Mercado Financeiro

Ata do Fed com sinalização dos juros nos EUA atrai a atenção do mercado nesta quarta-feira

Primeiro aumento dos juros é esperado entre 0,25 e 0,50 ponto porcentual em março

Data de publicação:16/02/2022 às 12:40 - Atualizado 3 anos atrás
Compartilhe:

A expectativa do mercado financeiro nesta quarta-feira, 16, está voltada para a publicação da ata da última reunião de política monetária americana, às 16h (horário de Brasília) em que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) manteve os juros perto de zero, mas passou importantes sinais em comunicado e declarações de autoridades monetárias após o encontro. Por lá, os futuros operam em leve queda e os mercados asiáticos encerraram o dia no azul.

Uma das indicações foi que o aumento dos juros terá início em março e, dada à persistente pressão inflacionária, seria seguido por vários outros reajustes ao longo do ano. O primeiro aumento foi estimado pelos analistas inicialmente em 0,25 ponto porcentual, mas os dados mais recentes de inflação pressionada geraram especulações, entre alguns especialistas e economistas de mercado, de uma possível alta maior, de 0,50 ponto porcentual, já na primeira rodada, em março.

Inflação em ritmo acelerado nos EUA pode levar a aumento mais reforçado dos juros - Foto: Reprodução

É com essas ideias na cabeça e nas contas que investidores e gestores do mercado financeiro esperam que a ata que o Fed publica hoje dê novas pistas ou indicações mais claras do rumo da política monetária americana. Principalmente o número de vezes que a autoridade monetária poderia elevar os juros neste ano.

Conflito geopolítico entre Rússia e Ucrânia: retirada das tropas russas

O mercado financeiro recebeu bem a notícia de retirada de tropas russas da fronteira com a Ucrânia, uma decisão que baixou a tensão geopolítica provocada pela crise no Leste europeu e acalmou relativamente os mercados, mas não baixou de todo a guarda. Alguns analistas entendem que o recuo do governo russo seria uma manobra tática, sem que as tropas estacionadas na fronteira entre os dois países deixem a região.

A expectativa é que os mercados continuem adotando uma posição de cautela em relação à crise entre Rússia e Ucrânia, até que ocorra uma retirada efetiva do contingente militar da região, indicando que uma invasão deixou de fazer parte dos planos do governo russo.

Dessa decisão, segundo analistas, dependeria a normalização do abastecimento de gás natural e petróleo aos países da Europa, os principais consumidores desses insumos, que chegam à região pelo gasoduto que passa pelo território da Ucrânia.

PEC dos Combustíveis perde força

No cenário doméstico, a informação de que o movimento no Congresso pela aprovação da PEC dos Combustíveis, que prevê a redução de impostos para baixar os preços de combustíveis, perdeu força ou poderia ser deixada de lado, também trouxe certo alívio aos negócios na B3.

Não significa que as preocupações com a questão fiscal saíram do radar dos investidores, sempre ressabiados com os gastos populistas, propostos pelo governo e congressistas, em ano eleitoral.

Exterior

Wall Street: avanço da inflação

Enquanto a crise na Ucrânia segue em andamento, o Departamento do Trabalho americano informou que os preços ao produtor americano atingiram uma máxima em oito meses em janeiro, um lembrete de que a alta inflação pode persistir durante grande parte deste ano.

De acordo com Filipe Teixeira, sócio da Wisir Research, o Fed está ciente de que a inflação segue avançando, mas sabe que o aumento dos preços dos imóveis e das taxas de hipotecas prejudicará o bolso de muitos americanos e está prevista uma desaceleração da atividade econômica, o que deve ajudar a inflação a desacelerar, "ajudada, é claro, pelo aumento dos juros e o fim - ou uma diminuição drástica - da recompra de títulos da dívida pela autoridade monetária".

Segundo ele, a ata do Fomc promete vir mais dura no que tange ao combate à inflação, ao sinalizar o ritmo do aperto monetário nos Estados Unidos.

Futuros/bolsas americanas

  • S&P 500:-0,18%
  • Dow Jones: -0,12%
  • Nasdaq 100: -0,17% (dados atualizados às 7h50)

Bolsas europeias operam próximo da estabilidade

Seguindo o ritmo dos futuros americanos, as bolsas europeias operam próximo da estabilidade, com a redução das tensões entre Rússia e Ucrânia, além de novos dados econômicos que reforçam o avanço da inflação.

Segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas (ONS), o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do Reino Unidos subiu 5,5% em janeiro ante o mês anterior. O resultado - o mais alto desde 1992 - superou a expectativa dos analistas, que previam ganho de 5,4% e afastou ainda mais a inflação britânica da meta do Banco da Inglaterra (BoE), de 2%.

O núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, recuou 0,4% em janeiro ante o mês anterior, mas registrou acréscimo anual de 4,4%.

Bolsas europeias/principais praças financeiras

  • Stoxx 600 (Europa): +0,04%
  • FTSE 100 (Londres): -0,22%
  • DAX (Frankfurt): +0,04%
  • CAC 40 (Paris): +0,06% (dados atualizados às 7h55)

Mercados asiáticos fecham em alta

As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta quarta-feira, após alívio nas tensões entre a Ucrânia e Rússia e os dados oficiais da economia chinesa apontarem que a inflação do país está desacelerando. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Fechamento/bolsas asiáticas

  • Nikkei (Tóquio): +2,22% (27.460 pontos)
  • Hang Seng (Hong Kong): + 1,49% (24.718 pontos)
  • Kospi (Seul): +1,99% (2.729 pontos)
  • Taiex (Taiwan): +1,56% (18.231 pontos)
  • Xangai Composto (China continental): +0,57% (3.465 pontos)
  • Shenzhen Composto (China continental): +0,59% (2.296 pontos)
  • S&P/ASX 200 (Sydney): +1,08% (7.284 pontos)
Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.