O que aconteceu com o First Republic Bank?
O JPMorgan Chase venceu leilão e assumirá todos os ativos do First Republic Bank, que foi alvo de intervenção de reguladores no fim de semana
A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), equivalente nos Estados Unidos ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no Brasil, aceitou a oferta do banco norte-americano JPMorgan Chase para comprar o First Republic Bank, que foi fechado nesta segunda-feira, 1º de maio, pelo Departamento de Proteção Financeira e Inovação da Califórnia.
Segundo a FDIC, o órgão está firmando um contrato de compra com o JPMorgan Chase Bank para assumir todos os depósitos e substancialmente todos os ativos do First Republic.
Além disso, nesta terça, a bolsa de Nova York (NYSE) iniciou os procedimentos para cancelar a listagem do banco. Com os ativos vendidos para o JPMorgan Chase, as negociações dos papéis do banco foram imediatamente cessadas.
O que aconteceu?
O banco regional sofreu o impacto da crise bancária de março, que levou à intervenção do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, e passou por fuga de depósitos assim como os outros dois. Contudo, após ser beneficiado por medidas de liquidez do Federal Reserve, o banco seguiu suas operações
No último dia 25, as ações do First Republic Bank sofreram uma queda de mais de 40%, após a divulgação de seus resultados. O anúncio foi adiado por uma semana.
“Embora o resultado operacional tenha vindo acima das expectativas dos analistas em termos de lucro, receita, total de empréstimos e inadimplência, a corrida bancária durante o mês de março foi pior do que o imaginado”, explicam Jennie Li, estrategista de ações, e Paulo Gitz, estrategista internacional do Research da XP, em relatório.
O total de depósitos fechou o trimestre em U$$ 104,5 bi, incluindo os US$ 30 bi recebido dos grandes bancos. Isso representa uma queda de US$ 76 bi no comparativo com o final de 2022 e bem abaixo dos US$ 136,6 bi esperados pelo mercado.
Com a queda da última semana, as ações do banco caíram mais de 97% desde o início do ano. E, no final de semana, foi confirmada a falência do First Republic Bank, prontamente assumido por reguladores.
O JPMorgan Chase superou ofertas de pelo menos três credores menores para comprar o First Republic Bank, de acordo com fontes ouvidas pelo The Wall Street Journal.
O banco - o maior dos Estados Unidos - seria o único com apetite para comprar todo o First Republic a um preço competitivo, incluindo as hipotecas que os outros interessados não queriam, elas disseram.
Próximos passos
Como parte da transação, os 84 escritórios do First Republic Bank em oito Estados serão reabertos como agências do JPMorgan Chase Bank.
Todos os depositantes do First Republic Bank se tornarão depositantes do JPMorgan Chase Bank e terão acesso total a todos os seus depósitos.
Essa seria uma prioridade para a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, na sigla em inglês), porque eliminaria a incerteza sobre qualquer ativo que pudessem ficar para trás.
Em 13 de abril, o First Republic Bank tinha aproximadamente US$ 229,1 bilhões em ativos totais e US$ 103,9 bilhões em depósitos totais.
"A FDIC estima que o custo para o Fundo de Seguro de Depósito será de cerca de US$ 13 bilhões. Esta é uma estimativa e o custo final será determinado quando o FDIC encerrar a administração judicial", indicou o órgão regulador norte-americano.
A recente turbulência bancária está prestes a ajudar os maiores bancos a crescer ainda mais, reforçando seu domínio já pronunciado.
As autoridades têm procurado impor novos limites às fusões bancárias para impedir que os grandes bancos fiquem ainda maiores, mas deixaram essas preocupações de lado com a venda da First Republic, de acordo com informações do Dow Jones Newswires.
Reforma nas regras
No dia em que fechou o First Republic Bank, a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) dos Estados Unidos divulgou, nesta segunda-feira, um conjunto de propostas de reformas das regras sobre seguros que protegem depósitos em bancos no país.
A agência avalia como melhor opção a ideia de ampliar o limite de proteção de depósitos especificamente para empresas. Entre alternativas, a FDIC propõe ainda a possibilidade de remover o teto para a garantia aos valores depositados nas instituições financeiras, atualmente em US$ 250 mil. Outra possibilidade seria a manutenção das normas atuais, possivelmente ampliando o limite.
A FDIC, no entanto, pondera que qualquer reforma dependeria da aprovação do Congresso americano. "As recentes quebras do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, e a decisão de aprovar exceções de risco sistêmico para proteger os depositantes não segurados nessas instituições, levantaram questões fundamentais sobre o papel do seguro de depósito no sistema bancário dos Estados Unidos", afirma o presidente da FDIC, Martin Gruenberg./ Com Agência Estado