Mercado Financeiro

No ranking dos investimentos em abril, dólar lidera e bitcoin fica na lanterna; confira

Perpectiva de alta dos juros nos EUA afeta as aplicações de risco

Data de publicação:02/05/2022 às 12:30 - Atualizado 3 anos atrás
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No ranking mensal dos investimentos, o dólar ficou na liderança, com alta de 3,85%, e o bitcoin na lanterna com queda de 14,48%.

Em meio a um cenário de renovado pessimismo, a Bolsa de Valores de São Paulo não saiu bem na foto e encerrou abril com uma desvalorização de 10,10%. Foi a pior queda mensal desde março de 2020, quando a covid-19 chegou ao País.

Dólar liderou o ranking dos investimentos em abril - Foto: Envato

O baque da B3 interrompeu uma trajetória de quatro meses seguidos (iniciados em dezembro) de valorização consecutiva do Ibovespa. No ano, contudo, o resultado continua positivo, embora modesto, de 2,91%.

Confira na tabela quanto renderam as aplicações em abril, incluindo o dólar, com dados calculados pelo administrador de investimentos Fabio Colombo. Os dados sobre o bitcoin são do Investing.com.

InvestimentosVariação abrilVariação 2022
Dólar3,85%-11,34%
Ouro2,40%- 9,39%
IGP-M1,41% 6,98%
Títulos Indexados ao IPCAde 1,28% a 1,38% (*) 6,08%
Fundos Imobiliários1,19% 0,29%
IPCA0,94% (**) 4,17%
Fundos de Renda Fixade 0,76% a 0,86% (***) 3,43%
Fundos DIde 0,76% a 0,86% (***) 3,44%
CDBde 0,73% a 0,83% (***) 3,25%
Poupança0,56% (****) 2,23%
Euro- 1,00% -17,44%
Bolsa-10,10% 2,91%
Bitcoin-14,48% -18,53%
Fonte: Fabio Colombo

(*) Com IPCA projetado em 0,94%

(**) Estimativa

(***) Média de mercado

(****) Rendimento líquido

Inflação, juros e trajetória da Bolsa e dólar

O dólar, que vinha de seguidas baixas, reagiu em abril, com valorização de 3,85%. Alta que não foi suficiente para neutralizar a perda acumulada de 11,34% no ano.

A Bolsa de Valores atravessou um mês que teve como cenário a atuação combinada de fatores adversos, tanto locais, como internacionais. Especialistas apontam pelo menos três como principais.

A inflação em persistente alta fortalece a perspectiva de uma política monetária mais dura, com taxas de juros mais elevadas, que a prevista, sem que, por enquanto, a inflação dê sinais de trégua. Todos os últimos indicadores domésticos apontam que os preços permanecem em alta.

A elevação dos juros vem permitindo à renda fixa rendimentos mais encorpados, ainda que nem sempre suficientes para cobrir a inflação.

A aceleração inflacionária não é um fenômeno restrito à economia brasileira. É uma preocupação global e põe pressão sobre os bancos centrais para uma política de aperto monetário.

A continuidade da guerra na Ucrânia acirra a espiral de alta de preços, puxada principalmente pelas commodities.

Os efeitos da alta da commodities

O movimento de alta das commodities, que beneficiou companhias exportadoras de minério de ferro e petróleo no primeiro trimestre, como Vale e Petrobrás, não foi uniforme em abril.

Incertezas com a economia chinesa, às voltas com o fantasma da covid-19, impactaram companhias mineradoras e siderúrgicas.

Inflação em alta é um fenômeno que incomoda sobretudo os Estados Unidos e joga luz sobre um ajuste mais duro nos juros americanos - um tema que interessa aos mercados globais.

Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, banco central americano) tem insistido cada vez mais agressivamente nessa direção.

O Fed define na reunião da próxima quarta-feira, 4 de maio, a nova alta dos juros. Em vez de uma elevação de 0,25, como se estimava anteriormente, analistas dão como favas contadas um ajuste de 0,50 ponto.

Uma perspectiva que deixa investidores e analistas em prontidão, pelo possível impacto sobre a maior economia do mundo e, por tabela, para a dos demais países.

Sem falar dos desdobramentos nos fluxos financeiros, à medida que juros mais altos tendem a atrair mais capitais aos EUA, com efeitos negativos sobre as bolsas de valores, principalmente.

A participação de capital estrangeiro na compra de ações, que vinha dando suporte à B3 até março, perdeu força em abril.

De compradores, os investidores passaram a vendedores, uma mudança que refletiria, segundo analistas, uma posição de maior aversão ao risco.

China e Fed

A volta do fantasma da covid-19 na China, seguida de adoção de políticas de bloqueio de isolamento de algumas cidades chinesas, retoma, para especialistas, as preocupações com os impactos da pandemia sobre a economia global.

E pode continuar impactando principalmente as ações de Vale, que tem na China o principal mercado para a venda de minério, além de outras siderúrgicas.

Ademais, para os analistas, a perspectiva para os mercados em maio continua dependendo dos fatores que deram o tom em abril: da evolução da covid-19 na China, dos desdobramentos da guerra na Europa, da resposta dos bancos centrais ao avanço da inflação.

O fator mais determinante, para especialistas, é a posição do Fed sobre os juros. Não apenas a decisão da próxima quarta-feira, 4, mas as indicações sobre os próximos passos da política monetária nos EUA.

Essa perspectiva de elevação dos juros americanos vem afetando também o comportamento do bitcoin que caiu quase US$ 9 mil no mês e atingiu a menor cotação do ano, em torno de US$ 37.900,00.

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Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.