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Economia

Momentum: como ganhar com ações vencedoras em sua carteira

Você está montando sua carteira de investimento e vê aquela empresa famosa, que acumulou grandes retornos nos últimos meses e até anos. Você olha a valorização…

Data de publicação:09/06/2020 às 08:40 -
Atualizado 4 anos atrás
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Você está montando sua carteira de investimento e vê aquela empresa famosa, que acumulou grandes retornos nos últimos meses e até anos. Você olha a valorização da ação e se pergunta: “acho que perdi o bonde, agora deve estar muito caro.”

Isso somente olhando o preço da ação, nem sequer olhou seus múltiplos fundamentalistas. Será que essas ações vencedoras valem a pena?

Pois é, a maior parte dos históricos mundo afora dizem que sim, por mais contraintuitivo que possa parecer.

Na verdade, essa deve ser uma das estratégias mais famosas e mais registradas nos mercados, embora pouco se fale por aqui.

Apostar em empresas com um histórico recente de valorização tem um nome: Momentum.

O que é o Momentum

O momentum é um fenômeno que reflete um certo padrão, ou uma “memória” no comportamento dos preços das ações e que pode, inclusive, ser útil para sinalizar a direção futura do ativo.

Quanto maior o rendimento da ação no passado recente, dizemos que o maior é o seu momentum.

Uma das estratégias mais clássicas é justamente atuar comprado (long) em empresas com forte momentum recente e ficar vendido (short) naquelas que não apresentam bons números nesse aspecto.

O resultado dessa carteira é um fator bastante famoso por quem utiliza factor investing conhecido como WML, ou Winners minus Losers. Parece simples, não?

Investindo em Momentum

Essa estratégia é tão conhecida que o avançado e maduro mercado americano obviamente já empacotou ela em alguns índices, que inclusive viraram fundos ETFs depois.

Claro, aqui no Brasil ainda estamos distantes de ativos desse tipo, num mercado ainda bastante embrionário e ilíquido para novas ideias, mas tão logo o nosso mercado se desenvolver, novos produtos podem chegar à prateleira.

Bom, é importante lembrar que nada te impede em fazer investimentos nesse tipo de produto no exterior. Talvez um dos mais famosos deles é o chamado MSCI USA Momentum Index desenvolvido pela MSCI.

A MSCI, ou Morgan Stanley Capital International, é uma das maiores casas de investimentos do mundo, disponibilizando os principais índices de mercado global e que são utilizados em diversos instrumentos para a diversificação de carteira pelos maiores investidores e fundos ao redor do mundo.

Conforme a própria metodologia da MSCI, as empresas de alto momentum são caracterizadas como empresas com elevado rendimento nos últimos 6 e 12 meses, tendendo a continuar com seu alto desempenho de preços no curto prazo, normalmente também em um período de 6 a 12 meses.

Os retornos são bons?

Muitas estratégias de patrimônio ativo enfatizam o fator Momentum como um fator importante na seleção de segurança e na construção do portfólio.

Vamos comparar então a performance de dos ativos: o S&P 500 e a ETF que replica o MSCI USA Momentum Index conhecida como MTUM, ou iShares Edge MSCI USA Momentum Factor ETF e que foi disponibilizada no mercado pela Black Rock.

As empresas Mid e Large Cap com forte momentum mostraram performance bem acima do mercado desde 2013. Parece ter sido uma estratégia vencedora, principalmente após 2016.

Não é por acaso, as empresas vencedoras nos últimos anos no mercado americano são bem conhecidas.

Apenas para ressaltar sua composição, essa ETF é bem concentrada em empresas de tecnologia. Dentre as top 10 da carteira, que chegam a mais de 40% do total, a maior parte é desse setor.

Quem tivesse apostado em empresas de momentum no início de 2020 teria se saído muito bem, não? Depois de passado a crise parece fácil falar, mas reitero que essa não é uma estratégia nova.

E no Brasil, é possível “se aproveitar” dos vencedores?

Legal, você chegou até aqui e já entendeu que até seria possível se beneficiar dessa estratégia no caso das ações americanas, principalmente das empresas de tecnologia.

Mas e se você não quiser essa exposição externa, portanto, tem interesse de focar apenas no Brasil?

Nesse caso, vamos testar como uma estratégia utilizando o momentum teria saído no último bull market iniciado desde o fim da nossa crise, em 2017.

A ideia aqui é justamente fazer um backtest daquela estratégia sugerida inicialmente, o WML, ou seja, comprado em empresas com alto momentum e vendido naquelas com baixo.

A carteira foi construída desde 2017, utilizando os dados do NEFIN-USP da seguinte forma: a cada mês são selecionadas as ações que tem um volume mínimo de negociação diária de R$ 500 mil e ranqueadas de acordo com o seu rendimento nos últimos 12 meses.

As chamadas vencedoras são aquelas do terço com maior retorno e as perdedoras são a do terço final, com menor rendimento acumulado no período.

Estratégia aparentemente simples não? Pois é, se aproveitar do momentum sempre foi um clássico e agora vamos para a prova de fogo aqui.

Abaixo temos a evolução dessa carteira, com rebalanceamento mensal com base no retorno passado dos seus ativos.

A primeira mensagem é que ela é menos volátil que o mercado, representado pelo Ibovespa. Uma das consequências disso é justamente uma performance menor no fabuloso ano de 2019.

Provavelmente quem tivesse seguido essa estratégia teria se sentido triste vendo boa parte do mercado alçando voos maiores.

Bom, aí veio 2020 e a história muda drasticamente. A volatilidade pega em cheio o mercado, mas não a carteira de ações com estratégia WML. Em qual grupo você gostaria de estar?

Tudo isso utilizando apenas informação de rendimento passado. Até indigesto, não? Pois é, mas é importante ressaltar que alguns fundos quants se utilizam bastante dela.

Conclusão

É cada vez mais importante o investidor saber das estratégias utilizadas e análises feitas na hora de montar sua carteira, especialmente a parte de renda variável.

No Brasil ainda estamos engatinhando em várias frentes, principalmente no que tange à ativos e produtos financeiros que repliquem estratégias como a apresentada: o Momentum.

Bastante conhecida e utilizada nos Estados Unidos, seria inclusive possível elaborar sua própria estratégia aqui no Brasil, somada também as análises mais fundamentalistas na hora de fazer a seleção das empresas para sua carteira.

O mais importante é você ter um critério bem fundamentado para sua decisão e principalmente que sua estratégia tenha conseguido ter sucesso no passado também.

Nesse sentido, talvez seja interessante você dar uma atenção especial nas empresas “vencedoras”.

Sobre o autor
Arthur Lula Mota
Economista, já atuou no mercado financeiro e em departamento econômico, com elaboração de cenários macroeconômicos e estudos setoriais. Atualmente é Mestrando em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e dono de um dos maiores sites independentes de economia no Brasil – o Terraço Econômico.
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