‘O quanto você deveria se preocupar com os superpoderes de Elon Musk?’, pergunta a The Economist
Economist levanta questionamentos sobre a responsabilidade de Musk diante de tanto poder tecnológico
O dono da Tesla, fabricante de carros mais valiosa do mundo, e dono também da SpaceX, o segundo unicórnio mais valioso do mundo, Elon Musk, é definido pela revista The Economist como material da lenda dos negócios.
De acordo com a revista, com o talento para a tecnologia e um ar de adolescência estendida, Musk tem muita relação com personagens de histórias em quadrinho, fazendo uma alusão a Tony Stark, nos filmes Homem de Ferro e Vingadores. A Economist diz que Musk não se parece com o personagem apenas por ser um egoísta super rico, frequentemente irritante pelo complexo de salvador, mas por ter um grande poder tecnológico em suas mãos, podendo mudar o curso da história do mundo.
A Economist diz que Tony Stark queria vestir todos com uma armardura de inteligência artificial, enquanto Musk quer ajudar a estabilizar o clima, focando em carros elétricos, e estabelecer um posto avançado de civilização em Marte, por isso os foguetes. No dia último dia 5 de outubro, a SpaceX enviou quatro astronautas para a Estação Espacial Internacional. Para financiar a viagem a Marte, o SpaceX lançou o Starlink, uma constelação de satélites que fornece o acesso à Internet a regiões isoladas. Outro movimento recente do bilionário, citado pela Economist, foi o anúncio da compra do Twitter, após desistir e voltar ao interesse da rede.
Influência e poder de Elon Musk
Elon Musk retrata a compra do Twitter como um movimento de civilização. O intuito dele é preservar e defender a liberdade de expressão na plataforma de mídia social. Dado o desejo de Musk de mudar o futuro, a revista diz que não é uma surpresa ele estar usando seus superpoderes para intervir já no presente.
Após a invasão da Rússia na Ucrânia, o SpaceX enviou o terminal Starlink e ligou a cobertura do satélite, o que ajudou as cidades a restaurarem serviços vitais e fez com que as forças conseguissem prevalecer no campo de batalha. Mas nesta semana, Musk foi ao Twitter sugerir um "plano de paz" que daria a Crimeia à Rússia e possivelmente outros territórios ocupados também.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, perguntou a seus próprios seguidores se preferiam um Musk pró-Ucrânia ou um pró-Rússia. Essa sequência escancara a influência do Twitter na formação de percepções globais da guerra e da geopolítica ao redor do mundo.
A Economist destaca o fato de que, em uma única semana, Elon Musk conseguiu entrar em uma discussão no Twitter com o presidente da Ucrânia, em uma plataforma que ele acabou de concordar em comprar, ao mesmo tempo que envia pessoas para Marte, o que demonstra o quanto os seus poderes tecnológicos lhe concederam poder geopolítico. A matéria ainda questiona se isso é motivo de admiração ou preocupação.
Fatores que preocupam
De acordo com a Economist, as reflexões políticas de Musk não são tão importantes em si. Mas o Twitter é uma plataforma de potência mundial e suas decisões sobre a rede serão muito importantes. Assim como as decisões com a Starlink, em que ele pode estender acesso à Internet em qualquer lugar na Terra, assim como pode decidir quem irá usar e a qualquer momento desfazer esse serviço.
O ponto levantado pela matéria é: os três negócios de Elon Musk, não configuram um monopólio, nem um caso comercial de acumulação, mas todos os três (SpaceX, Starlink e Twitter) têm importância global, e assim será por algum tempo.
Tony Stark, no filme, tentou colocar armaduras em volta da Terra, o que quase o levou à destruição, sendo castigado e aceitando a supervisão da Organização das Nações Unidas (ONU). Elon Musk parece não seguir o exemplo. De acordo com a Economist, os fãs dos quadrinhos devem esperar, ao invés disso, que ele leve a sério a sabedoria transmitida a Peter Parker, conhecido como Homem Aranha "Com grande poder, vem uma grande responsabilidade". A revista também cita Robert Caro, que observou que o poder nem sempre é corrupto, mas sempre revela. A conclusão da revista, é que o que o poder de Elon Musk revela, será submetido a uma inspeção cuidadosa.