O que é Oferta Pública Inicial (IPO) e como ela funciona
IPO: essas três letrinhas em inglês são extremamente importantes para empresas e, por consequência, para economia como um todo. Você deve imaginar que as bolsas norte-americanas…
IPO: essas três letrinhas em inglês são extremamente importantes para empresas e, por consequência, para economia como um todo.
Você deve imaginar que as bolsas norte-americanas têm muito mais empresas listadas do que as bolsas brasileiras. Lá existem muito mais opções de ações para investir.
Mas como será que uma empresa lista suas ações na bolsa? E mais, porque ela faz isso? Trata-se de um momento muito importante para os sócios da empresa. E é exatamente isso que é um IPO.
Hoje vamos responder às perguntas que acabamos de fazer e nos apronfundar mais nesse processo de oferta pública de ações.
Por isso, continue lendo para saber mais sobre
- O que é IPO
- Porque as empresas fazem IPO
- Como funciona o IPO
- Vale a pena investir em IPO?
- Cuidados a tomar como investidor
O que é IPO
IPO é uma sigla em inglês para initial public offering, ou em tradução livre, oferta pública inicial.
Esse é um processo no qual as empresas realizam e assim conseguem listar suas ações na bolsa.
Listar ações em bolsa quer dizer que a empresa dá a oportunidade para qualquer pessoa ou instituição adquirir um percentual da empresa e assim tornar-se sócio da mesma.
Em outras palavras, a empresa abre a possibilidade para conseguir novos sócios para seu negócio. Ora, quem julga que o negócio é frutífero e a empresa tem potencial pode agora comprar ações dessa empresa. Quem não acha que seja um bom negócio ou que a empresa não tem potencial, não faz nada. Simples assim.
Mas se os donos da empresa acreditam naquele negócio e acham que no longo prazo terão bons resultados, seria mais racional manter apenas para eles a empresa, certo?
Errado! Vamos ver na próxima seção o que se deseja ao abrir o capital da empresa , isto é, deixar que o público geral compre e venda ações da empresa. E assim compartilhar a sociedade com diversas outras pessoas.
Porque as empresas fazem IPO
Como vimos, abrir o capital envolve ter novos sócios e com isso não ter mais 100% do controle da empresa. Portanto, para que fazer um processo burocrático, custoso e que faria dividir a minha empresa com outras pessoas?
Bom, à primeira vista parece sem sentido, mas quando uma empresa abre capital ela abre grandes horizontes.
Quando uma empresa começa a dar bons resultados e cresce cada vez mais, é um ótimo sinal, mas operar numa estrutura pequena pode não ser mais possível. Isto é, a empresa irá precisar expandir suas atividades, ampliar atuação, enfim, irá “ganhar o mundo”. E para isso, precisará de cada vez mais recursos.
A necessidade de investimentos é a razão principal de se abrir capital.
Porém, existe tanto uma colocação primária, quanto secundária de ações.
Ou seja, o primeiro caso, conhecido como mercado primário, será quando os fundadores da empresa venderem suas próprias ações para novos investidores com objetivo conseguir mais recursos para acelerar o crescimento da empresa.
Já no segundo caso, conhecido como mercado secundário, é quando os acionistas negociam ações entre si dentro da bolsa, sem que a empresa tenha nenhuma participação no processo e portanto não receba nenhum valor dessas negociações.
Por isso, o IPO é um grande momento, significa que a empresa foi bem-sucedida a ponto de precisar mais recursos para continuar a crescer.
Imagine a Apple, hoje uma empresa de tecnologia de ponta, que faz os melhores smartphones e computadores.
Steve Jobs começou o negócio junto com amigo no fundo de uma garagem.
Naquela época, computadores eram algo na ponta das novidades. Ninguém sabia onde ia dar, mas o negócio da Apple era muito bom e os seus donos também eram qualificados.
Começaram fazendo computadores de baixa tecnologia, porém, com o passar do tempo e sucesso da empresa, era necessário fazer computadores melhores e aumentar a tecnologia.
Em um determinado momento, a Apple teve que buscar mais recursos para financiar seus projetos e esse foi o momento de abrir o capital da empresa.
Além de angariar recursos, a empresa também ficará mais profissional, terá uma gestão mais responsável e qualificada.
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Como funciona o IPO
Apesar de ser um momento grandioso, o processo de IPO não é trivial, é demorado e envolve diversos custos.
O processo começa com o pedido de registro à CVM (comissão de valores mobiliários).
Simultaneamente, para que a empresa possa ter suas ações e outros valores mobiliários negociados, deve solicitar sua listagem na B3, que é a principal bolsa brasileira.
O processo é bem complexo e para quem quiser se aprofundar mais, a própria B3 descreve um roteiro a seguir para um IPO.
As empresas costumam contratar um banco de investimentos que a auxiliará em todo o processo de IPO.
Para ter o pedido aprovado, a empresa tem de ter todas demonstrações financeiras (receitas, despesas, lucros, geração de caixa) atualizadas e padronizadas conforme as regras.
As demonstrações financeiras têm de ser auditadas por uma empresa terceira, ou seja, um auditor independente que vai reconhecer a veracidade das informações.
Recebida a autorização para realização do IPO, é hora de “vender” a ideia para os investidores de que investir na empresa é um bom negócio. Essa é a fase do road show.
