Na semana, Bolsa sobe 1,61% e recupera os 114 mil pontos; dólar recua 0,89% e fecha a R$ 5,46
No pregão desta sexta-feira, 15, a Bolsa de Valores subiu 1,29%, com Vale, bancos e empresas do setor doméstico, enquanto o dólar caiu 0,98%
Em uma semana mais curta para o mercado financeiro brasileiro, por conta do feriado da última terça-feira, a Bolsa subiu 1,61% em relação ao fechamento da semana anterior, recuperando o patamar dos 114 mil pontos.
Apesar da cautela com o cenários econômico e fiscal brasileiro e a aversão ao risco do mercado com as perspectivas de desaceleração do crescimento da economia global, os investidores aproveitaram as barganhas da B3 - ações que estão sendo negociadas a múltiplos atrativos -, impulsionando o desempenho do Ibovespa.
Nesta sexta-feira, 15, a Bolsa fechou em alta de 1,29%, aos 114.647,99 pontos, acompanhando o exterior e puxada, principalmente, pelo avanço das ações da Vale e dos bancos. Diversos papéis de empresas locais também tiveram altas expressivas no pregão, o que ajudou a sustentar o índice.
De acordo com Rafael Riberio, analista da Clear Corretora, o patamar dos 114 mil pontos, que o Ibovespa não rompia desde 23 de setembro, é um importante ponto de resistência, que será decisiva no curtíssimo prazo. Com o rompimento, a tendência de baixa perde força e "o mercado finalmente pode realizar um repique após a forte queda, tendo como alvo inicial a faixa de 118 mil pontos", explica.
O dia positivo para o mercado acionário brasileiro, com a entrada de investidores estrangeiros em busca das barganhas, também refletiu no dólar, que viveu o quarto pregão consecutivo de queda ante o real. Nesta sexta-feira, a moeda americana caiu 0,98% e fechou o dia cotada a R$ 5,459. Em relação ao fechamento da semana anterior, o dólar acumulou uma queda de 0,89%.
Mercado acionário brasileiro
Embora o último pregão tenha sido de desvalorização para os contratos de minério de ferro na China, refletindo as medidas adotadas pelo país asiático para reduzir a produção de aço, as ações da Vale tiveram um desempenho positivo no pregão. A mineradora, que corresponde a cerca de 14% da carteira teórica da B3, subiu 1,87%.
Na mesma esteira, as siderúrgicas também reportaram avanço em seus papéis. CSN, Usiminas e Gerdau fecharam em alta de 1,88%, 1,78% e 0,036%, respectivamente.
O que pode ter contribuído para as empresas ligadas ao minério de ferro fecharem no azul é o próprio noticiário chinês. Ribeiro destaca que, após dias em silêncio, o Banco Central da China comentou sobre a crise financeira da Evergrande, gigante do setor imobiliário. A entidade afirmou que os riscos decorrentes da empresa para todo o sistema financeiro são "controláveis" e improváveis de se espalharem.
A China é o principal demandante de minério de ferro no mundo e o setor imobiliário do país representa boa parte dessa demanda. Com perspectivas mais otimistas no radar, as empresas exportadoras da commodity tendem a se beneficiar aqui no Brasil.
Ainda no campo positivo, os bancões, que são a principal porta de entrada dos estrangeiros no mercado acionário brasileiro pela liquidez de seus papéis, também fecharam no azul. Itaú, Bradesco e Santander reportaram alta acentuada de 2,57%, 5,24% e 3,99%, na sequência.
Para o analista da Clear, "vale destacar também o bom ritmo de entrada dos investidores estrangeiros na Bolsa brasileira em busca de barganhas", o que beneficia empresas do setor doméstico, que estão sendo negociadas a valores bastante atrativos.
Neste pregão, os papéis da Americanas, Lojas Americanas, Magazine Luiza e Via subiram 9,18%, 6,41%, 2,75% e 1,75%. Outras empresas domésticas também apresentaram altas acentuadas: Lojas Renner (3,32%), Cielo (5,65%) e Lojas Marisa (3,04%).
O grande destaque do dia, no entanto, ficou por conta do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Após anunciar a venda de 71 unidades da bandeira de hipermercados Extra para o Assaí, por um valor de R$ 5,2 bilhões, os papéis do GPA dispararam na Bolsa e fecharam com valorização de 11,85%.
Já as ações do Assaí, que terá de desembolsar R$ 4 bilhões no negócio, valor considerado caro por alguns operadores do mercado, caíram 1,62% no pregão.
Bolsas de Nova York
No cenário externo, o início forte da temporada de divulgação dos balanços corporativos nos Estados Unidos deu o tom otimista aos mercados. Nos dois últimos dias, os resultados robustos e acima das expectativas vindos, sobretudo, das gigantes do setor financeiro animou os investidores, já que estes balanços são um importante termômetro para medir o avanço da economia americana.
Neste contexto, os índices S&P 500, Dow Jones e Nasdaq 100 viveram mais um dia de altas expressivas, com variação positiva de 0,73%, 1,09% e 0,63%, respectivamente.
Na agenda econômica dos EUA, a sexta-feira contou com a divulgação dos dados de vendas do varejo, que subiram 0,7% em setembro ante agosto, somando US$ 625,4 bilhões, segundo dados sazonais informados durante a manhã pelo Departamento do Comércio. O resultado surpreendeu analistas, que previam uma queda de 0,2%.
O índice de atividade industrial americano Empire State, que mede as condições da manufatura no Estado de Nova York, caiu de 34,4% em setembro para 19,8 em outubro, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira pela distrital de Nova York do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Analistas previam baixa do indicador a 26,5%.
Embora o destaque dos últimos dias esteja com os balanços corporativos, também esteve no radar dos investidores ao longo do dia novos pronunciamentos de representantes distritais do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a respeito da inflação e política monetária.
Na véspera, o chefe da distrital de Atlanta do BC, Raphael Bostic, disse que é inadequado definir o nível de inflação atual como "breve". Outro a expressar preocupação com a trajetória dos preços nos EUA foi o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, que disse não ter certeza de que o núcleo da inflação - que exclui setores voláteis como alimentos e energia - vai moderar nos próximos seis meses.
Já a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, afirmou que a entidade está em posição para reduzir o volume de suas compras de bônus, mas não para elevar a taxa de juros.
O líder da distrital de Richmond, Thomas Barkin, reforçou o compromisso de começar o tapering – retirada de estímulos da economia - em breve, algo já dado como certo pelo mercado, especialmente após a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) na quarta-feira, 14.