o estudo do Grana, 45% dos usuários do aplicativo que responderam à pesquisa preferem a nova medida, 33% acreditam que a mudança é indiferente e 20,5% afirmaram que a regra atual é melhor.
"Esta é uma mudança que terá pouco impacto sobre os investidores que operam com valores abaixo de R$ 20 mil mensais. É uma alteração que afeta aqueles que têm investimentos maiores e conseguirão, a partir de agora, pagar menos impostos se, por exemplo, fizerem vendas de R$ 50 mil no primeiro mês e não operarem mais nos outros dois meses", explica André Kelmanson.
O CEO da companhia finaliza dizendo que "essa nova regra amplia o espaço de manobra dos contribuintes, mas é importante manter um controle rigoroso das operações para que seja possível calcular as janelas de oportunidade na hora do pagamento do DARF".