Nessa fase do road show, é elaborado um documento contendo os planos da empresa, sua solidez financeira, em que mercado atua e quem são os administradores. Enfim, é hora de falar todos os pontos positivos que a empresa tem.
Agora que a empresa já fez o road show e tornou pública a intenção de abrir seu capital, quem se interessar já terá mais informações sobre ela.
Assim, se decidirem comprar ações daquela companhia precisarão fazer uma “reserva”. É no período de reserva que os investidores avisam suas corretoras quantas ações desejam comprar.
Então chega a hora de lançar as ações na bolsa. Mas a que preço?
Aqui o coordenador do IPO, geralmente o banco de investimentos escolhido, desempenha relevante papel: É ele que verifica junto com potenciais investidores (aqueles que manifestaram intenção no período de reserva) qual a demanda pela ação.
Quanto mais demandada, maior será o processo. Este processo é chamado de bookbuilding.
O coordenador, então, determina uma faixa de preços a lançar as ações e aí o mercado vai definir a qual preço exato, assim como ocorre em um leilão.
Após isso, chega o dia de fato quando as negociações acontecem. A empresa enfim lançou suas ações no mercado.
O processo como um todo desde o dia que a empresa decide pelo IPO até o lançamento em bolsa, demora em média um ano e custa, por volta de R$ 2 milhões.
Ou seja, a empresa realmente precisa estar em bom momento e ter certeza da decisão.
Mas será que vale a pena investir em um IPO?
Vale a pena investir em IPO?
Como você deve ter percebido, o IPO é um evento grande e momento de mudanças na empresa.
Mas para o investidor, que vai colocar seu dinheiro na nova empresa, por que isso importa e como aproveitar esse momento?
Lembra que falei do período de reserva lá em cima?
Pois bem, os investidores podem comprar ações no período de reserva e as vender logo no primeiro dia de negociação do IPO. Essa estratégia é conhecida no mercado como flipagem.
Fazer isso não da certeza de ganho, mas em muitos casos verifica-se forte valorização da ação no período de estreia na bolsa.
Isso tem razões, muitas vezes psicológicas, além dos esforços do coordenador da oferta para elevar os preços.
Para ficar mais claro, separei um case interessante de IPO.
Em 2017, a companhia de diagnosticos médicos, Hermes Pardini, fez um IPO que levantou cerca de R$ 878 milhões. Segundo o prospecto, os recursos levantados com a oferta pública seriam destinados a financiar a “expansão do negócio”.
Segundo informações do Estadão, a demanda superou em três vezes a oferta e com isso os papeis se valorizaram 8,95% de largada.
É aí que moram os ganhos da flipagem. Caso o investidor tivesse comprado no período de reserva e vendido no IPO, já colocaria esse retorno no bolso no curtíssimo prazo.
Parece um ótimo negócio mas o IPO é um momento de incertezas e inspira cuidados.
Cuidados a tomar como investidor
Se vale a pena ou não, é uma pergunta bastante difícil de responder pois vai variar de caso para caso. Mas o que nós do Mais Retorno sempre fazemos, é alertar sobre os riscos.
Primeiramente digo que conhecer ao máximo a empresa e seus planos é sempre o melhor a se fazer.
A empresa até o momento do IPO não é muito conhecida, logo a previsão sobre se o preço do bookbuilding é de fato muito difícil de ser feita.
Existem situações que já ocorreram para os dois lados: tanto de o preço das ações dispararem, quanto despencarem após o IPO.
O ideal é sempre verificar se a empresa apresentará bons resultados no longo prazo e não ficar restrito apenas ao momento do IPO.
Além dessa incerteza de preços, a regulamentação impõe uma série de regras a serem seguidas.
Existe um período do silêncio em que distribuidores (como bancos, corretoras e agentes autônomos) e analistas não podem fazer nenhum comentário sobre como será o IPO.
Apenas o material oficial, com prévia autorização da CVM é permitido.
Os gestores e administradores da empresa que estiver abrindo capital também não podem divulgar absolutamente nada.
Já tivemos grandes casos de suspensão do IPO por descumprimento dessas regras. No ano passado, a Azul, terceira maior companhia aérea do Brasil, teve o IPO suspenso por 30 dias por conta de um simples e-mail interno que constava números e informações sigilosas do IPO.
Isso implica que o investidor por si só deve fazer a análise da empresa, o que na maioria dos casos não é o ideal.
Afinal, os investidores individuais (pessoas físicas) geralmente não possuem o know-how, informações e tempo para fazer uma análise detalhada da empresa.
Por isso, esse é mais um fator muito relevante de cautela que você deve levar em consideração antes de participar de um IPO.
Conclusão
O IPO é um momento grandioso para a empresa e para economia como um todo. Economias em crescimento apresentam grande número de IPOs. Afinal, muitas empresas irão ter bom desempenho com uma economia sólida e irão buscar mais recursos.
O processo é longo e trabalhoso mas extremamente necessário para o desempenho de longo prazo da empresa. Trata-se de uma decisão importante e que a empresa, ao tomá-la, deve apresentar sólidos resultados.
O processo é sensível e envolve riscos para quem vai investir. É sempre desejável o máximo de informações sobre a empresa que for investir.
Oportunidades existem, mas os cuidados têm de ser observados.
E se ficou com alguma dúvida adicional ou quer contribuir mais com o assunto, comente abaixo!
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